A revista Ciência Hoje deste mês traz a matéria de capa "Darwin e a evolução - Uma teoria que mudou o mundo". O editorial apresenta, em minha opinião, uma das melhores definições do que é darwinismo: "Há 150 anos, era publicado um livro que mudaria radicalmente nossa concepção da natureza. A Origem das Espécies, do naturalista inglês Charles Darwin, propunha uma teoria avassaladora: a de que existiria um parentesco evolutivo entre todos os seres vivos, mostrando que os humanos e os macacos descendem de um ancestral comum.
"Dessa forma, Darwin rompia com o dogmatismo religioso que concebe a nossa espécie como fruto da criação divina. Com sua teoria, ele atribuía um novo significado para o ser humano: o produto de um processo natural responsável por toda a diversidade biológica existente.
"Mais e de um século e meio depois, a obra de Darwin se mantém atual e poderosa: ela sobreviveu a todos os testes a que foi submetida desde sua origem. Com a incorporação dos conhecimentos advindos da genética, ela atingiu sua maioridade e mostrou-se capaz de contestar as teorias criacionista e de desenho inteligente, limitando-as a alternativas que não estão à altura do evolucionismo por terem argumentos religiosos e não científicos."
Nota: Assim que tiver um tempinho, vou ler as matérias e comentar aqui. Mas alguns pontos se sobressaem logo de cara ao ler esse editorial ufanista: (1) a revista insiste na tese nunca empiricamente demonstrada de que TODOS os seres vivos descendem de um mesmo e desconhecido ancestral (macroevolução), extrapolando os dados observacionais que dizem respeito apenas à diversificação de baixo nível (microevolução); (2) tenta colocar Darwin como o herói que suplantou o "dogma" da Criação, como se essa doutrina bíblica basilar se tratasse de simples dogma religioso e não houvesse evidências de design inteligente na natureza; (3) afirma que o ser humano é "o produto de um processo natural responsável por toda a diversidade biológica existente", deixando claro que o evolucionismo teísta é darwinisticamente insustentável, uma vez que o darwinismo é puramente naturalista; assim, ou a pessoa é darwinista e exclui Deus de todo o processo, ou é criacionista e crê na criação sobrenatural dos primeiros tipos básicos de vida (afinal, vida só provém de vida - Pasteur) que, desde então, passaram por processos mais ou menos limitados de diversificação; (4) o texto afirma também que mais de um século e meio depois a obra de Darwin se mantém "atual e poderosa", ignorando completamente o crescente número de cientistas (não apenas criacionistas ou do design inteligente) que têm aderido à lista Dissent from Darwinism; (5) o texto ignora também o fato de que os avanços em genética e biologia molecular, na verdade, ajudaram a abrir uma caixa preta inconveniente para o darwinismo, uma vez que se provou ser a vida, mesmo a de uma "simples" célula, muito mais complexa do que se supunha no tempo de Darwin; tanto é assim, que alguns cientistas evolucionistas têm proposto a origem extraterrestre da vida, já que estão percebendo que nem em três bilhões ou mais de anos a geração espontânea da vida seria possível aqui na Terra; (6) num típico argumento darwinista evasivo, o editorial da conceituada revista polariza a questão como sendo um debate entre ciência (darwinismo) e religião (criacionismo/design inteligente); mas não é assim. Os teóricos do design inteligente nem sequer se referem a livros de tradição religiosa ou a Deus, apenas demonstram que existem evidências de teleologia (projeto) na natureza e não mero acaso cego. É fácil jogar para baixo do tapete os desafios científicos afirmando que o assunto não pode ser debatido por se tratar de ciência versus religião. Bem, já dá para imaginar o que vem nas matérias que vou ler...[MB]