Se
você ouvir um saudosista dizer que já não se fazem mais galáxias como
antigamente, saiba que é mentira. Um estudo acaba de mostrar que desde 11,5
bilhões de anos atrás o Universo já tinha galáxias nas mesmas formas que elas
têm hoje. Sabe-se que as galáxias se formaram relativamente cedo na história do
cosmos. A Via Láctea, por exemplo, tem cerca de 13 bilhões de anos, nascida
apenas 800 milhões de anos após o Big Bang. Contudo, os cientistas imaginavam
que as galáxias, quando bebês, deviam ser bem diferentes - menos evoluídas -
que as atuais. Era o que sugeriam modelos sobre a formação dessas estruturas. Novos
resultados, obtidos com o Telescópio Espacial Hubble, contestam essa ideia.
Eles mostram que cerca de 2,3 bilhões de anos depois do Big Bang as galáxias já
tinham mais ou menos a forma atual. “Isso significa que as galáxias amadurecem
de forma mais rápida do que se acreditava”, diz Gastão Lima Neto, astrônomo da
USP que não participou do estudo.
O
uso do telescópio espacial não poderia ser mais adequado. Foi o astrônomo
americano Edwin Hubble (1889-1953) quem fez o primeiro estudo consistente da
evolução das galáxias. O chamado diagrama de diapasão de Hubble cobre todos os
tipos galácticos vistos no cosmos, entre eles as espirais (como a nossa Via
Láctea).
Vasculhando
as profundezas do espaço, os astrônomos conseguem observar como as galáxias
eram. (Como elas estão muito longe, a luz delas demora a chegar à Terra, o que
explica por que o estudo dos objetos mais distantes equivale a enxergar o
passado cósmico.)
Estudos
anteriores já haviam sondado galáxias de até oito bilhões de anos atrás e viam
que o esquema de Hubble se sustentava. O novo trabalho, feito com dados de um
projeto chamado Candels somado a imagens colhidas em dois instrumentos do
telescópio espacial, empurra mais 2,5 bilhões de anos na direção do passado e
mostra que, naquela época, as galáxias já tinham o padrão das atuais.
No
total, os pesquisadores observaram 1.671 galáxias espalhadas pelo Universo. E a
ideia é não parar por aí. “Continuaremos a sondar épocas cada vez mais remotas
para tentar identificar em que momento as galáxias evoluídas começam a aparecer
pela primeira vez”, disse à Folha Mauro Giavalisco, pesquisador da
Universidade de Massachusetts, nos EUA, e um dos autores do trabalho, publicado
no periódico The Astrophysical Journal.
“Isso irá nos ajudar a entender qual é o processo físico responsável por fazer
as galáxias pararem de formar estrelas e envelhecerem.”
Nota:
Isso me lembra das pesquisas feitas nas áreas da paleontologia e da biologia,
as quais estão descobrindo que a complexidade já existia muito antes de os cientistas suporem que fosse possível, porque,
“contaminados” pela filosofia evolucionista, imaginam que tudo deva ter tido
uma origem rudimentar e ganhado complexidade posteriormente, ao longo de
bilhões de anos (nem preciso dizer que esse tipo de pensamento é
anticientífico, pois vai contra as leis da termodinâmica e da informática,
segundo as quais sistemas fechados tentem à desordem se deixados por si sós e a
origem da informação [ainda mais do tipo complexa e específica] depende de uma
fonte informante). Parece que esse padrão biológico de complexidade existente
desde sempre se repete em âmbito cósmico. Se o pensamento evolucionista for
aplicado ao cosmos, de fato as galáxias deviam ser rudimentares lá nos
primórdios do Universo, mas não é o que se tem constatado. Só que, em lugar de
concluir por uma criação relativamente rápida, com complexidade e ordem
originadas por uma Causa superior, os evolucionistas concluem que,
diferentemente do que supunham, a evolução (cósmica e biológica) deve ter ocorrido de modo rápido. É o
naturalismo filosófico entranhado na mente que não permite aos seus aderentes
enxergar as coisas como elas são. [MB]
Leia também: "Galáxias velhas num universo jovem"