Os estímulos visuais, olfativos, auditivos, táteis e gustativos penetram no organismo como impulsos nervosos. Todos esses impulsos nervosos são do mesmo tipo. O que define qual sensação eles irão produzir é a área do córtex cerebral que eles alcançam. Portanto, existe uma área do córtex separada para receber e decifrar cada um desses estímulos e provocar diferentes sensações. O sabor amargo logo é rejeitado por desencadear uma sensação desagradável. Na natureza, a maioria das substâncias tóxicas possui sabor amargo, e nosso organismo se protege contra os venenos rejeitando os sabores amargos.
Estímulos visuais com luz muito forte (com muita energia) ou estímulos auditivos muito fortes desencadeiam uma frequência muita alta de impulsos nervosos. Nosso sistema nervoso traduz isso como algo nocivo e tende a repelir ou se proteger desses estímulos. No âmbito tátil, um estímulo mecânico ou de calor forte o suficiente para estimular na pele terminações nervosas especiais para dor produz a sensação dolorosa e o comportamento natural de afastar-se desses estímulos.
Todas essas experiências são armazenadas no nosso sistema nervoso na forma de memória. À medida que nossas experiências tornam-se cada vez mais variadas, aumentam as informações na memória.
Existem algumas reações do organismo que ainda não são bem entendidas e explicadas, porque ocorrem instintivamente, ou seja, sem memória armazenada para elas. Quando o organismo reage dessa maneira, diz-se que essa informação está na “memória genética”, algo semelhante ao instinto nos animais.
Outro ponto importante é a presença de substâncias produzidas por nossas glândulas na pele: glândulas sudoríparas, sebáceas ou outras ainda não entendidas. Essas substâncias têm capacidade de provocar respostas sexuais, comportamentos coletivos, ou respostas de repulsão ou de atração nos indivíduos da mesma espécie. Essas substâncias são denominadas feromônios.
Os feromônios são voláteis, alcançam o nariz e podem ser detectados por um órgão especializado chamado vômero-nasal. Ali não são percebidos como olfato ou cheiro, mas uma vez traduzidos em impulsos nervosos são enviados para o centro da emoção (sistema límbico) e para o hipotálamo. Assim desencadeiam comportamentos diversos e aumentam a secreção de vários hormônios.
Por outro lado, vários odores podem ser traduzidos pelo epitélio olfativo como agradáveis ou como repulsivos, e produzir náuseas e até tonturas.
Todos os estímulos externos que sejam transformados em impulsos nervosos produzem efeitos no organismo. O tálamo é a estrutura nervosa responsável por enviar esses estímulos aos diversos pontos do sistema nervoso e provocar as diversas reações.
Quais comportamentos são aprendidos e quais fazem parte da memória genética é difícil de classificar. Muitos estímulos visuais, olfativos (perfumes) e auditivos provocam excitação sexual pelo aprendizado, ou seja, são aprendidos pela experiência. Então podem ser incentivados e explorados pela mídia e pela moda. Outros estímulos excitam ou são rejeitados devido a informações contidas e analisadas na memória genética dos indivíduos.
Zonas do organismo consideradas erógenas são aquelas que quando estimuladas pelo tato produzem excitação sexual. Essas zonas são as mesmas na maioria das pessoas; porém existem pessoas que podem ter regiões erógenas totalmente diferentes das ditas comuns. Algumas pessoas não se excitam quando estimuladas nas regiões que para a maioria das pessoas são erógenas.
O fato de visualizar um corpo seminu ou nu pode excitar muito um homem e muito pouco ou nada uma mulher. Isso pode significar que o homem é mais sensível a estímulos visuais do que a mulher. Por isso, a moda feminina deixa aparecer tantas partes do corpo feminino.
A mulher pode ser mais sensível a estímulos táteis e auditivos para se excitar. Os perfumes exploram muito as substâncias que podem agir do modo semelhante ao dos feromônios e, assim, excitar homens ou mulheres.
Os comportamentos, sejam eles oriundos da memória genética, da memória armazenada pela experiência ou desencadeados por feromônios, ou ainda um somatório de todos, são explorados pela mídia por diversos motivos.
Aquelas sensações consideradas agradáveis pelo organismo tendem a ser repetidas. Quando repetidas, viram hábito e qualquer hábito que não está sobre o controle voluntário (córtex pré-frontal) exibe um elemento de vício.
(Hélio Pothin, doutor em Fisiologia e professor na UFSM)
Leia também: “O poder da música sobre o cérebro”