Abelhas
e flores se comunicam usando sinais elétricos, aponta um novo estudo feito pela
Universidade de Bristol, na Inglaterra, e publicado na edição online da revista Science nesta quinta-feira (21). Pela primeira vez, uma pesquisa
mostrou que as flores emitem impulsos elétricos – equivalente a um sinal de
neon – aos insetos polinizadores, como as abelhas, que são capazes de
distingui-los de outros campos e encontrar as reservas de pólen e néctar. Esse “poder
de publicidade” das flores atua em conjunto com outras formas de atração delas,
como as cores vivas e a fragrância que elas exalam, destaca o professor Daniel
Robert, da Faculdade de Ciências Biológicas de Bristol, que participou do
estudo, liderado por Dominic Clarke.
De
acordo com os autores, as plantas têm geralmente uma carga negativa e emitem
fracos campos elétricos. Já as abelhas são carregadas positivamente – até 200
volts – enquanto voam. Nenhuma faísca é produzida quando ambas se encontram,
mas uma pequena força elétrica se acumula e é capaz de transmitir informações
entre as duas partes.
Ao
pôr eletrodos nas hastes de petúnias (Petunia
integrifolia), os cientistas observaram que, quando uma abelha pousa, o
potencial elétrico das flores muda e permanece assim por alguns minutos.
Além
disso, esses insetos conseguem diferenciar melhor duas cores quando os sinais
das plantas estão disponíveis. Os animais também são capazes de registrar os
mínimos detalhes dos campos elétricos das flores, como seus níveis, padrões e
estruturas. Isso tudo parece melhorar a memória das abelhas e as ajuda a
lembrar da localização das flores ricas em néctar.
A
forma como esses insetos detectam os campos elétricos ainda não é conhecida
pelos pesquisadores, mas eles acreditam que os pelos delas se arrepiam com a
força eletrostática, da mesma forma que faz o cabelo humano em frente a uma
televisão antiga.
Segundo
Robert, a coevolução de abelhas e flores tem uma longa e benéfica história. Por
isso, não é de todo surpreendente que a ciência ainda esteja descobrindo quão
sofisticada é essa comunicação.
Nota:
À medida que lia o texto, minha estranheza aumentava pelo fato de não encontrar
a palavra “evolução”. Mas o último parágrafo lançou por terra minha surpresa.
Eles tinham que providenciar uma “explicação” evolutiva mirabolante!
Coevolução?! Quer dizer que abelhas e flores evoluíram independentemente para
serem capazes de interagir com essa sofisticada forma de comunicação?
Perdoe-me, mas não tenho tanta fé para crer nisso.[MB]