Padre Micael Carlos |
O
embaixador do Vaticano nas Nações Unidas aprova uma ação militar contra o
movimento Estado Islâmico no Iraque e na Síria, uma posição incomum, pois
tradicionalmente o Vaticano opõe-se ao uso da força. Durante uma entrevista
ao site católico norte-americano Crux, Silvano Tomasi disse que os
combatentes do Estado Islâmico estão cometendo atrocidades numa escala enorme e
que o mundo tem de intervir. “Temos de parar esse tipo de genocídio, de outro
modo iremos questionar no futuro por que não fizemos alguma coisa; por que
permitimos que acontecesse tal tragédia”, defendeu o arcebispo italiano. Silvano
Tomasi referiu ser necessária uma “coligação bem pensada” para fazer tudo o que
for possível para conseguir uma decisão política sem violência. “Mas, se isso
não for possível, então o uso de força será necessário”, acrescentou. O papa
Francisco já denunciou a “intolerável brutalidade” infligida aos cristãos e
outras minorias no Iraque e na Síria pelos militantes do movimento Estado
Islâmico.
De
acordo com o líder da Igreja São José de Coxim, padre Micael Carlos Andrejzwski,
a igreja sempre foi a favor da paz, sempre pregou a paz. Para ele, um claro
exemplo é a vida do papa Pio XII. Na II Guerra Mundial, o papa foi colocado
como um dos que apoiou o nazismo, mas, contrariando essa acusação, ele afirma
que o papa apenas se protegeu e ainda defendeu muitos judeus dentro das igrejas
na Europa, principalmente na Itália, no Vaticano. Com isso, a conclusão a que
ele chega é de que precisamos nos proteger e não apenas assistir essas
atrocidades.
“O catecismo da igreja católica, se
analisado ao pé da letra, aprova a pena de morte. Então todo o cidadão tem
o direito de se defender. Em primeiro lugar vem a paz; somos contra qualquer
tipo de violência, mas o ser humano tem o direito de defesa. Quem vai permitir
que alguém entre na sua casa, te roube, te assalte, faça mal para a sua
família? Todos têm o direito de se defender. Quando vemos as cenas que eles
gravam e apresentam para as redes de televisão e redes sociais, nos deparamos
com cenas de brutalidade, de horror. Se nos colocarmos no lugar das famílias
dos que estão sendo mortos já é difícil, mas imagina se fosse teu irmão, teu
esposo, ou outro ente que estava sendo assassinado ali; isso cria uma grande
revolta”, comparou o padre.
Micael
acredita que nesses casos é preciso que haja uma ação para banir essa situação,
pois não é uma ação em favor da vida. A igreja sempre diz que mais abelhas se
atraem com uma gota de mel do que com um barril de vinagre, quando falamos a
respeito da paz, mas, em contrapartida, precisamos nos defender.
“Visitei
Israel recentemente e pude conhecer seu exército. Lá está localizado o melhor
exército do mundo, e eles são preparados, precavidos. Com oito milhões de habitantes,
entre mulçumanos, judeus e cristãos, eles são os mais treinados do mundo para
se defender. Se quisessem acabar com a Faixa de Gaza já teriam feito, em três
dias estaria tudo dizimado se agissem com violência. Mas apenas se defendem.
Para tomar a Síria, Jordânia e o Egito levariam cinco a sete dias, conforme
informações que obtive com militares durante visita. Porém, buscam esse
conhecimento, esse preparo apenas para se defender. Nós, como igreja, somos
assim, procuramos a paz, caso contrário, apenas nos defendemos”, relatou o
padre.
Para
exemplificar, o padre ainda declarou que “se houver uma onda de violência em
Coxim e começarem a decapitar pessoas, nós, como Igreja, não poderemos cruzar
os braços e dizer que somos da paz, nem podemos negociar com essas pessoas. Conversamos com quem escuta e tem a
capacidade de dialogar, caso contrário, tem, sim, que usar a força, e se
precisar a Igreja vai usar”. Micael finalizou dizendo que não vê nada
assustador na declaração do papa ou do embaixador, mas que banir a violência é
um dever de todos, inclusive da Igreja.