Teriam elas se sentido em "casa"? |
Muito
já se falou sobre as lésbicas que protagonizaram um beijo escandaloso durante culto
em que o pregador foi o polêmico deputado e pastor Marco Feliciano. Até postei
aqui um texto do Luciano Ayan analisando as ações nem um pouco inocentes dos
chamados “gayzistas” (confira). Mas há ainda uma
faceta em tudo isso que eu gostaria de destacar neste post. Antes, porém, leia
alguns trechos da matéria publicada no site G1, da Globo, claramente favorável à atitude das moças: “Após acionar a
segurança, Feliciano afirmou que elas ‘não têm respeito ao pai, à mãe e à
mulher’. ‘A Polícia Militar que aqui está, dê um jeitinho naquelas duas garotas
que estão se beijando. Aquelas duas meninas têm que sair daqui algemadas. Não
adianta fugir, a guarda civil está indo até aí. Isso aqui não é a casa da mãe Joana, é a casa de Deus’, disse
Feliciano para o fiéis presentes. [...]
“De
acordo com a estudante Yunka Mihura, de 20 anos, também havia casais heterossexuais se beijando no local sem problema
algum. [...] O advogado das jovens, Daniel Galani, disse que vai abrir uma
ação para apurar os responsáveis pela agressão. ‘A gente vê que foi uma
situação que fugiu completamente ao controle. A gente sabe que existiam dois direitos em conflito: um é a
liberdade de expressão e o outro a liberdade do ato religioso. Os dois
direitos são constitucionais e estão previstos para que as pessoas possam
fazê-los’, disse.
“Marco
Feliciano disse que a atitude das jovens é um desrespeito ao culto religioso,
ministrado por ele. ‘Aquilo é desrespeito. Com isso eles me fortalecem e
se enfraquecem, porque qualquer pessoa de bem sabe que em um ambiente religioso não é lugar de fazer o
que aquelas pessoas fizeram. [...]”
Deixando
de lado a polêmica dos dois direitos constitucionais em conflito (qual deles
prevalecerá no futuro?), quero chamar atenção para um detalhe apenas: Aquilo
era culto ou show? Assisti ao vídeo
postado na internet e fiquei, como direi?, estarrecido com a “música”
apresentada antes da entrada de Feliciano no palco. Um cantor (não o conheço) vociferava ao microfone (se quiser ver o vídeo, clique aqui. Note como o portal Terra também se posiciona ao chamar de "meninas" as mulheres de 18 e 20 anos). Com a voz estridente, o cantor animava a plateia a
gritar, erguer as mãos e aplaudir. Exatamente como num culto pagão, as
emoções sobrepujavam a razão. Era um clima de balada, de rave, de sei-lá-o-que.
Tava mais para adoração ao bezerro de ouro do que para culto a Deus. Leia a
Bíblia de capa a capa e você não vai encontrar entre o povo de Deus (quando estava com Ele) esse tipo
de algazarra. Há, sim, menção de alegria, júbilo e música no louvor, mas não de gritaria e explosão descontrolada de emoções sem um pingo de reverência.
Uma das "meninas" é retirada do culto-show pela polícia |
Aquilo
podia não ser a casa da mãe Joana, mas que parecia um show de rock, parecia. As pessoas pulavam, erguiam os braços, gritavam e
dançavam. Naquele contexto, sinceramente, beijos nem pareciam algo tão
estranho... Fosse um culto ordeiro, racional e decente (como orienta o apóstolo
Paulo em Romanos 12:1 e em 1 Coríntios 14:40), a atitude das moças (e de
outros) ficaria em gritante contraste. Fosse outro o ambiente, talvez elas nem
tivessem coragem de fazer o que fizeram. Talvez até fossem “tocadas” pela
pregação da Palavra, pela música apropriada, com mensagem. Mas, com aquele barulho, a gritaria e a agitação toda, sem
a solenidade que deve caracterizar o culto, as duas se sentiram motivadas – não
a entregar a vida a Jesus. E deu no que deu.
Com
todo o respeito aos irmãos sinceros que tomam parte nesse tipo de culto, não
posso deixar de falar sobre essa incoerência que vem ganhando força nos últimos
anos no mundo gospel. As igrejas
estão imitando estilos profanos de música com o intuito de “ganhar” os jovens,
mas o que conseguem com isso? Perdem o respeito. São alvo de chacota e mantêm em seus rebanhos uma
juventude que está ali mais pelo show,
pelo entretenimento do que pelo comprometimento com a Palavra de Deus. Exatamente como os baladeiros, recebem doses de adrenalina e dopamina. Ficam viciados nesses cultos-show. E para por aí.
As
duas consequências de acontecimentos como esse protagonizado pelo pastor, pela polícia e pelas "meninas" lésbicas, são, de qualquer modo,
negativas: (1) os evangélicos são perseguidos, criticados e debochados pelo
motivo errado (não pela fidelidade a Deus) e (2) os gayzistas ganham força ao
demonizar e desumanizar o opositor e posar de vítimas dos “fundamentalistas”
fanáticos. Basta notar como a Globo e o Terra, por exemplo, já escolheram seu lado na
história.
E
que Deus nos livre dos dois lados!
Michelson Borges