A matemática é uma área da academia em que o ceticismo
científico do neodarwinismo pode sobreviver ao atual clima político! O Discovery Institute recebeu
um e-mail de alguém comentando a lista dos dissidentes de Darwin (Scientific Dissent from Darwin List), na qual mais de 600 cientistas
PhDs de várias áreas concordam que são “céticos quanto à afirmação de que
mudanças aleatórias e a seleção natural poderiam explicar a complexidade da
vida”. O autor do e-mail, cético do ceticismo-evolucionista, escreve: “Eu sou
um matemático e certamente NÃO estou qualificado para assinar tal lista. Apenas
biólogos evolucionistas estão qualificados para dar respostas.” Uma vez que a
lista dos dissidentes de Darwin contém indivíduos formados em biologia
evolucionária, a questão é: “A objeção do autor do e-mail é válida?” A verdade é que a matemática tem uma forte tradição em fazer
críticas convincentes da biologia evolucionária. Afinal de contas, a teoria de
Darwin da evolução através da seleção natural é fundamentalmente baseada em um
algoritmo que usa um processo matemático de tentativa e erro para tentar
produzir complexidade. A genética de populações é repleta de matemática. De
fato, uma das críticas sobre os alegados fósseis transicionais de baleias é que
eles representariam mudanças evolutivas em uma escala de tempo muito rápida
para ser matematicamente factível. Ao que parece, não há boas razões para que
formados em matemática não possam comentar sobre a habilidade do processo
de seleção-mutação neodarwiniano em gerar a
complexidade da vida.
Um dos mais conhecidos debates matemáticos sobre evolução
ocorreu no Simpósio Wistar (Wistar Symposium),
em 1966, na Filadélfia, em que matemáticos e outros cientistas de áreas afins
congregaram para avaliar se a teoria neodarwiniana é matematicamente viável. A
conferência foi presidida pelo ganhador do prêmio Nobel, Sir Peter Medawar. O
consenso geral de muitos participantes da reunião foi de que o neodarwinismo
simplesmente é matematicamente insustentável.
Os registros daquela conferência, Mathematical Challenges to the
Neo-Darwinian Interpretation of Evolution (“Desafios Matemáticos à
Interpretação Neo-darwiniana da Evolução”, Wistar Institute Press, 1966, n. 5),
reportam vários desafios à evolução, apresentados por respeitados matemáticos e
outros acadêmicos da conferência. Por exemplo, o presidente da conferência, Sir
Peter Medawar, afirma logo no início:
“A causa imediata para esta conferência é o senso difundido de
insatisfação com relação ao que tem sido aceito como teoria evolucionária no
mundo de língua-inglesa, a chamada Teoria Neodarwiniana... Há objeções feitas
por colegas cientistas que sentem que, na teoria atual, algo está faltando...
Essas objeções à teoria neodarwiniana atual são muito amplamente difundidas
entre os biólogos em geral; e não devemos, penso eu, solucioná-las. O simples
fato de realizarmos esta conferência é evidência de que não iremos
solucioná-las” (Sir Peter Medawar, “Remarks by the Chairman”, in Mathematical Challenges to the Neo-Darwinian Interpretation of
Evolution, Wistar Institute Press, 1966, n. 5, p. xi, emphasis in original).
Vários cientistas, dentre eles alguns matemáticos, comentaram
sobre alguns problemas com o neodarwinismo:
“Uma maneira alternativa de olhar para o genótipo é como um
algoritmo gerador, ao invés de um diagrama; uma receita para produzir um
organismo vivo do tipo certo no ambiente adequado para seu desenvolvimento é um
exemplo. Assumindo esta hipótese, o algoritmo deve ser escrito em alguma
linguagem abstrata. A biologia molecular pode ter nos fornecido o alfabeto dessa
linguagem, mas é um longo trajeto do alfabeto até à compreensão do idioma. Não
obstante, uma linguagem tem regras, e estas são as maiores restrições num
conjunto de mensagens possíveis. Nenhuma linguagem formal existente pode
tolerar mudanças aleatórias nas sequências de símbolos que expressam as
sentenças. Seu significado é quase que invariavelmente destruído. Quaisquer mudanças
devem seguir leis sintáticas. Eu poderia conjecturar que o que alguém pode
chamar de ‘gramática genética’ tem uma explicação determinística e não deve sua
estabilidade à pressão da seleção atuando em variações aleatórias” (Murray
Eden, “Inadequacies as a Scientific Theory”, in Mathematical
Challenges to the Neo-Darwinian Interpretation of Evolution, Wistar
Institute Press, 1966, n. 5, p. 11).
“Requerer-se-iam milhares, talvez milhões de mutações sucessivas
para produzir até mesmo a mais simples complexidade que observamos na vida
hoje. Parece que, ingenuamente, não importa o quão grande seja a probabilidade
de uma única mutação, ainda que fosse tão grande quanto à metade, ter-se-ia
esta probabilidade elevada à milionésima potência, o que é tão próximo a zero
que as chances de o processo ocorrer parecem ser inexistentes” (Stanislaw M.
Ulam, “How to Formulate Mathematically Problems of Rate of Evolution”, in Mathematical Challenges to the Neo-Darwinian Interpretation of
Evolution, Wistar Institute Press, 1966, n. 5, p. 21).
“Não conhecemos qualquer princípio geral que explique como unir
o diagrama visto por objetos tipográficos e as coisas que eles supostamente
controlam. O único exemplo que temos para uma situação similar (fora da
evolução da vida) é a tarefa de profissionais de inteligência artificial em
criar sistemas adaptáveis. Sua experiência converge com a maioria dos
observadores: sem uma programação prévia, nada de interessante pode ocorrer.
Assim, para concluir, acreditamos que há uma falha (gap)
considerável na teoria neodarwiniana da evolução, e que esse gap não pode ser solucionado com a atual concepção
de biologia” (Marcel Schutzenberger, “Algorithms and Neo-Darwinian Theory”,
in Mathematical Challenges to the Neo-Darwinian Interpretation of
Evolution, Wistar Institute Press, 1966, n. 5, p. 75).
Esses são fortes argumentos de acadêmicos qualificados para
avaliar a habilidade matemática de processos aleatórios/seletivos para produzir
complexidade. Enquanto biólogos evolucionistas e outros tipos de biólogos podem
produzir vários insights em biologia
evolucionária, cientistas de outras áreas, não biólogos, bem como matemáticos,
estão certamente qualificados para comentar sobre a falseabilidade da evolução
neodarwiniana.
Nota
do blog Engenharia Filosófica: “O matemático Granville Sewell, da
Universidade do Texas, El Paso, aponta em um de seus artigos: “Conheço muitos
matemáticos, físicos e cientistas da computação que, como eu, estão atônitos
por a explanação de Darwin para o desenvolvimento da vida ser tão aceita nas
ciências biológicas” (“A Mathematician’s View of Evolution”, The
Mathematical Intelligencer, v. 22 (4) (2000)). O motivo para a “cegueira”
dos biólogos evolucionistas, apesar das evidências de outros campos da ciência,
foi muito bem resumido pelo jornalista Michelson Borges, ao comentar sobre o
Simpósio Wistar, de 1966, no debate entre matemáticos e darwinistas sobre
a probabilidade de o olho ter evoluído por meio da acumulação de pequenas
mutações: ‘Ou seja: a evolução é um fato; o olho está aqui; então,
independentemente do que digam os matemáticos, o olho evoluiu. Ponto final’ (A História da Vida,
p. 46).”