Como ela chegou até nós? |
Não
é raro que alguém coloque em dúvida a confiabilidade na tradição escriturística
que preservou a Bíblia até nossos dias. A principal razão da suspeita está no
fato de que não temos nenhum original do texto bíblico, mas apenas cópias
posteriores que supostamente teriam sido alteradas. O que muitos não sabem,
porém, é que existe um acurado e exaustivo trabalho crítico-textual empregado
em torno do texto bíblico. Neste artigo, vamos falar especificamente do Novo
Testamento. Ao todo, são mais de 5.600 manuscritos neotestamentários,
espalhados em museus e bibliotecas do mundo inteiro. Eles podem estar em forma
de citações, códices, ou até mesmo fragmentos de 6 x 8 centímetros, como é o
caso do Papiro 52, depositado na Biblioteca de Rylands, em Manchester. Mesmo
que não tenhamos hoje nenhum texto original saído das mãos do escritor bíblico
e que todos os manuscritos contenham variantes textuais a ponto de não
existirem nem mesmo dois manuscritos perfeitamente iguais, podemos, ainda
assim, dizer que foi possível conseguir reconstituir com precisão cerca de 90%
do texto que saiu das mãos do autor. Os 10% restantes são elementos não tão
importantes que ainda constituem fonte de discussão entre os especialistas. É o
caso, por exemplo, do binômio Gadara/Gerasa, ou da terminação do evangelho de
Marcos.
As
duas edições manuais mais divulgadas atualmente e que contêm excelente aparato
crítico dos textos são os famosos Nestlé-Aland e The
Greek New Testament, ambos conhecidos de qualquer especialista em colação
textual, que é aquela comparação entre manuscritos com o fim de reconstituir
qual seria o texto original. Mas, para não ficar apenas no campo das afirmações
sem confirmações, eis alguns argumentos simples (fora do campo técnico) que
confirmam a confiabilidade na transmissão do texto neotestamentário: