segunda-feira, março 13, 2017

Quem mudou o descanso do sábado para o domingo?

Imperador Constantino
O nome domingo vem do latim Dies Dominicus (dia do Senhor), porque era quando os cristãos celebravam a ressurreição de Jesus. Mas, no alvorecer do cristianismo, era considerado o primeiro dia da semana e não o sétimo: o dia bíblico de descanso continuava sendo o sábado, como era para os judeus. De acordo com o Novo Testamento, os apóstolos se reuniram aos domingos para o partir do pão, mas isso não significa que o sábado (que em hebraico significa simplesmente “descanso”) tinha perdido seu lugar como um dia de descanso obrigatório. Além disso, na Roma antiga chamavam o domingo de dies solis (dia do Sol: daí o inglês Sunday ou o alemão Sonntag), porque foi dedicado à divindade pagã chamada Sol Invictus, muito importante no culto imperial. E foi justamente um imperador romano, Constantino, o Grande, que fundiu as duas tradições em uma. Assim, o mesmo César que legalizou a religião cristã pelo Edito de Milão, em 313 – que mais tarde fundaria Constantinopla como capital romana do Oriente e seria santificado – decretou em 7 de março de 321 que o antes chamado dies Solis seria observado como feriado civil obrigatório.

No entanto, a confirmação “oficial” dessa mudança pela Igreja Católica levaria mais de mil anos. Foi no Concílio de Trento, realizado no século 16: “A Igreja de Deus achou conveniente que a celebração religiosa do sábado deva ser transferida para o dia do Senhor: o domingo.” Como resultado, em quase todos os países de tradição cristã foram proibidos aos domingos o artesanato, o comércio e a dança. Exceções foram feitas em situações de emergência ou para certos sindicatos. Finalmente, após a Revolução Francesa (1789), o descanso dominical foi assimilado como um direito trabalhista e é admitido praticamente em todas as legislações.

(Muy História; colaboração: Nelson Wasiuk)

Nota 1: É interessante ver um site secular confirmando o que sempre temos dito: que a mudança do sábado para o domingo não pode ser justificada pela Bíblia, sendo uma mudança promovida pelo Império Romano com a concordância da Igreja de Roma. Os evangélicos podem até procurar textos bíblicos para justificar o descanso dominical, mas não encontrarão um versículo sequer. Ele acabam tendo que admitir que guardam o domingo porque os romanos (império e igreja) assim o decretaram. [MB]

Nota 2: Em um artigo publicado na revista Sinais dos Tempos de março de 1998, o Dr. Alberto Timm explica que “uma das teorias mais usadas para justificar a mudança do sábado para o domingo é a de que o sábado foi abolido na cruz e o domingo instituído em seu lugar através da ressurreição de Cristo. Por mais popular que seja, essa teoria carece de fundamentação bíblica e de comprovação histórica. O texto de João 20:19, normalmente usado para apoiar a teoria, simplesmente declara que os discípulos estavam reunidos, com ‘as portas da casa’ trancadas, por ‘medo dos judeus’, sem qualquer alusão ao domingo como um novo dia de guarda. Além disso, a primeira evidência histórica concreta sobre a existência de cristãos observadores do domingo é encontrada somente na metade do segundo século de nossa era.

“A tese doutoral de Samuele Bacchiocchi, intitulada From Sabbath to Sunday: A Historical Investigation of the Rise of Sunday Observance in Early Christianity (Roma: Pontifical Gregorian University Press, 1977), demonstra ‘que a adoção do domingo em lugar do sábado não ocorreu na primitiva Igreja de Jerusalém, por virtude de autoridade apostólica, mas aproximadamente um século depois na Igreja de Roma.’

“Sob a influência cultural paganizadora do Império Romano, o cristianismo dos primeiros séculos acabou absorvendo vários elementos de origem pagã, dentre os quais se destaca o culto ao Sol de origem persa (mitraísmo). Os mitraístas romanos veneravam o Sol Invictus cada domingo e celebravam anualmente o seu nascimento no dia de 25 de dezembro. Tentando harmonizar alegoricamente o Sol Invictus com o ‘sol da justiça’ do cristianismo (Ml 4:2; Jo 8:12), muitos cristãos começaram a adorar a Cristo no domingo como ‘dia do Sol’ (Sunday em inglês e Sonntag em alemão), com o duplo propósito de se distanciarem do judaísmo perseguido pelos romanos e de se tornarem mais aceitos dentro do próprio Império Romano.

“Mas o que parecia inicialmente apenas um sincretismo religioso começou a assumir um caráter institucional. A 7 de março de 321 d.C., o imperador Constantino, um devoto adorador de Mitra, decretou ‘que todos os juízes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol’. Esse decreto foi seguido por várias medidas eclesiásticas para legalizar a observância do domingo como dia de guarda para os cristãos. O próprio Catecismo Romano, 2ª ed. (Petrópolis, RJ: Vozes, 1962), na página 376, reconhece a atuação da Igreja Católica nesse processo, ao declarar: “A Igreja de Deus, porém, achou conveniente transferir para o domingo a solene celebração do sábado.”

“Por mais atraentes e populares que sejam algumas teorias sobre a origem da observância do domingo, não podemos impor ao texto bíblico interpretações artificiais e desenvolvimentos históricos que só ocorreram após o período bíblico. Para sermos honestos com a Palavra de Deus, precisamos permitir que ela mesma nos diga qual o verdadeiro dia de guarda do cristão (ver Gl 1:8; Ap 22:18, 19).”

Nota 3: É interessante notar como o tema do sábado tem sido destacado ultimamente. Quando o Dr. Ben Carson foi candidato à presidente dos EUA, vários veículos de comunicação destacaram a fé dele e o fato de ser guardador do sábado; quando o goleiro Vítor recusou uma grande oferta de emprego pelo fato de que teria que trabalhar aos sábados, o Brasil inteiro ficou sabendo dessa história de fidelidade; o filme “Hacksaw Ridge” tem como personagem principal um soldado adventista do sétimo dia fiel à Bíblia; e, mais recentemente, a mudança do dia das provas do Enem também colocou em evidência o assunto do dia de guarda. O sábado é o memorial da criação e aponta para o Deus verdadeiro, Criador dos céus e da Terra; além disso, faz parte das três mensagens angélicas de Apocalipse 14. Portanto, é natural que esse assunto ganhe cada vez mais dimensão e seja cada vez mais discutido. Quando você for questionado, que suas respostas sejam embasadas na Bíblia e não na autoridade humana. [MB]