A
matemática é um campo de estudo em que o ceticismo científico relacionado ao
neodarwinismo pode sobreviver com segurança. Podemos citar como exemplo a
afirmação do matemático Granville Sewell, da Universidade do Texas, El Paso:
“Conheço muitos matemáticos, físicos e cientistas da computação que, como eu,
estão atônitos pelo fato de a explanação de Darwin para o desenvolvimento da
vida ser tão aceita nas ciências biológicas.”[1] Mas muitos podem questionar: “Que
autoridade a matemática tem para dar palpites sobre a biologia evolutiva?” Bem,
conforme afirmou o mestre em Geologia Casey Luskin, ex-coordenador de
investigação científica do Discovery Institute: “A verdade é que a matemática
tem uma forte tradição em fazer críticas convincentes à biologia evolucionária.
Afinal de contas, a teoria de Darwin da evolução por meio da seleção natural é
fundamentalmente baseada em um algoritmo que usa um processo matemático de
tentativa e erro para tentar produzir complexidade. A genética de populações é
repleta de matemática. De fato, uma das críticas sobre os alegados fósseis
transicionais de baleias é que eles representariam mudanças evolutivas em uma
escala de tempo muito rápida para ser matematicamente factível. Ao que parece,
não há boas razões para que formados em matemática não possam comentar sobre a
habilidade do processo de seleção-mutação neodarwiniano em gerar a complexidade
da vida.”[2]
Há
exatos 50 anos, eram impostos os limites matemáticos para a evolução darwiniana.
Everton Alves afirmou em seu livro que “uma das
primeiras indicações de uma dissensão científica contra Darwin ocorreu no
Simpósio Wistar, em julho de 1966, no centro de pesquisas do Instituto Wistar
da Universidade da Pensilvânia, em resposta às descobertas de Murray Eden e outros
cientistas colaboradores. As descobertas ainda não haviam sido publicadas, mas
mesmo assim despertaram a atenção de biólogos evolutivos. O resultado disso foi
a conferência intitulada ‘Desafios matemáticos para a teoria neodarwinista da
evolução’, em que matemáticos e outros cientistas de áreas afins se reuniram para
discutir as inadequações do neodarwinismo como teoria científica frente às
possibilidade matemáticas”.[3]
Ainda
segundo Everton, “uma das descobertas apresentadas na conferência se baseou na
modelagem da seleção natural de mutações aleatórias usando a teoria da
probabilidade. Murray Eden, professor do MIT, mostrou em sua palestra que seria
impossível até mesmo para um único par ordenado de genes ser produzido por
mutações no DNA de bactérias E. coli.
Ele acrescentou que, a ‘aleatoriedade’ não pode gerar vida e se a seleção
aleatória fosse posta de lado, apenas design
permaneceria, pois, nesse caso, seria necessário um planejamento intencional
por uma inteligência. Ou seja, a partir daí, foi demonstrado que mutações por
seleção aleatória (pilar básico do ensino evolutivo) não geram novas informações
biológicas”.[3]
Os
registros feitos no Simpósio Wistar serviram para a elaboração de um livro
intitulado Desafios Matemáticos à
Interpretação Neodarwiniana da Evolução, no qual foram reunidos vários
desafios à evolução por meio de pesquisas de diversos cientistas que
palestraram durante a conferência.[4] O curioso é que nenhum desses desafios
foi aceito e explicado pela teoria evolutiva até os dias de hoje. E, para
comemorar o 50º aniversário da conferência, o pesquisador sênior e filósofo da
biologia Dr. Paul Nelson fez um vídeo em que resume o que aconteceu naquele evento.
Assista aqui.
Michelson Borges
Referências:
[1] Sewell G. “A Mathematician’s
View of Evolution.” The Mathematical
Intelligencer 2000; 22(4):5-7.
[2] Luskin C. “Mathematicians
and Evolution.” Evolution
News and Views, 2006. Disponível aqui.
[3]
Alves E.F. Teoria do Design Inteligente:
evidências científicas no campo das ciências biológicas e da saúde.
Campinas, SP: Widbook, 2015.
[4] Moorhead P.S., Kaplan M.M.
(Eds.). Mathematical
Challenges to the Neo-Darwinian Interpretation of Evolution.
Philadelphia: Wistar Institute Press, 1967, nº 5.