sexta-feira, julho 26, 2013

A casa dividida do ateísmo militante

Eli Vieira é um biólogo defensor ferrenho do darwinismo e ateu declarado, ativo nas redes sociais. Ele já me chamou de “desonesto”, numa postagem ilustrada com fotos de criacionistas (a minha, inclusive) e de teóricos do design inteligente, com nariz de palhaço, rapidamente retiradas do ar sob ameaça de processo por parte de um dos mencionados no post (confira). Também já se apropriou indevidamente de uma foto minha, brincando/fingindo que não me conhece e me chamando de “indivíduo aleatório” (confira). Como sou da paz, também deixei isso pra lá. Alguns meses atrás, Vieira teve seus 15 minutos de fama com um vídeo postado no YouTube em que tentou refutar ideias sobre homossexualidade apresentadas pelo pastor evangélico Silas Malafaia durante entrevista concedida à jornalista Marília Gabriela (confira). Mas o que me leva a falar novamente de Eli Vieira aqui no blog é algo que ele escreveu no Facebook sobre a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea). Desta vez, tiro o chapéu para o Eli. 

Vamos ao texto dele: “Quando eu achava que a ‪#‎Atea não poderia descer mais ainda o nível, eles zoam uma garota que perdeu o filho depois de uma cirurgia. Eles acharam engraçado que a garota estava com fé em Deus que o filho fosse sobreviver, o que infelizmente não aconteceu. A pessoa que fez essa piada está tão cega de fanatismo pelo ateísmo que está mais interessada em tripudiar sobre o ‘fracasso’ das orações da jovem mãe do que em respeitar seus ferimentos psicológicos da enorme dor que é perder um filho. Talvez uma dor que um ateu cissexual, homem, heterossexual e de classe média jamais experimentará na vida dele. Uma dor que, para enfrentar na vida, é preciso muito mais coragem que a ‘coragem’ de afrontar uma sociedade majoritariamente teísta com chistes hereges de baixa criatividade e péssima qualidade, e escondendo a cara por trás de uma instituição cujo presidente [Daniel Sottomaior, um ateu fundamentalista com quem já debati no passado, lá no site do Observatório da Imprensa. – MB] tem a pachorra de louvar o proselitismo ao melhor estilo infantil ‘se eles podem eu quero também’, ignorando se o que eles ‘podem’ é certo ou errado, desejável ou indesejável, de consequências positivas ou negativas.

“A quem interessar possa: acompanhei essa tal de Atea desde antes de sua fundação. De seus bastidores e representantes conheço bastante, também. Comecei esse hobby de comentarista público falando do meu ateísmo, que hoje é um detalhe quase irrelevante do meu humanismo secular.

Deve ser por isso que o site da Atea pede "ofertas" de seus fiéis...

“Não tenho nada com essa associação, mantenho distância, não quero ser confundido com ela, nem quero que ela se arvore de prerrogativas de falar por ateus humanistas como eu. Sua página no Facebook é uma vergonha, sua atuação positiva é eclipsada por esta atuação negativa constante, e a imagem que a Atea criou dos ateus me entristece, me envergonha, me revolta e me enoja. Não quero mais que os administradores da página da Atea republiquem qualquer coisa minha por lá. Até já roubaram imagem que criei sem dar o crédito, fazendo alterações [isso é desagradável, né, Eli?]. Pessoas que convidam a associação para mesas redondas e iniciativas de tolerância religiosa precisam estar informadas da conivência da associação com a intolerância religiosa em seu veículo de mídia mais influente. P.S.: Para quem quiser ver o crime descrito neste post: não vou repostar aqui, está no Bule Voador.”

Nota: Creio que Eli deu aqui um bom exemplo de verdadeiro humanismo. E tenho que admitir que, desta vez, ele subiu no meu conceito.[MB]