domingo, setembro 07, 2014

Peixe vertebrado é encontrado no período Cambriano

Complexidade já na origem
Agora que alguns meses se passaram desde a descoberta de outro rico tesouro de fósseis Cambrianos a 42 km do Folhelho Burgess, cientistas estão iniciando a publicação dos achados do novo sítio Cânion Mármore. Um achado fabuloso, que acabou de ser publicado por Simon Conway Morris e Jean-Bernard Caron, está dando maior estampido na Explosão Cambriana. Não tanto tempo atrás, evolucionistas enfatizavam que não existia nenhum vertebrado no Cambriano. Eles sabiam que os vertebrados eram muito avançados para aquela primeira aparição de planos corpóreos multicelulares. Cordados primitivos, talvez - mas nada como peixes, até milhões [sic] de anos mais tarde. O Metaspriggina (originalmente nomeado a partir de uma espécie Ediacarana Spriggina, mas mais tarde determinada como desconexa) foi anteriormente considerada um cordado primitivo - um ancestral dos vertebrados. Agora, Conway Morris e Caron examinaram uma centena de fósseis a mais da Metaspriggina e compararam-nas com fósseis similares da China e do Folhelho Burgess. O grande detalhe visto nos espécimes do Cânion Mármore (considerado ser mais antigo que o Folhelho Burgess) confirma que esse animal foi muito mais que um cordado: ele foi um peixe vertebrado, justo lá no Cambriano inferior! Imagine um peixe vertebrado, com esqueleto, visão binocular, músculos, nervos, vísceras e vasos sanguíneos: é tão complexo comparado com o que havia anteriormente, que torna inegável o repentino e explosivo aumento de complexidade. 

Igualmente notável é o alcance dessa espécie. Desde que se correlaciona com espécimes dos depósitos de Chengjiang, na China, é claro que o peixe já era “cosmopolita” (no termo de Conway Morris) quando foi soterrado no Canadá - ele alastrou-se pelo globo! O resumo na Nature cataloga as surpresas ao autor “redescrever” o Metaspriggina:

“O conhecimento da evolução primária [sic] de peixes depende grandemente de materiais de corpo-mole do período Cambriano Inferior (série 2) do sul da China. Devido à raridade de algumas dessas formas e uma falta geral de material comparativo de outros depósitos, interpretações de várias características continuam controversas, como também suas relações mais amplas entre os vertebrados desmandibulados não esqueletizados anteriores. Neste artigo nós descrevemos o Metaspriggina em termos de novo material do Folhelho Burgess e de material excepcionalmente preservado coletado perto do Cânion Mármore, na Colúmbia Britânica, e três outros depósitos do tipo Cambriano do Folhelho Burgess da Laurência. Este peixe primitivo [sic] mostra inequívocas características vertebradas: uma notocorda, um par de proeminentes olhos de tipo câmera, sacos nasais pareados, possível crânio e arcualia, miômeros em forma de W, e uma nadadeira anal posterior. Uma impressionante característica é a área branquial [guelras] com uma matriz de barras bipartidas. À parte da barra mais anterior, que aparenta ser ligeiramente mais espessa, cada uma é associada com guelras localizadas externamente, possivelmente abrigadas em bolsas. A análise filogenética coloca o Metaspriggina como um vertebrado basal, aparentemente próximo dos táxons Haikouichtys e Millokunmingia, demonstrando também que este primitivo grupo de peixes era cosmopolita durante o período Baixo-Médio Cambriano (séries 2-3). Todavia, o arranjo da região branquial no Metaspriggina tem maiores implicações para a reconstrução da morfologia do vertebrado primitivo. Cada barra bipartida é identificada como sendo respectivamente equivalente à uma epibranquial e ceratobranquial. Essa configuração sugere que um arranjo bipartido é primitivo e reforça a visão de que a cesta branquial das lampreias é provavelmente dela derivada. Outras características do Metaspriggina, incluindo a posição externa das guelras e a possível falta de uma guelra oposta à barra mais-anterior mais robusta, são as características dos gnastotomados e então podem ser primitivos entre os vertebrados [sic].” (Ênfases do site Evolution News)

O cladograma mostra o Metaspriggina logo no mesmo ramo que os espécimes chineses, sugerindo que eles são “próximos” uns aos outros no tempo e nos traços, mesmo que encontrados em lados opostos do globo. Conway Morris diz que os espécimes chineses são “ligeiramente mais velhos”, mas de suas descrições, eles são similares ao Metaspriggina nos aspectos mais importantes. Se essas criaturas possuíam esqueletos ósseos ou cartilaginosos, não está claro.

A relação fortalece a identificação da espécie chinesa como peixe vertebrado. A Wikipedia tem reservas sobre essa descrição,  dizendo que o Myllokunmingia (anunciado em 1999), que é “considerado ser um vertebrado, embora não tenha sido provado de forma conclusiva”, e do Haikouichthys (encontrado em 2004), que tem sido “popularmente caracterizado como um dos peixes mais antigos... mas não possui características suficientes para ser incluído sem controvérsia mesmo em qualquer dos grupos-troncos” craniatas ou chordatas. Bem, essencialmente agora isso foi provado. 

Outra surpresa é que o Metaspriggina tem uma estrutura de guelras bipartidas, “característica dos gnastotomados”- os vertebrados mandibulados. Gnastotomados foram considerados como estando mais abaixo na linha evolucionária [sic], mas há traços similares encontrados ao tempo da Explosão Cambriana. Isso significa (em termos evolucionários) que os arranjos de guelras das lampreias (peixes sem mandíbula) são “derivados”, ao invés de intermediários aos gnastotomados.

Não é necessário dizer que a criatura que tem “um par de proeminentes olhos tipo câmera” e sacos nasais pareados mostra que esse é um animal sofisticado. Conway Morris não hesita em chamá-lo de peixe e vertebrado. O desenho no papel mostra “possíveis vasos sanguíneos”, e uma boca. Barbatanas não foram preservadas, fazendo-o parecer um pouco com um tonguefish* afinado, mas a falta de barbatanas pode ser um artefato de preservação. [N.T.: tonguefish, uma espécie de peixe da família Cynoglossidae]

A despeito das barbatanas, o Metaspriggina era um bom nadador, baseado nas suas estruturas musculares chamadas miômeros. Essas eram folhas de músculos em forma de W que você vê nos filés de salmão comprados no mercado; eles permitem ao peixe dobrar o corpo em movimentos ondulares para nadar. O Metaspriggina era, aparentemente, mais avançado [sic] que o Pikaia, um animal semelhante à enguia encontrado em 1911 por Charles Walcott no Folhelho Burgess: “Os miômeros, totalizando ao menos 40, são consideravelmente mais agudos do que no Pikaia e, em contraste com este cordado, Metaspriggina era, evidentemente, um nadador efetivo.” 

Todas essas características  mostram que o Metaspriggina não era um cordado primitivo intermediário às lampreias ou outro nadador cambriano extinto, mas de fato era mais “derivado” (avançado) em alguns aspectos que alguns dos alegados descendentes. O editor da revista concorda, asseverando claramente que os peixes vertebrados são agora inquestionavelmente parte do Cambriano primário:

“O Folhelho Burgess cambriano do Canadá produziu alguns dos mais intrigantes e espetaculares fósseis de vida animal primitiva [sic], embora fósseis vertebrados sejam raros ou não existentesNovas exposições próximas à localidade clássica remediaram essa deficiência com muitos fósseis espetaculares do até então enigmático fóssil Metasprigginarevelado nesse estudo - por Simon Conway Morris e Jean-Bernard Caron - como um dos primeiros e mais primitivos [sic] peixes conhecidos, basal à existência dos vertebrados tanto com ou sem mandíbulas. A estrutura das guelras do Metaspriggina é reveladora, mostrando uma estrutura simples que pressagia aquelas dos vertebrados de muitas formas, sugerindo que a cesta branquial vista em vertebrados sem mandíbula modernos como as lampreias é uma estrutura altamente derivada.” [Ênfases do site Evolution News]

Um peixe vertebrado nadador com olhos de câmera, vasos sanguíneos, sistema digestivo, nadador muscular e guelras no Cambriano Inferior: para darwinistas, isso seria dificilmente mais surpreendente do que encontrar um coelho pre-cambriano.

(Evolution News; tradução: Alexsander Silva)