O caso da menina de 9 anos que sofreu um aborto no Recife, na quarta-feira (4), ganhou destaque na imprensa internacional. Jornais e sites destacaram a decisão do arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, que disse que a mãe dela e os médicos foram excomungados após a interrupção da gravidez. A rede inglesa BBC informou que o aborto é permitido no Brasil, nos casos de violência sexual e quando a vida da mãe corre risco. O texto afirma que os médicos disseram que a menina de 9 anos estava incluída nos dois casos. O americano The New York Times citou uma entrevista com a diretora do hospital onde foi realizado o aborto, Fatima Maia, que confirmou os riscos para a mãe.
O Daily Mail lembra que o advogado da arquidiocese pernambucana, Márcio Miranda, afirma que "não matar" é uma lei de Deus. A publicação diz ainda que "há mais católicos no Brasil do que em qualquer outro país do mundo".
O caso também continua causando polêmica no Brasil. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, falou sobre o assunto na quinta-feira (5). "Ao defender levar a gravidez até o fim, estaria se colocando a vida dessa menina em risco. Há uma questão extremamente grave e eu fiquei impactado com os dois eventos: a agressão contra a menina e a posição desse bispo, que realmente é lamentável."
Em resposta, o arcebispo disse que não se arrepende de ter falado em excomunhão e ter se colocado contra o aborto. "Eu me arrependeria se não tivesse feito isso. Seria um pecado de omissão."
Ao site espanhol Elpais.com, que também fez reportagem sobre o caso, o arcebispo disse, por telefone, que tem o dever de "alertar o público, para que tenham temor às leis de Deus".
(G1 Notícias)
Comentário do blog Minuto Profético: No livro Declarações da Igreja (p. 117-120), encontramos a posição oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre o aborto. Entre outras coisas, lemos: "O ideal de Deus para os seres humanos atesta a santidade da vida humana, criada à imagem de Deus, e exige o respeito pela vida pré-natal... O aborto nunca é um ato de pequenas consequências morais. Assim, a vida pré-natal nunca deve ser irrefletidamente destruída... O aborto por motivo de controle natalício, escolha do sexo ou conveniência não é aprovado pela igreja. Contudo, as mulheres, às vezes, podem deparar-se com circunstâncias excepcionais que apresentam graves dilemas morais ou médicos, como: ameaça significativa à vida da mulher gestante, sérios riscos à sua saúde, defeitos congênitos graves cuidadosamente diagnosticados no feto e gravidez resultante de estupro ou incesto. A decisão final quanto a interromper ou não a gravidez deve ser feita pela mulher grávida após o devido aconselhamento."
Quanto à declaração do arcebispo católico (posição oficial da Igreja Católica) contrário ao aborto, neste caso, ele falou algo certo - "a lei de Deus está acima de qualquer lei humana" -, porém, ao não levar em conta o bom senso e outros fatores médicos, sua posição acaba sendo uma aplicação de justiça sem nenhuma misericórdia. Será que ele vai lembrar do que disse (a lei de Deus está acima de qualquer lei humana) quando a Lei Dominical for imposta? E o sábado da Lei de Deus?