quarta-feira, abril 20, 2016

Microfósseis eram na verdade forma peculiar de minerais

Uma nova análise de Brasier publicada na PNAS[1] parece resolver uma controvérsia que se estendeu desde a última década. Os “microfósseis” de Apex eram na verdade uma forma peculiar de minerais. As dúvidas começaram em 2002 com um questionamento publicado na Nature, também por Brasier, as quais foram seguidas por outras publicações, como a de García-Ruiz,[3] que sintetizou filamento indistinguíveis [veja a imagem] das supostamente biológicas a partir de compostos muito simples reproduzindo condições plausíveis. Isso abriria precedentes para perda de confiança na possibilidade de reconhecimento e distinção de padrões. A novo exame considerou tamanho, forma,¹ química² e distribuição¹ de carbono mineral. O Dr. Wacey, responsável pelo mapeamento por meio do microscópio eletrônico de transmissão, diz:

“Logo ficou claro que a distribuição de carbono era diferente de tudo visto em microfósseis autênticos. A falsa aparência de compartimentos celulares é dada por várias placas de minerais de argila que têm química inteiramente compatível com um ambiente hidrotermal de alta temperatura. Estudamos uma série de microfósseis autênticos usando a mesma técnica de microscopia eletrônica de transmissão e em todos os casos eles se revelam coerentes, invólucros esféricos de carbono tendo dimensões consistentes com sua origem a partir de paredes celulares e revestimentos. Em alta resolução espacial existe falta total de evidências de envoltórios esféricos coerentes nos ‘microfósseis’ de Apex. Em vez disso, eles têm uma complexa, incoerente, morfologia cheia de estruturas pontiagudas, evidentemente formados por filamentos de cristais de argila revestido com ferro e carbono.”

Eu não iria escrever nada sobre isso, mas aí entra o Design Inteligente. O artigo de García-Ruiz[3] foi citado pelo inteligentista Abel[4] na seção (2.6) onde é dito que auto-ordenação às vezes mimetiza organização. Eu pensei em escrever para ele que isso de alguma forma violaria o Filtro Explanatório[5] em que somente a inteligência mimetiza a natureza, não o inverso. Isso mesmo considerando o estado degradado das amostras. A descrição do Dr. Wacey demonstra que Abel superestimou os processos estocásticos em atribuir essa capacidade, pois Wacey usou duas análises básicas, clássicas para a inferência de design: composição² e configuração espacial.¹ Uma das duas já é o suficiente para eliminar o falso positivo.

(Junior D. Eskelsen, TDI Brasil)

Referências:
[1] Martin D. Brasier, Jonathan Antcliffe, Martin Saunders, and David Wacey, “Changing the picture of Earth’s earliest fossils (3.5–1.9 Ga) with new approaches and new discoveries.” PNAS 2015 112: 4859-4864.
http://www.pnas.org/content/112/16/4859.abstract
[2] Brasier, Martin D., et al. “Questioning the evidence for Earth’s oldest fossils.” Nature 416.6876 (2002): 76-81.
http://www.nature.com/nature/journal/v416/n6876/full/416076a.html
[3] García-Ruiz, Juan Manuel, et al. “Self-assembled silica-carbonate structures and detection of ancient microfossils.” Science 302.5648 (2003): 1194-1197.
[4] Abel, David L., and Jack T. Trevors. “Self-organization vs. self-ordering events in life-origin models.” Physics of Life Reviews 3.4 (2006): 211-228.
[5] Dembski, W. “The Explanatory Filter: A three-part filter for understanding how to separate and identify cause from intelligent design” (1996).