Os
geólogos se deram conta de que estavam diante de um achado histórico quando o
velho Karp Lykov disse que seus filhos, que se comunicavam através de
grunhidos, nunca tinham visto um pão na vida. Foi aí que resolveram descobrir
qual a história por trás daquela barraca localizada no meio do
nada. Os geólogos estavam em uma expedição enviada em 1978 para a Taiga
Siberiana, região erma e inabitada da Rússia. Um helicóptero havia
sido enviado para a região com a missão de detectar um local seguro para a
expedição dos geólogos que chegariam alguns dias depois. Em um quase acidente,
o helicóptero se viu no meio de um desfiladeiro, com duas imensas
montanhas ao lado. Eles não viam traços de civilização em um raio de
ao menos 200 quilômetros - até que uma imensa clareira foi avistada no alto da
colina. Quando os geólogos finalmente chegaram, a ideia inicial da missão
(encontrar ferro e outros tipos de minério) foi colocada de lado e o objetivo
passou a ser encontrar explicações para a clareira - um tipo de
intervenção inegavelmente humana. Nenhuma autoridade tinha sequer ouvido falar
de seres humanos habitando essa parte da Sibéria. Munidos de presentes e armas
de fogos, lá foram os geólogos.
“Ao lado de um riacho, tinha uma construção. A cabana estava toda recoberta de detritos da floresta e se não fosse por uma janela minúscula, seria difícil acreditar que tinha gente ali. Eis que a porta abre e um homem, que parecia saído de um conto de fadas, saiu. Descalço, ele usava uma roupa toda remendada e parecia atento e amedrontado. Nós dissemos que viemos visitá-los e, depois de um tempo, com uma voz trêmula, ele disse: ‘Bem, já que vocês vieram de tão longe, podem entrar.’” Esse é o depoimento de Galina Pismenskaya, a geóloga russa que chefiou a expedição e a primeira pessoa que conversou com o homem barbudo que abriu a porta. O depoimento foi publicado pela revista americana Smithsonian Magazine.
“Ao lado de um riacho, tinha uma construção. A cabana estava toda recoberta de detritos da floresta e se não fosse por uma janela minúscula, seria difícil acreditar que tinha gente ali. Eis que a porta abre e um homem, que parecia saído de um conto de fadas, saiu. Descalço, ele usava uma roupa toda remendada e parecia atento e amedrontado. Nós dissemos que viemos visitá-los e, depois de um tempo, com uma voz trêmula, ele disse: ‘Bem, já que vocês vieram de tão longe, podem entrar.’” Esse é o depoimento de Galina Pismenskaya, a geóloga russa que chefiou a expedição e a primeira pessoa que conversou com o homem barbudo que abriu a porta. O depoimento foi publicado pela revista americana Smithsonian Magazine.
O
chão da cabana era forrado por cascas de batata, pinhas e cascas de nozes.
Entre as várias descrições de Pismenskaya para o interior do espaço, fiquemos
com “apertado, mofado, indescritivelmente imundo e escorado por vigas caídas”.
Além do homem, moravam ali também seus quatro filhos. Foi quando suas duas
filhas apareceram, meio sorrateiras, meio desconfiadas, que a cena ficou
insondável de verdade: uma rezava, dizendo que aqueles forasteiros estavam ali
“por causa dos pecados da família” e a outra parecia verdadeiramente assustada
com a luz vinda da janela. Então a turma decidiu sair.
Depois de uma sutil aproximação do velho, ainda naquele dia, os dois grupos começaram a se conhecer, da maneira menos trôpega que o abismo temporal permitia. Pra resumir a história: ele era um Velho Crente, nome que se deu a uma vertente da Igreja Ortodoxa Russa perseguida pelo Czar Pedro, o Grande. Sua família era de uma fé inviolável e não é difícil imaginar como isso contrastava com o ateísmo dos bolcheviques que tinham assumido o poder em 1917. Em 1936 seu irmão foi assassinado por uma patrulha comunista. Lykov estava ao seu lado no momento da morte e, assustado, tudo que conseguiu pensar foi em pegar sua família e ir pra longe de tudo.
Depois de uma sutil aproximação do velho, ainda naquele dia, os dois grupos começaram a se conhecer, da maneira menos trôpega que o abismo temporal permitia. Pra resumir a história: ele era um Velho Crente, nome que se deu a uma vertente da Igreja Ortodoxa Russa perseguida pelo Czar Pedro, o Grande. Sua família era de uma fé inviolável e não é difícil imaginar como isso contrastava com o ateísmo dos bolcheviques que tinham assumido o poder em 1917. Em 1936 seu irmão foi assassinado por uma patrulha comunista. Lykov estava ao seu lado no momento da morte e, assustado, tudo que conseguiu pensar foi em pegar sua família e ir pra longe de tudo.
Sua
família, na época, era sua mulher e mais dois filhos. Os outros dois - aqueles
que nunca viram pão (ou humanos que não fossem da família) na vida, foram
concebidos já na floresta. Eles aprenderam a ler com a Bíblia e escreviam com
galhos embebidos em seiva de flor. A dieta deles era aflitivamente frágil: em
épocas de sorte, batatas e animais eventualmente caçados pela família. Em
épocas de azar, folhas e sementes de ervas. Em 1961, durante um verão gelado, a
matriarca morreu de fome.
Os geólogos e a família passaram a ter um mínimo de convivência, mas os Lykov se recusavam a sair da floresta. No máximo, uma visita até a base onde os geólogos dormiam. A relação deles com a tecnologia é particularmente curiosa. Primeiro que o velho Karp Lykov (que, por motivos justificáveis, duvidou quando disseram que o homem havia pisado na Lua) disse que já tinha notado a existência de satélites quando chegou à conclusão de que “as estrelas estavam se mexendo rápido demais no céu”. A família ficava hipnotizada toda vez que assistia televisão na base, mas logo em seguida começavam a rezar como que percebendo (ou tendo certeza) que tinham acabado de cometer um pecado.
Em 1981, três dos quatro filhos morreram - dois com problemas no rim (devido, acredita-se a diferença entre a dieta selvagem e a civilizada) e um de pneumonia. O velho Karp morreu em 1988 e foi enterrado no pé da montanha, ao lado da cabana, com a ajuda de sua filha e dos geólogos. Agafia, a única remanescente, deve estar com seus 70 anos e ainda morava na Sibéria na última vez que os geólogos a viram.
Os geólogos e a família passaram a ter um mínimo de convivência, mas os Lykov se recusavam a sair da floresta. No máximo, uma visita até a base onde os geólogos dormiam. A relação deles com a tecnologia é particularmente curiosa. Primeiro que o velho Karp Lykov (que, por motivos justificáveis, duvidou quando disseram que o homem havia pisado na Lua) disse que já tinha notado a existência de satélites quando chegou à conclusão de que “as estrelas estavam se mexendo rápido demais no céu”. A família ficava hipnotizada toda vez que assistia televisão na base, mas logo em seguida começavam a rezar como que percebendo (ou tendo certeza) que tinham acabado de cometer um pecado.
Em 1981, três dos quatro filhos morreram - dois com problemas no rim (devido, acredita-se a diferença entre a dieta selvagem e a civilizada) e um de pneumonia. O velho Karp morreu em 1988 e foi enterrado no pé da montanha, ao lado da cabana, com a ajuda de sua filha e dos geólogos. Agafia, a única remanescente, deve estar com seus 70 anos e ainda morava na Sibéria na última vez que os geólogos a viram.
(Galileu)
Nota: Se quiser conhecer as atrocidades cometidas pelo regime comunista ateu contra uma família adventista, leia o livro Ainda Que Caiam os Céus (clique aqui).