Pesadelo criacionista ou design? |
Se você já viu um
documentário da vida selvagem em manguezais tropicais, provavelmente deve ter
observado mudskippers no trabalho e nas brincadeiras. Esse peixe incomum, com cerca de 15 cm de comprimento, pertence ao gênero
Gobius (pequenos peixes marinhos).[1] Enquanto estão na água, eles não parecem
mais notáveis do que outros peixes. No entanto, uma vez que a maré se vai para expor
os alagados, se torna um assunto completamente diferente. As palhaçadas do mudskipper em terra são certamente
divertidas de assistir. Para se mover, um mudskipper
se joga para a frente, fazendo “flexões” com suas nadadeiras peitorais, um tipo
de locomoção chamado crutching (termo
relacionado ao ato de andar com a ajuda de muletas).[2] Quando dois mudskippers macho disputam território,
eles estufam seus peitorais e mantêm a boca aberta, dando cabeçadas nas
laterais do adversário. Essa cena cômica foi divertidamente capturada na série
de TV sobre vida selvagem chamada “Life”.[3]
O mais dramático é que um mudskipper
pode tentar atrair a atenção de um companheiro por meio de um salto
impressionante para o ar, seguido de um pouso deselegante.
O
pior pesadelo de um criacionista?
Um peixe que passa a
maior parte da vida na terra do que na água e “anda” sobre suas nadadeiras
peitorais é certamente uma raridade. Alguns evolucionistas já se utilizaram do mudskipper como uma suposta evidência
contra a criação bíblica. Em um conhecido site anticriacionista, um blogueiro
alegremente respondeu a uma imagem de dois mudskippers
indonésios com o comentário: “Oh, não! O pior pesadelo dos criacionistas: um
peixe caminhando!”[4]
Um vídeo online também expressa isso como um
grande “pesadelo dos criacionistas”.[5] Entre as razões dadas estão o método incomum
de respiração dos mudskipper e seus
olhos originais (no topo da cabeça). No entanto, o golpe de misericórdia, de
acordo com certos evolucionistas, é que “as nadadeiras dianteiras já não podem mais
ser chamadas de barbatanas: elas são, claramente, uma transição entre
barbatanas e pernas mais complexas, para andar sobre a terra”. A conclusão
triunfal alcançada? “Sabendo de tudo isso, como você pode sempre alegar que não
existem espécies transitórias?”
Aceitando
o desafio
Contrariamente a essas afirmações
confiantes, esse peixe anfíbio fascinante e único não é, de forma alguma, um
problema para aqueles que veem Gênesis 1-11 como um relato histórico literal.
Periodicamente, a revista Creation
tem confrontado noções evolucionistas sobre peixes estranhos e maravilhosos e
animais como peixes, tais como o axolotl[6] e o brachionichthyidae,[7]
semelhantemente mencionados como transições evolutivas ou atavismos. Então, o
que dizer de mudskippers?
Suas nadadeiras
peitorais robustas são distintas daquelas da maioria dos outros gobies,
possuindo hipermobilidade articular devido à sua dupla articulação móvel. Os
músculos das barbatanas também são incomuns, sendo divididos em seções que
movem os raios superiores e inferiores da nadadeira independentemente.[8] Estudos
têm demonstrado que os raios da nadadeira são parcialmente desfeitos quando se
deslocam sobre a terra, mas estão posicionados para dar o máximo de apoio para
o pé sobre a lama.[9] A anatomia e a implantação dessas barbatanas fornecem a
força necessária, flexibilidade, controle e amplitude de movimento para o
estilo de vida do mudskipper no
lamaçal.
Modificação evolutiva
lenta e gradual desses órgãos cruciais de movimento exigiria muitas mutações simultâneas
para o acréscimo de informação ocorrendo apenas nos lugares certos e nos
momentos certos – mutações que alterassem o sistema músculo-esquelético, a
fiação dos nervos e, mais importante, o desenvolvimento embrionário das
barbatanas. Em vez disso, uma extensa pesquisa sobre esses tipos de alterações
genéticas complexas especificadas não forneceu nenhuma evidência de que essas
alterações possam ocorrer, e muito menos em tais coincidências coordenadas, como
seriam necessárias.[10] Além disso, cada mutação precisa fornecer uma vantagem
distinta para os peixes, a fim de ser “fixada” pela seleção natural. A
probabilidade de tudo isso ocorrer é muito pequena.
O
peixe que pisca
Especializações de olhos
em criaturas vivas são frequentemente reivindicadas para demonstrar a verdade
da evolução, mas nada poderia estar mais longe da verdade. Por exemplo, o peixe
de superfície anableps (que possui olhos com o equivalente a lentes bifocais)[11]
e o peixe de profundidade Dolichopteryx
longipes (com seus olhos telescópicos que funcionam como espelhos para
refletir flashes da luz bioluminescente de outros animais)[12] são ambos
criaturas cujos desenhos de olho não podem ser explicados por apenas uma
estória contada.
Mudskippers têm
visão excelente ao redor,[13] que faz todo o sentido para uma criatura que
poderia facilmente se tornar um saboroso lanche para os predadores, e atesta
contra a suposta evolução lenta dessa funcionalidade ao longo de milhões de
anos. Todas as espécies mudskipper
têm olhos proeminentes posicionados em cima da cabeça, mais para frente do que
na maioria dos outros peixes. Isso lhes dá visão estereoscópica limitada,
permitindo a percepção de profundidade como em seres humanos. Músculos oculares
externos formam um assento para os olhos do tipo de uma rede, permitindo-lhes
ser levantados ou abaixados à vontade[14] e até mesmo ser completamente
fechados no interior da pele cheia de líquido, quando necessário. Essa
característica é essencial para manter os olhos úmidos, e os torna únicos como peixes
que piscam.
A retina sensível à luz
de cada olho é inclinada, de modo que está mais longe da lente em direção ao
topo do olho.[15] Isso significa que pode focar objetos a diferentes distâncias
com as partes superior e inferior do olho, um recurso útil para um peixe que
está tanto dentro quanto fora da água.
Para qualquer uma dessas
especializações complexas surgir por erros genéticos não guiados é improvável, para
dizer o mínimo. Consideradas em conjunto, essas características de olhos do mudskipper representam uma solução de design brilhante para seu estilo de vida
peculiar. Basta supor que olhos salientes, de alguma forma, evoluíram, mas os
copos especiais hidratantes ainda tinham que aparecer e/ou a relação especial lente-retina
ainda tinha que surgir. Peixe tentando fazer isso na terra, sem que conseguisse
focar corretamente em objetos, e cujos olhos estavam sujeitos a ser danificados
pelo ambiente seco, teria sido extremamente desfavorecido e menos apto para
sobreviver.
Especialistas
em respiração pela pele
Mudskippers não
respiram através de brânquias, as quais são utilizadas em vez de excretar resíduos
de produtos como amônia.[16] Em vez disso, a troca gasosa ocorre em toda a
superfície de toda a pele, que deve ser mantida úmida para o propósito. Isso
inclui a mucosa interna da boca e da garganta, que, como nossos próprios
pulmões, são superfícies umedecidas revestidas com capilares sanguíneos. Mudskippers podem engolir bocados de ar
através do alargamento da cavidade da garganta ao fechar uma válvula especial
às brânquias. Enquanto estão na água eles são, de fato, menos eficientes na
troca gasosa do que a maioria dos outros peixes, mantendo seu batimento
cardíaco e o metabolismo geral a um nível reduzido para conservar oxigênio. Esse
conjunto de características especiais para respiração do ar faz sentido em uma
criatura que vive o estilo de vida do mudskipper.
No entanto, é difícil contemplar como as forças cegas da evolução poderiam
gradualmente ter mudado um peixe de respiração branquial (perfeitamente
adaptado à vida em água) em uma boca e corpo de peixe anfíbio de respiração em
superfície. Em cada um dos numerosos passos intermédios distantes de um peixe
verdadeiro, desafios fisiológicos e anatômicos deixariam sua cabeça feia,
tornando qualquer alegação de benefício de sobrevivência um pensamento ilusório.
Nada foi deixado ao
acaso no projeto do mudskipper. Por
exemplo, peixes em geral devem manter um revestimento muco viscoso como uma
barreira contra diversos parasitas. Isso é muito mais importante para mudskippers devido ao fato de ele
deslizar sobre a terra e através de suas tocas (ver mais informações abaixo). O
muco dos mudskippers faz mais do que
apenas lubrificar a pele, reduzindo o arrasto. Pesquisas recentes têm mostrado
que ele também tem atividade antimicrobiana contra uma vasta gama de bactérias.[17]
Isso inclui muitos que infectam os seres humanos, de modo que estudar esse muco
pode beneficiar a humanidade.
Mudskippers atestam a criação
Mudskippers
realmente são maravilhas dos mangues e alagados. Quer nos concentremos em seus
olhos especiais, em sua respiração única ou reflitamos sobre sua divertida barbatana
caminhante, esses peixes parecem ter uma combinação ideal de características
para as criaturas que vivem na água e sobre a terra. Seus vários “desvios” da
anatomia dos peixes normais mostram uma economia de design, com as partes complexas de cada sistema do corpo claramente
especificadas (por instruções do DNA) e afinadas. Mudskipper certamente não é a razão para os criacionistas ter
pesadelos! Aqueles que optarem por acreditar no contrário parecem ser voluntariamente
ignorantes (2 Pedro 3:5).
Um
pouco mais sobre o mudskipper
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- Mais de 30 espécies de mudskippers existem (em cinco gêneros)
e compõem a maior parte da subfamília Oxudercinae, classificadas na família
Gobiidae (gobies). A especialização em mudskippers
torna improvável que todos os gobies façam parte do mesmo tipo criado, no
entanto.
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- Mudskippers no gênero Periophthalmus fazem aquaristas gostar de
alimentá-los com insetos, aranhas e outros alimentos vivos pela mão.[16]
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- O tamanho médio de adultos
depende das espécies, em média de 15 a 25 cm de comprimento.
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- Mudskippers têm muitas especializações para a vida anfíbia. Por
exemplo, em terra, eles escavam tocas em forma de J nas quais podem criar
seus filhotes.
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- A escavação de tocas
envolve o carregamento com a boca cheia de lama macia, cuspindo-a para fora
na superfície – um trabalho constante em uma zona intertidal (isto é, entre
marés).[3]
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- A lama e a toca aquática é
muito pobre em oxigênio, então o ar de fora é engolido e liberado na parte
interna da toca para arejar os ovos.[18]
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(Texto
traduzido do original Bell [2012] por Everton Alves)
Referências:
[1] Outros nomes são “kangaroo
fish” e “johnny jumpers”.
[2] Pace CM, Gibb AC, Mudskipper pectoral fin
kinematics in aquatic and terrestrial environments, J. Exp. Biol. 2009;
212(14):2279–2286.
[3] Episódio 4 “Fish, Série
“Life” da BBC, Minutos: 17:10s-21:35s, apresentado por David Attenborough, no
YouTube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=03lFLBPkmf4
[4] Comentários em
pandasthumb.org. Disponível em: http://pandasthumb.org/archives/2009/02/periophthalmus.html
[5] Acessado no Youtube.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4fJaxBT52u0
[6] O peixe axolotl pode
transformar (em poucas semanas) seu estilo de vida aquático para terrestre,
incluindo o encolhimento de suas brânquias e um aumento na função pulmonar. In: Dykes J. The Axolotl: The fish that walks? Creation 2005; 27(4):21–23.
Disponível em: http://creation.com/the-axolotl-the-fish-that-walks
[7] May K. Rare Australian fish has fins like hands, Creation 2006; 28(3):28–29. Disponível
em: http://creation.com/rare-australian-fish-has-fins-like-hands
[8] Ref. 2, p. 2279. Em
outros gobies, estes músculos abdutores
superficialis são músculos simples (não-divididos).
[9] Ref. 2, p. 2285.
[10] Sarfati J. Refuting Evolution 2. Powder Springs,
GA: Creation Book Publishers, 2011, capítulo 5. Disponível em: http://creation.com/refuting-evolution-2-chapter-5-argument-some-mutations-are-beneficial
[11] Grigg R. The fish with ‘four eyes’ (Anableps).
Creation 1995; 18(1):52. Disponível em: http://creation.com/the-fish-with-four-eyes-anableps
[12] Sarfati J. Four-eyed spookfish has mirror eyes.
Creation 2009; 31(4):32–33. Disponível em: http://creation.com/four-eyed-spookfish-mirror-eyes
[13] Seus campos visuais
abrangem quase 180 graus para cada olho!
[14] Schwab IR. Janus on the mudflats. British Journal
of Ophthalmology 2003; 87(1): 13. Disponível em: http://bjo.bmj.com/content/87/1/13.full.pdf+html
[15] Ver site do
pesquisador Gianluca Polgar. Seção: Ecophysiology. Vision and mechanoreception, 2013. Disponível
em: http://www.mudskipper.it/VisMech.html
[16] Muitas das
informações neste parágrafo é cortesia do pesquisador Gianluca Polgar. In: Polgar G. Mudskippers: an introduction for
aquarists. Disponível em: http://www.wetwebmedia.com/ca/volume_7/volume_7_1/mudskippers.html
[17] Em muitos peixes,
ação antibacteriana do seu muco é muito mais específico para uma determinada
bactéria. In: Ravi V, Kesavan K,
Sandhya S, Rajagopal S. Antibacterial activity of the mucus of mudskipper
Boleophthalmus boddarti (Pallas, 1770) from Vellar Estuary. AES
Bioflux 2010; 2(1):11–14. Disponível
em: http://www.aes.bioflux.com.ro/docs/2010.2.11-14.pdf
[18] Lee HJ, Martinez CA, Hertzberg KJ, Hamilton AL,
Graham JB. Burrow air phase maintenance and respiration by the mudskipper
Scartelaos histophorus (Gobiidae: Oxudercinae). J. Exp. Biol. 2004; 208(1):169–177.
Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15601887
[19] Bell P.
Mudskippers—marvels of the mud-flats! Creation
2012; 34(2):48-50. Disponível em: http://creation.com/mudskipper