Uma geração vem sendo destruída |
Pelo
menos um em cada dez adolescentes na Grã-Bretanha já teria participado de ou
feito vídeos com sexo explícito. A impressionante estatística surgiu num estudo
conjunto das ONGs britânicas de defesa dos direitos infanto-juvenis NSPCC e
Childline, em que foram entrevistados 700 adolescentes com idades de 12 a 13
anos. Divulgado nesta terça-feira, o estudo mostra um quadro preocupante de
exposição a conteúdo explícito, sobretudo na internet. Pelo menos 20% dos
entrevistados disseram ter visto imagens que os chocaram. Para a NSPCC,
consumir pornografia está se transformando numa atividade cotidiana e cerca de
10% dos entrevistados temem estar ficando “viciados” em pornografia. A
Childline, que conta com um serviço telefônico de apoio para crianças e
adolescentes, lançou uma campanha de conscientização e de aconselhamento
específico sobre os efeito do consumo de material pornográfico.
Um
menino entrevistado pela NSPCC disse estar “sempre vendo vídeos pornô, alguns
deles bem agressivos”. O menino disse que o consumo de material explícito teve
efeito em sua percepção do sexo feminino. “Tenho medo de nunca me casar se eu
continuar pensando em meninas da maneira que faço hoje”, disse o menino.
A
NSPCC também divulgou uma entrevista com uma adolescente de 17 anos que foi
estuprada por seu namorado quando tinha apenas 12. “Ele achou que era Ok, mas
eu me senti suja, confusa e chocada”, contou a menina. “Pornografia não é
apenas um vídeo de 10 minutos. Ela tem consequências.”
Usando
uma série de animações, a campanha da Childline, batizada de “A luta contra os
zumbis da pornografia”, discute as implicações da superexposição de meninos e
meninas à pornografia. Para o diretor da ONG, Peter Liver, é importante
discutir o assunto abertamente. “Crianças de todas as idades hoje têm acesso a
uma grande variedade de material pornográfico. Se nós hesitarmos em tratar
deste assunto, estaremos falhando em proteger as milhares de crianças afetadas”,
disse Liver à BBC.
“As
crianças nos contam que assistir pornografia está fazendo com que fiquem
deprimidas e tenham problemas de autoestima, além de fazer com que elas se
sintam pressionadas a fazer sexo mesmo que não estejam prontas para isso.”
Ele
elogiou a decisão do governo britânico de incluir assuntos como estupro e sexo
consensual no programa de educação sexual nas escolas já a partir dos 11 anos
de idade.
“Precisamos
acabar com o embaraço e a vergonha que existem em torno de discussões sobre
pornografia. Queremos ajudar os jovens a ter mais informações para tomar suas
decisões”, acrescentou Liver.
Fundadora
da Childline, a jornalista Esther Rantzen alertou para o impacto do consumo
precoce de pornografia para meninas. “As meninas, em particular, sentem que
precisam ter o visual de uma atriz pornográfica e se comportar como uma para
que os meninos gostem delas”, disse Rantzen. “Precisamos conversar com os jovens
sobre sexo, amor, respeito e consentimento para garantirmos que eles saibam
diferenciar entre relacionamentos na vida real e no mundo da fantasia da
pornografia.”
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