Acabei de postar sobre o acampamento que o ateu Richard Dawkins está organizando para doutrinar crianças no cceticismo, e li esta matéria no G1, com o título "Beleza do Pantanal quase 'converteu' maior ateu da Flip": "Quando se discute religião nos dias de hoje, um nome obrigatório na conversa é o do biólogo e ferrenho darwinista Richard Dawkins – justamente porque o britânico advoga um mundo sem fé religiosa, um mundo que não precise da crença em Deus. Antes de participar da mesa programada para as 19h desta quinta, na Festa Literária Internacional de Paraty, ele concedeu uma entrevista coletiva em que reafirmou seus pontos defendidos no best-seller Deus, um delírio. Dawkins tem dedicado boa parte da carreira para levar aos olhos do público a importância de A origem das espécies, a obra definitiva de Charles Darwin que completa em 2009 150 anos de sua primeira publicação. 'É o livro mais importante da história [quando se trata de Darwin, Dawkins sempre é superlativo] porque consegue resolver o maior mistério da vida humana, por que somos o que somos', afirma o biólogo britânico. 'É um livro que não é devidamente reconhecido por causa da ignorância e porque a religião quer prover explicações prontas para mentes mais ingênuas.' (...)
"'Não acho que todas as pessoas que são religiosas são más. Acho que muitas de suas ações são motivadas pelo desejo de fazer o bem. Mas a religião é justificativa para fazer coisas terríveis como os terroristas suicidas ou assassinatos', disse Dawkins, que também lembrou sua participação nas ações publicitárias nos ônibus de Londres pelo ateísmo, que tinham a inscrição 'Deus provavelmente não existe. Agora pare de se preocupar e vá curtir sua vida.' [Dawkins bate sempre na mesma tecla: religião não presta porque houve quem praticasse atos abomináveis em nome da fé. Mas ele esquece que os regimes ateus levaram muito mais pessoas à morte do que a deplorável Inquisição e as abomináveis Cruzadas. Esquece também que as pessoas que viveram o verdadeiro cristianismo - começando pelo próprio Jesus, passando por Paulo, Francisco de Assis e Madre Tereza de Calcutá - são exemplos do que a verdadeira religião fundamentada no amor pode fazer pela humanidade. Dawkins toma as partes ruins para definir o todo e bate num espantalho quando critica todas as religiões baseado nesses maus exemplos.]
Segundo a reportagem, Dawkins sustenta que a falta de informação é um dos motivos para que as pessoas recorram à fé religiosa [ah, sim, agora ele vai dizer que Newton, Galileu, Pascal, Pasteur, Flew, e muitos outros grandes nomes da ciência e da filosofia eram ignorantes porque criam e creem em Deus...].
Mas o mais impressionante na reportagem é esta declaração que o biólogo britânico deixou escapar: "Eu acabei de voltar do Pantanal e fiquei deslumbrado com tanta beleza. Se não conhecesse Darwin, eu me ajoelharia e diria 'isso é obra de Deus'."
Na postagem anterior, Dawkins diz que seu objetivo com o acampamento ateu é "encorajar as crianças a pensar por elas mesmas". Mas ele não dá exemplo nesse quesito, já que pensa com a cabeça de Darwin (e olha que o naturalista nem era ateu). Dawkins nega todos os seus instintos de criatura, o anseio profundo de uma alma abafada por sua ideologia ateia (Eclesiastes 3:11), e prefere negar o fato de que o projeto aponta para o Projetista, que a beleza "supérflua" da natureza revela o bom gosto do Supremo Artista.
Finalmente, o biólogo também disse que é favorável a um termo mais "amigável" que defina um ateu. E ele propõe a palavra "bright" (brilhante, em tradução literal, ou inteligente), que está sendo defendida por correntes do ateísmo.
Tenho amigos ateus com os quais consigo manter um diálogo respeitoso e construtivo. E isso porque alimentamos o respeito mútuo e a humildade. Infelizmente, com sua postura combativa e arrogante, Dawkins só tem contribuído para dificultar esse diálogo. Mas, felizmente, ainda existem pessoas com bom senso, lá e cá.[MB]