Brasil visto do espaço |
Em
1992, eu havia recém-ingressado no curso de jornalismo da Universidade Federal
de Santa Catarina. O assunto que dominou a imprensa naquele ano foi o primeiro impeachment de um presidente brasileiro,
Fernando Collor de Mello, o “caçador de marajás” que prometia limpar o Brasil
da corrupção. Um dos líderes das manifestações contra o presidente da República
que era, ele mesmo, um “marajá” lá das Alagoas, foi o então presidente da União
Nacional dos Estudantes (UNE), Lindberg Farias. Com 23 anos na época, Farias se
uniu a milhares de outros jovens e foi para as ruas protestar de cara pintada.
Recém-convertido, confesso que tive vontade de também pintar a cara de verde e
amarelo, ir para as ruas e gritar contra o Collor, os corruptos, os políticos
indignos do nosso voto. Mas pensei melhor e não fui. Na verdade, o que vi
depois foi um monte de jovens fazendo festa, como se aquilo fosse um grande
carnaval de rua. E vi políticos oportunistas instrumentalizando a situação.
Vinte
e três anos depois, ao ver a foto abaixo, me sinto ainda mais aliviado de não
ter participado daquela palhaçada que não colocou o Brasil nos eixos. Farias e
Collor estão novamente sob os holofotes, no palco da política nacional; mas,
desta vez, do mesmo lado, citados na lista de Janot. Os dois nobres senadores serão
investigados pelo Supremo Tribunal Federal na Operação Lava Jato. É mole? Como
confiar nessa “raça”? É como diz a Bíblia: “Maldito é o homem que confia nos
homens” (Jr 17:5). Nada mais certo. Muitos amigos meus, com seu pensamento
esquerdista alimentado ou adquirido nas salas de aula, confiaram no PT, no
Lula, e veja só o que deu. Políticos roubaram antes do PT? Desviaram
desavergonhadamente verba que seria usada para prover merenda para crianças
pobres em escolas precárias? Puseram a mão em verba oriunda dos impostos
abusivos cobrados do povo? Sim, é claro que sim. Infelizmente. Mas um partido
que pregava a moralização da política e que esbravejava contra os corruptos de
colarinho branco não poderia ter seguido o mesmo caminho.
O
poder concedido a pessoas não convertidas e amorais as destrói – e destrói os
sonhos daqueles que confiam nelas, esquecendo-se de que elas são apenas seres
humanos falhos, pecadores e corruptíveis. Farias e Collor e Lula e Dilma e
Aécio e FHC e muitos outros são farinha do mesmo saco. Pensam mais em si, em
seu futuro, em sua conta bancária, nos interesses de seu partido, em seu projeto
de poder do que na situação de milhões de brasileiros que trabalham horas a fio
em busca de esperança e de alguma dignidade – a mesma dignidade que não veem em
seus representantes políticos.
O
dia 15 de março vem aí. Mais uma vez é possível que milhões de brasileiros vão
para as ruas protestar contra os desmandos dos governantes. A popularidade de
Dilma chegou a uma casa decimal. O dólar e o preço dos combustíveis subiram. A
decepção e a apreensão podem ser vistas no rosto de muitas pessoas. O caos pode
se instalar, com baderneiros oportunistas soltos por aí. A instabilidade
política pode se acentuar. Um eventual novo impeachment
poderia ser até mais desastroso do que a permanência da presidente no poder,
mas com um claro recado das ruas no sentido de que coloque ordem na casa. A
volta do militarismo é ideia de gente que não conhece a história e que gosta de
flertar com o perigo. Quanto aos cristãos que levam a sério a Palavra de Deus,
deveriam reler com atenção Romanos capítulo 13.
A
melhor maneira de melhorar este país é sendo honestos e cumpridores do dever em
nossa esfera. Votar com consciência e cobrar dos nossos representantes um comportamento
digno (quando nós mesmos nos comportamos assim) é nosso direito e nosso dever.
Mas que tudo seja feito de maneira ordeira e por vias democráticas.
É
hora de os cristãos e os brasileiros de fé se unirem para orar pelos rumos
deste país. Precisamos reconhecer que Deus e Seu plano de redenção são a única
solução para este mundo que agoniza. O resto são apenas paliativos.
Michelson Borges