sexta-feira, março 27, 2009

Resenha do novo livro de Michael Behe

A teoria da evolução a partir de um ancestral comum, através da seleção natural e da mutação aleatória, exposta por Charles Darwin n'A origem das espécies em 1859, formou um dos conjuntos de ideias mais influentes na história recente da ciência. O darwinismo atravessou as barreiras da academia e difundiu-se, bastante matizado, pela sociedade. Durante quase um século, o darwinismo dominou a explicação científica da origem da vida.

Com as novas descobertas ocorridas a partir de meados do século passado, especialmente do DNA, o nível de complexidade por trás dos processos celulares se mostrou maior do que o esperado pelos evolucionistas. Pôr o darwinismo à prova, à luz dessas descobertas, abre um enorme espaço para a refutação das ideias do naturalista inglês. Atualmente, o questionamento mais vigoroso a respeito da validade dos fundamentos teóricos do darwinismo parte das críticas de Michael Behe.

Michael J. Behe é um autor conhecido entre os estudiosos do darwinismo. Bioquímico e professor na Leigh University, na Pensilvânia, Estados Unidos, popularizou-se por defender o criacionismo — bastante camuflado — de forma bastante competente. Em 1996, com o lançamento de A caixa preta de Darwin, o autor tentava provar que algumas estruturas bioquímicas presentes em certas células são tão complexas que não podem ser explicadas pelo argumento da mutação aleatória, contrariando um dos pilares do darwinismo. A análise de Michael Behe fez o autor figurar entre os principais cientistas a advogarem em prol da teoria do design inteligente. Essa teoria defende que o darwinismo, mesmo sendo bastante coerente e verossímil, é insuficiente para a compreensão da vida e da evolução: a vida na Terra não alcançaria o estágio que alcançou baseada apenas em processos aleatórios. É necessário que haja um caminho a seguir, um projeto, um design funcional a ser alcançado. (...)

(Gabriel da Costa Ávila, mestrando em Ensino, Filosofia e História das Ciências — Universidade Estadual de Feira de Santana; FFCH — Depto. de História, Universidade Federal da Bahia. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 28, nº 56, p. 593-596 - 2008; republicado no blog Desafiando a Nomenklatura Científica)

Nota: Apenas uma correção: Behe não é criacionista. Em seu primeiro livro (A Caixa Preta de Darwin), ele deixa claro que é católico e que aceita aspectos da teoria da evolução. Na verdade, Behe é um dos defensores da teoria do design inteligente (TDI). É uma pena que The Edge of Evolution ainda não tenha sido traduzido e publicado em língua portuguesa. Seria uma boa contribuição para a controvérsia envolvendo o darwinismo e a TDI. Que tal enviar uma mensagem para a Editora Jorge Zahar, estimulando-a a publicar também esse outro livro do Behe?[MB]