Sim,
a foto [ao lado] é de um cérebro humano adulto. A diferença é que ele é
totalmente liso, sem os sulcos e as dobras tão característicos do órgão mais
complexo da nossa espécie. Podemos apenas imaginar como era a vida para essa
pessoa. Ele ou ela era um residente do que hoje é o North Texas State Hospital,
um centro de saúde mental americano, e lá morreu em 1970. Isso é tudo que
sabemos. Enquanto o frasco que contém seu cérebro está rotulado com um número
de referência, o microfilme contendo os registros médicos do paciente foi
perdido. Algumas pessoas, incluindo o fotógrafo Adam Voorhes, tentaram rastrear
mais informações sobre esse e outros cerca de 100 cérebros humanos detidos em
uma coleção na Universidade do Texas, Austin (EUA), sem sucesso.
O
rótulo no frasco desse cérebro bizarro indica que o paciente tinha agiria – uma
falta de giros e sulcos formados pelo córtex cerebral normalmente enrugado. Essa
condição rara, também conhecida como lissencefalia, muitas vezes leva à morte
antes dos 10 anos. Também pode causar espasmos musculares, convulsões e, uma
vez que reduz drasticamente a área da superfície dessa parte fundamental do
cérebro, uma série de dificuldades de aprendizagem.
Lisencefalia
significa literalmente “cérebro liso”, e é um distúrbio raro causado por
defeito de migração neuronal durante a 12ª e 24ª semanas de gestação,
resultando em uma falta de desenvolvimento de dobras cerebrais (giros) e
sulcos. As causas de lisencefalia podem incluir infecções virais do útero ou do
feto durante o primeiro trimestre, ou fornecimento insuficiente de sangue ao
cérebro fetal no início da gravidez. Há também uma série de causas genéticas,
como a mutação do gene reelin no
cromossomo 7, bem como outros genes no cromossomo X e no cromossomo 17.
David
Dexter, do Imperial College Londres (Reino Unido), diz que nunca viu nada
parecido com isso antes. “Nós já recebemos indivíduos com certos sulcos
faltando, mas nada como este cérebro”, comentou. Segundo Dexter, não é uma
surpresa que a pessoa tenha sobrevivido até a idade adulta, uma vez que o
cérebro é tão adaptável, embora ele acredite que tenha havido alguns efeitos
deletérios.
Nota:
Você já deve ter lido aqui no blog sobre outras doenças graves causadas por uma
única mutação. E esse tipo de coisa nos leva a pensar que são muitos os motivos
que poderiam levar a “fórmula da vida a desandar”. Bastam mínimas mutações em
nosso patrimônio genético para que a vida se torne inviável. Tudo tem quem
estar em seu lugar correto, desempenhando a função específica no tempo exato.
Então, a pergunta de sempre é: Como pode ter havido um processo evolutivo
gradual, se uma simples mutação num único gene pode levar o indivíduo à morte?
Nossa espécie (e outras tantas) estaria extinta muito tempo antes de que os
genes “se ajustassem” e adquirissem a capacidade de fazer o que precisam fazer.
[MB]