Adequação perfeita |
O
sexo do filho é um fator determinante para o teor do leite que será produzido
pela mãe – e isso, dizem cientistas, inclui humanos e outras espécies de
mamíferos. A evidência mais recente dessa relação é o resultado de um estudo
conduzido por equipe liderada por uma bióloga ligada à Universidade de Harvard,
nos Estados Unidos. A pesquisa é destaque no periódico científico PLOS One e mostrou que, no caso de
vacas, o sexo do filhote influencia a produção do leite materno assim que o
filhote nasce. O estudo analisou 1,49 milhão de vacas durante o período de dois
ciclos de lactação (a produção de leite), cada um com 305 dias de duração.
Nesses dois períodos, as vacas produziram, em média, 445 litros a mais de leite
quando o filhote era fêmea na comparação de quando o filhote se tratava de um
macho. Mas outros estudos também reiteram a relação sexo da cria x leite
produzido, mostrando que, geralmente, filhotes machos recebem leite com mais
proteína ou gordura em sua composição (logo, capaz de gerar mais energia), e
fêmeas, em maior quantidade. O mesmo se repete com humanos e macacos. A razão
ainda não é totalmente conhecida da ciência e, por isso, existem diversas
teorias para tal.
“Poderia
ter relação com a adaptabilidade da cria, já que, no caso das fêmeas, receber
mais leite de suas mães as permitia chegar antes à idade reprodutiva”, disse a
bióloga líder do estudo, Katie Hinde, à agência de notícias AFP. Para ela, no
que diz respeito aos humanos, ainda há muito a se descobrir sobre como a
amamentação impacta o desenvolvimento infantil. Saber disso, sugere a
bióloga, poderia ajudar no desenvolvimento de fórmulas similares ao leite
materno, criadas para suprir a necessidade de gestantes que têm dificuldade em
produzir leite.
“Enquanto
o aspecto nutricional do leite materno é razoavelmente bem replicado nessas
fórmulas, os fatores imunológicos e os sinalizadores hormonais do leite ainda
não são”, explicou.
Nota:
A amamentação, em si, já é um milagre de adequação, afinal, a mãe fornece ao
bebê todos os nutrientes e a imunização de que ele necessita em seus primeiros
e críticos dias e meses de vida (confira aqui, aqui e aqui). Agora tem mais
esse “detalhe” impressionante da diferenciação do tipo de leite de acordo com o
sexo do bebê. São “detalhes” que deveriam estar presentes desde o início da
criação dos mamíferos, afinal, eles dependem do leite para sobreviver. [MB]