O amor nunca deve sair de cena |
Há
poucos dias tomei conhecimento acerca das notícias de que carne vencida e moída
com papelão estava sendo vendida no Brasil. Mas o que esse assunto pode ter a
ver com uma coluna escrita por uma psicóloga? Bem, o comportamento humano
sempre me chama a atenção e sempre me faz pensar. E, desde que tive acesso às
informações acerca da contaminação das carnes vendidas no Brasil, tenho observado
o comportamento de pessoas nas redes sociais. Em especial, vegetarianos e
veganos. Em tempo de redes sociais e memes, tudo parece virar motivo de piada.
Mas, a despeito de vivermos um momento em que se faz graça sobre tudo, fazer
graça com a desgraça alheia não combina com discursos em prol da saúde e da
vida. Esses são os discursos que costumam sair dos lábios (e dos dedos) de quem
não consome carne. Mas, nos últimos dias, não apenas as carnes estão
contaminadas, mas os discursos de muitos vegetarianos e veganos também.
O
amor à vida (presente nesses discursos) parece não se aplicar à vida de quem
consome carne como alimento. É isso que os gracejos e zombarias acerca do que
está sendo noticiado revela. Parece que o amor é seletivo. Chego a me perguntar
se ele existe de fato! Ao ler depoimentos de gente ofendida com a falta de
respeito de quem tem se animado em compartilhar imagens e textos de zombarias,
lembrei-me de uma citação que li há muito tempo atrás, de um ilustre analista
do comportamento:
“Sob
circunstâncias apropriadas a alma tímida pode dar lugar ao homem agressivo. O
herói pode lutar para esconder o covarde que habita a mesma pele. [...] O
crente piedoso do domingo pode tornar-se um homem de negócios agressivo e
inescrupuloso nas segundas-feiras” (B. F. Skinner, Ciência e Comportamento
Humano, p. 312, 313).
Como
se costuma dizer, a ocasião faz o ladrão. Lamentavelmente.