quarta-feira, dezembro 30, 2015

Saltadores-do-lodo (mudskippers): maravilhas do lamaçal!

Pesadelo criacionista ou design?
Se você já viu um documentário da vida selvagem em manguezais tropicais, provavelmente deve ter observado mudskippers no trabalho e nas brincadeiras. Esse peixe incomum, com cerca de 15 cm de comprimento, pertence ao gênero Gobius (pequenos peixes marinhos).[1] Enquanto estão na água, eles não parecem mais notáveis do que outros peixes. No entanto, uma vez que a maré se vai para expor os alagados, se torna um assunto completamente diferente. As palhaçadas do mudskipper em terra são certamente divertidas de assistir. Para se mover, um mudskipper se joga para a frente, fazendo “flexões” com suas nadadeiras peitorais, um tipo de locomoção chamado crutching (termo relacionado ao ato de andar com a ajuda de muletas).[2] Quando dois mudskippers macho disputam território, eles estufam seus peitorais e mantêm a boca aberta, dando cabeçadas nas laterais do adversário. Essa cena cômica foi divertidamente capturada na série de TV sobre vida selvagem chamada “Life”.[3] O mais dramático é que um mudskipper pode tentar atrair a atenção de um companheiro por meio de um salto impressionante para o ar, seguido de um pouso deselegante.

O pior pesadelo de um criacionista?

Um peixe que passa a maior parte da vida na terra do que na água e “anda” sobre suas nadadeiras peitorais é certamente uma raridade. Alguns evolucionistas já se utilizaram do mudskipper como uma suposta evidência contra a criação bíblica. Em um conhecido site anticriacionista, um blogueiro alegremente respondeu a uma imagem de dois mudskippers indonésios com o comentário: “Oh, não! O pior pesadelo dos criacionistas: um peixe caminhando!”[4]

Um vídeo online também expressa isso como um grande “pesadelo dos criacionistas”.[5] Entre as razões dadas estão o método incomum de respiração dos mudskipper e seus olhos originais (no topo da cabeça). No entanto, o golpe de misericórdia, de acordo com certos evolucionistas, é que “as nadadeiras dianteiras já não podem mais ser chamadas de barbatanas: elas são, claramente, uma transição entre barbatanas e pernas mais complexas, para andar sobre a terra”. A conclusão triunfal alcançada? “Sabendo de tudo isso, como você pode sempre alegar que não existem espécies transitórias?”

Aceitando o desafio

Contrariamente a essas afirmações confiantes, esse peixe anfíbio fascinante e único não é, de forma alguma, um problema para aqueles que veem Gênesis 1-11 como um relato histórico literal. Periodicamente, a revista Creation tem confrontado noções evolucionistas sobre peixes estranhos e maravilhosos e animais como peixes, tais como o axolotl[6] e o brachionichthyidae,[7] semelhantemente mencionados como transições evolutivas ou atavismos. Então, o que dizer de mudskippers?

Suas nadadeiras peitorais robustas são distintas daquelas da maioria dos outros gobies, possuindo hipermobilidade articular devido à sua dupla articulação móvel. Os músculos das barbatanas também são incomuns, sendo divididos em seções que movem os raios superiores e inferiores da nadadeira independentemente.[8] Estudos têm demonstrado que os raios da nadadeira são parcialmente desfeitos quando se deslocam sobre a terra, mas estão posicionados para dar o máximo de apoio para o pé sobre a lama.[9] A anatomia e a implantação dessas barbatanas fornecem a força necessária, flexibilidade, controle e amplitude de movimento para o estilo de vida do mudskipper no lamaçal.

Modificação evolutiva lenta e gradual desses órgãos cruciais de movimento exigiria muitas mutações simultâneas para o acréscimo de informação ocorrendo apenas nos lugares certos e nos momentos certos – mutações que alterassem o sistema músculo-esquelético, a fiação dos nervos e, mais importante, o desenvolvimento embrionário das barbatanas. Em vez disso, uma extensa pesquisa sobre esses tipos de alterações genéticas complexas especificadas não forneceu nenhuma evidência de que essas alterações possam ocorrer, e muito menos em tais coincidências coordenadas, como seriam necessárias.[10] Além disso, cada mutação precisa fornecer uma vantagem distinta para os peixes, a fim de ser “fixada” pela seleção natural. A probabilidade de tudo isso ocorrer é muito pequena.

O peixe que pisca

Especializações de olhos em criaturas vivas são frequentemente reivindicadas para demonstrar a verdade da evolução, mas nada poderia estar mais longe da verdade. Por exemplo, o peixe de superfície anableps (que possui olhos com o equivalente a lentes bifocais)[11] e o peixe de profundidade Dolichopteryx longipes (com seus olhos telescópicos que funcionam como espelhos para refletir flashes da luz bioluminescente de outros animais)[12] são ambos criaturas cujos desenhos de olho não podem ser explicados por apenas uma estória contada.

Mudskippers têm visão excelente ao redor,[13] que faz todo o sentido para uma criatura que poderia facilmente se tornar um saboroso lanche para os predadores, e atesta contra a suposta evolução lenta dessa funcionalidade ao longo de milhões de anos. Todas as espécies mudskipper têm olhos proeminentes posicionados em cima da cabeça, mais para frente do que na maioria dos outros peixes. Isso lhes dá visão estereoscópica limitada, permitindo a percepção de profundidade como em seres humanos. Músculos oculares externos formam um assento para os olhos do tipo de uma rede, permitindo-lhes ser levantados ou abaixados à vontade[14] e até mesmo ser completamente fechados no interior da pele cheia de líquido, quando necessário. Essa característica é essencial para manter os olhos úmidos, e os torna únicos como peixes que piscam.

A retina sensível à luz de cada olho é inclinada, de modo que está mais longe da lente em direção ao topo do olho.[15] Isso significa que pode focar objetos a diferentes distâncias com as partes superior e inferior do olho, um recurso útil para um peixe que está tanto dentro quanto fora da água.

Para qualquer uma dessas especializações complexas surgir por erros genéticos não guiados é improvável, para dizer o mínimo. Consideradas em conjunto, essas características de olhos do mudskipper representam uma solução de design brilhante para seu estilo de vida peculiar. Basta supor que olhos salientes, de alguma forma, evoluíram, mas os copos especiais hidratantes ainda tinham que aparecer e/ou a relação especial lente-retina ainda tinha que surgir. Peixe tentando fazer isso na terra, sem que conseguisse focar corretamente em objetos, e cujos olhos estavam sujeitos a ser danificados pelo ambiente seco, teria sido extremamente desfavorecido e menos apto para sobreviver.

Especialistas em respiração pela pele

Mudskippers não respiram através de brânquias, as quais são utilizadas em vez de excretar resíduos de produtos como amônia.[16] Em vez disso, a troca gasosa ocorre em toda a superfície de toda a pele, que deve ser mantida úmida para o propósito. Isso inclui a mucosa interna da boca e da garganta, que, como nossos próprios pulmões, são superfícies umedecidas revestidas com capilares sanguíneos. Mudskippers podem engolir bocados de ar através do alargamento da cavidade da garganta ao fechar uma válvula especial às brânquias. Enquanto estão na água eles são, de fato, menos eficientes na troca gasosa do que a maioria dos outros peixes, mantendo seu batimento cardíaco e o metabolismo geral a um nível reduzido para conservar oxigênio. Esse conjunto de características especiais para respiração do ar faz sentido em uma criatura que vive o estilo de vida do mudskipper. No entanto, é difícil contemplar como as forças cegas da evolução poderiam gradualmente ter mudado um peixe de respiração branquial (perfeitamente adaptado à vida em água) em uma boca e corpo de peixe anfíbio de respiração em superfície. Em cada um dos numerosos passos intermédios distantes de um peixe verdadeiro, desafios fisiológicos e anatômicos deixariam sua cabeça feia, tornando qualquer alegação de benefício de sobrevivência um pensamento ilusório.

Nada foi deixado ao acaso no projeto do mudskipper. Por exemplo, peixes em geral devem manter um revestimento muco viscoso como uma barreira contra diversos parasitas. Isso é muito mais importante para mudskippers devido ao fato de ele deslizar sobre a terra e através de suas tocas (ver mais informações abaixo). O muco dos mudskippers faz mais do que apenas lubrificar a pele, reduzindo o arrasto. Pesquisas recentes têm mostrado que ele também tem atividade antimicrobiana contra uma vasta gama de bactérias.[17] Isso inclui muitos que infectam os seres humanos, de modo que estudar esse muco pode beneficiar a humanidade.

Mudskippers atestam a criação

Mudskippers realmente são maravilhas dos mangues e alagados. Quer nos concentremos em seus olhos especiais, em sua respiração única ou reflitamos sobre sua divertida barbatana caminhante, esses peixes parecem ter uma combinação ideal de características para as criaturas que vivem na água e sobre a terra. Seus vários “desvios” da anatomia dos peixes normais mostram uma economia de design, com as partes complexas de cada sistema do corpo claramente especificadas (por instruções do DNA) e afinadas. Mudskipper certamente não é a razão para os criacionistas ter pesadelos! Aqueles que optarem por acreditar no contrário parecem ser voluntariamente ignorantes (2 Pedro 3:5).

Um pouco mais sobre o mudskipper

- Mais de 30 espécies de mudskippers existem (em cinco gêneros) e compõem a maior parte da subfamília Oxudercinae, classificadas na família Gobiidae (gobies). A especialização em mudskippers torna improvável que todos os gobies façam parte do mesmo tipo criado, no entanto.
- Mudskippers no gênero Periophthalmus fazem aquaristas gostar de alimentá-los com insetos, aranhas e outros alimentos vivos pela mão.[16]
- O tamanho médio de adultos depende das espécies, em média de 15 a 25 cm de comprimento.
- Mudskippers têm muitas especializações para a vida anfíbia. Por exemplo, em terra, eles escavam tocas em forma de J nas quais podem criar seus filhotes.
- A escavação de tocas envolve o carregamento com a boca cheia de lama macia, cuspindo-a para fora na superfície – um trabalho constante em uma zona intertidal (isto é, entre marés).[3]
- A lama e a toca aquática é muito pobre em oxigênio, então o ar de fora é engolido e liberado na parte interna da toca para arejar os ovos.[18]

(Texto traduzido do original Bell [2012] por Everton Alves)

Referências:
[1] Outros nomes são “kangaroo fish” e “johnny jumpers”.
[2] Pace CM, Gibb AC, Mudskipper pectoral fin kinematics in aquatic and terrestrial environments, J. Exp. Biol. 2009; 212(14):2279–2286.
[3] Episódio 4 “Fish, Série “Life” da BBC, Minutos: 17:10s-21:35s, apresentado por David Attenborough, no YouTube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=03lFLBPkmf4
[4] Comentários em pandasthumb.org. Disponível em: http://pandasthumb.org/archives/2009/02/periophthalmus.html
[5] Acessado no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4fJaxBT52u0
[6] O peixe axolotl pode transformar (em poucas semanas) seu estilo de vida aquático para terrestre, incluindo o encolhimento de suas brânquias e um aumento na função pulmonar. In: Dykes J. The Axolotl: The fish that walks? Creation 2005; 27(4):21–23. Disponível em: http://creation.com/the-axolotl-the-fish-that-walks
[7] May K. Rare Australian fish has fins like hands, Creation 2006; 28(3):28–29. Disponível em: http://creation.com/rare-australian-fish-has-fins-like-hands
[8] Ref. 2, p. 2279. Em outros gobies, estes músculos abdutores superficialis são músculos simples (não-divididos).
[9] Ref. 2, p. 2285.
[10] Sarfati J. Refuting Evolution 2. Powder Springs, GA: Creation Book Publishers, 2011, capítulo 5. Disponível em: http://creation.com/refuting-evolution-2-chapter-5-argument-some-mutations-are-beneficial
[11] Grigg R. The fish with ‘four eyes’ (Anableps). Creation 1995; 18(1):52. Disponível em: http://creation.com/the-fish-with-four-eyes-anableps
[12] Sarfati J. Four-eyed spookfish has mirror eyes. Creation 2009; 31(4):32–33. Disponível em: http://creation.com/four-eyed-spookfish-mirror-eyes
[13] Seus campos visuais abrangem quase 180 graus para cada olho!
[14] Schwab IR. Janus on the mudflats. British Journal of Ophthalmology 2003; 87(1): 13. Disponível em: http://bjo.bmj.com/content/87/1/13.full.pdf+html
[15] Ver site do pesquisador Gianluca Polgar. Seção: Ecophysiology. Vision and mechanoreception, 2013. Disponível em: http://www.mudskipper.it/VisMech.html
[16] Muitas das informações neste parágrafo é cortesia do pesquisador Gianluca Polgar. In: Polgar G. Mudskippers: an introduction for aquarists. Disponível em: http://www.wetwebmedia.com/ca/volume_7/volume_7_1/mudskippers.html
[17] Em muitos peixes, ação antibacteriana do seu muco é muito mais específico para uma determinada bactéria. In: Ravi V, Kesavan K, Sandhya S, Rajagopal S. Antibacterial activity of the mucus of mudskipper Boleophthalmus boddarti (Pallas, 1770) from Vellar Estuary. AES Bioflux 2010; 2(1):11–14. Disponível em: http://www.aes.bioflux.com.ro/docs/2010.2.11-14.pdf
[18] Lee HJ, Martinez CA, Hertzberg KJ, Hamilton AL, Graham JB. Burrow air phase maintenance and respiration by the mudskipper Scartelaos histophorus (Gobiidae: Oxudercinae). J. Exp. Biol. 2004; 208(1):169–177. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15601887
[19] Bell P. Mudskippers—marvels of the mud-flats! Creation 2012; 34(2):48-50. Disponível em: http://creation.com/mudskipper