Um balde de água fria para a evolução |
Em
setembro de 2015, a Nasa anunciou uma descoberta notável: Marte poderia ter
correntes de água salgada que deslizavam pelas encostas do Planeta Vermelho
durante o verão. Tão logo se cogitou que as linhas escuras registradas pelo
rover Curiosity em Marte poderiam representar água em estado líquido, surgiram
especulações sobre a possibilidade de vida microbiana no planeta. Agora,
entretanto, especialistas afirmam que as misteriosas linhas negras podem ser,
na verdade, avalanches de areia provocadas pelo efeito da luz solar na
superfície marciana. De acordo com texto publicado [na semana passada] pela
revista New Scientist,
cientistas afirmam que a atmosfera de Marte não é suficientemente úmida para
considerar que a formação de linhas pudesse decorrer da condensação de água. “Esses
fenômenos acontecem nas horas mais quentes onde há temperatura mais elevada.
Por isso, uma parte do cérebro diz que deveria ser gelo derretendo”, disse
Sylvain Piqueux, do laboratório da Nasa na Califórnia (EUA) em entrevista à New Scientist. Mas ele mesmo admite que se
trata de algo pouco provável em Marte. “O problema é que é muito difícil gelo
derreter em Marte. É mais fácil que o gelo se transforme diretamente em vapor d’água”,
assinala Piqueux.
As
linhas escuras foram observadas em vários lugares do Planeta Vermelho quando as
temperaturas estavam no entorno de -23ºC. Na ausência de uma explicação que
envolva água, Frédéric Schmidt, da Universidade do Sul de Paris, na França,
propôs, em parceria com outros pesquisadores, um modelo alternativo, segundo
informou a New Scientist. Frédéric
Schmidt defende que pode e tratar de um processo ligado a variações climáticas
sazonais.
Para
Schmidt, as avalanches de areia poderiam ser causadas pelo Sol. Segundo esse
modelo, quando os raios solares tocam a areia, o calor esquenta a superfície
enquanto a parte inferior permanece fria. Essa diferença de temperatura
provocaria mudança de pressão do gás em torno das partículas de areia. Esse gás
subiria, fazendo com que haja deslocamento de areia e solo provocando, assim,
deslizamento nas encostas marcianas.
Se
essa teoria for comprovada, ou seja, se for rejeitada a hipótese de que as
linhas escuras são “água líquida”, desaparece a possibilidade de se encontrar
organismos vivos em Marte. Pelo menos, por agora.
Nota:
Lembro-me bem de que na época do anúncio das tais “correntes de água” em Marte
a imprensa internacional fez a festa, repercutindo a descoberta. Agora a reação
não foi a mesma. Por quê? Porque a ausência de água no planeta vermelho é um
balde de água fria (com o perdão do trocadilho) nas pretensões evolucionistas
de que a vida teria surgido por lá. Cadê a Superinteressante,
a Galileu e outras para estampar na
capa a foto das avalanches de areia marcianas? Melhor não falar nisso e deixar
o povo com a ilusão de que a vida pode surgir facilmente em qualquer lugar.
[MB]
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