quarta-feira, maio 04, 2016

50º aniversário do Simpósio Wistar: mais atual que nunca

A matemática é um campo de estudo em que o ceticismo científico relacionado ao neodarwinismo pode sobreviver com segurança. Podemos citar como exemplo a afirmação do matemático Granville Sewell, da Universidade do Texas, El Paso: “Conheço muitos matemáticos, físicos e cientistas da computação que, como eu, estão atônitos pelo fato de a explanação de Darwin para o desenvolvimento da vida ser tão aceita nas ciências biológicas.”[1] Mas muitos podem questionar: “Que autoridade a matemática tem para dar palpites sobre a biologia evolutiva?” Bem, conforme afirmou o mestre em Geologia Casey Luskin, ex-coordenador de investigação científica do Discovery Institute: “A verdade é que a matemática tem uma forte tradição em fazer críticas convincentes à biologia evolucionária. Afinal de contas, a teoria de Darwin da evolução por meio da seleção natural é fundamentalmente baseada em um algoritmo que usa um processo matemático de tentativa e erro para tentar produzir complexidade. A genética de populações é repleta de matemática. De fato, uma das críticas sobre os alegados fósseis transicionais de baleias é que eles representariam mudanças evolutivas em uma escala de tempo muito rápida para ser matematicamente factível. Ao que parece, não há boas razões para que formados em matemática não possam comentar sobre a habilidade do processo de seleção-mutação neodarwiniano em gerar a complexidade da vida.”[2]

Há exatos 50 anos, eram impostos os limites matemáticos para a evolução darwiniana. Everton Alves afirmou em seu livro que “uma das primeiras indicações de uma dissensão científica contra Darwin ocorreu no Simpósio Wistar, em julho de 1966, no centro de pesquisas do Instituto Wistar da Universidade da Pensilvânia, em resposta às descobertas de Murray Eden e outros cientistas colaboradores. As descobertas ainda não haviam sido publicadas, mas mesmo assim despertaram a atenção de biólogos evolutivos. O resultado disso foi a conferência intitulada ‘Desafios matemáticos para a teoria neodarwinista da evolução’, em que matemáticos e outros cientistas de áreas afins se reuniram para discutir as inadequações do neodarwinismo como teoria científica frente às possibilidade matemáticas”.[3]

Ainda segundo Everton, “uma das descobertas apresentadas na conferência se baseou na modelagem da seleção natural de mutações aleatórias usando a teoria da probabilidade. Murray Eden, professor do MIT, mostrou em sua palestra que seria impossível até mesmo para um único par ordenado de genes ser produzido por mutações no DNA de bactérias E. coli. Ele acrescentou que, a ‘aleatoriedade’ não pode gerar vida e se a seleção aleatória fosse posta de lado, apenas design permaneceria, pois, nesse caso, seria necessário um planejamento intencional por uma inteligência. Ou seja, a partir daí, foi demonstrado que mutações por seleção aleatória (pilar básico do ensino evolutivo) não geram novas informações biológicas”.[3]

Os registros feitos no Simpósio Wistar serviram para a elaboração de um livro intitulado Desafios Matemáticos à Interpretação Neodarwiniana da Evolução, no qual foram reunidos vários desafios à evolução por meio de pesquisas de diversos cientistas que palestraram durante a conferência.[4] O curioso é que nenhum desses desafios foi aceito e explicado pela teoria evolutiva até os dias de hoje. E, para comemorar o 50º aniversário da conferência, o pesquisador sênior e filósofo da biologia Dr. Paul Nelson fez um vídeo em que resume o que aconteceu naquele evento. Assista aqui

Michelson Borges

Referências:
[1] Sewell G. “A Mathematician’s View of Evolution.” The Mathematical Intelligencer 2000; 22(4):5-7.
[2] Luskin C. “Mathematicians and Evolution.” Evolution News and Views, 2006. Disponível aqui
[3] Alves E.F. Teoria do Design Inteligente: evidências científicas no campo das ciências biológicas e da saúde. Campinas, SP: Widbook, 2015.
[4] Moorhead P.S., Kaplan M.M. (Eds.). Mathematical Challenges to the Neo-Darwinian Interpretation of Evolution. Philadelphia: Wistar Institute Press, 1967, nº 5.