Vestígios de evolução? |
A
pedido de alguns leitores, aqui estou outra vez para tratar deste tema
frequentemente divulgado como “verdade científica”. É preciso esclarecer que
indivíduos que acreditam na transmutação das espécies entendem o “atavismo”
como o reaparecimento de uma característica primitiva em seres vivos modernos,
após várias gerações de ausência. Charles Darwin foi quem inicialmente compilou
em A Origem das Espécies uma
lista de potenciais “atavismos”, mas ele focou em dois exemplos principais: o
cavalo e seu animal favorito, o pombo.[1] Uma questão intrigante quanto ao
conceito de “atavismo” foi levantada pelo cientista M.Sc. Trevor Major em um de
seus artigos: “Como
podem as reversões [atavismos] contribuir para a evolução das espécies, se as
formas contemporâneas se mantiverem regredindo para um estado anterior? Em seus
primeiros anos de pesquisa, Darwin admitiu a possibilidade de que ‘qualquer
grande mudança na espécie é reduzida por atavismo’ (Barrett, et al., 1987, p. 259). Então, ao longo
do tempo, a população pode sofrer ciclos de evolução e involução, sem nunca se
transformar em uma espécie diferente. Reversões podem mostrar como as
populações podem variar, mas elas não podem provar mudança em grande escala
durante longos períodos de tempo.”[1]
Essa
observação de Trevor se apoia no princípio encontrado na “Lei de Dollo”, a qual
diz que “a evolução não pode caminhar para trás”. A lei de Dollo, também conhecida
como lei da irreversibilidade da evolução, foi sugerida em 1890 por um
naturalista belga chamado Louis Dollo. No começo do século 20, a hipótese de
Dollo foi confirmada por biólogos que chegaram a uma conclusão parecida com o
auxílio de análises estatísticas.
Dessa
forma, a ideia ou regra de irreversibilidade, baseada em probabilidades, passou
a ser conhecida como “Lei de Dollo”. Se ela estiver correta, atavismos podem
ocorrer muito raramente – isso se de fato ocorrerem. Em geral, essa lei da
biologia evolutiva diz que uma vez que se perde a capacidade de se fazer algo,
a perda será permanente.[2] Em outras palavras, se uma mutação pequena resultar
na perda de uma estrutura como os mamilos ou os dedos adicionais, então a
seleção natural já não poderia atuar sobre os elementos perdidos.
Em
2007, um estudo buscou traçar a história evolutiva de duas plantas com flores
(angiospermas) que os biólogos evolucionistas acreditam estar intimamente
relacionadas. Foram realizados experimentos de mutagênese a fim de que as
plantas revertessem traços para um estado mais “primitivo”. Segundo os autores,
eles não obtiveram sucesso, pois o processo esbarra em princípios básicos do design inteligente: “Uma vez que surgem
novos personagens, e não por adições simples, mas pela integração de redes
complexas de funções de genes que tornam muitos sistemas irredutivelmente
complexos, esses sistemas não podem – de acordo com a lei de Dollo –
simplesmente reverter para o estado original sem destruir inteiramente o padrão
de integração garantindo a sobrevivência de uma espécie.”[3: p. 18] Portanto,
vemos que a complexidade irredutível é um grande desafio para o conceito de
“atavismo”.
Atualmente,
os exemplos populares de “atavismo” e “estruturas vestigiais” são mais difíceis
de documentar. Isso porque os dados atuais não mais sustentam essa crendice
evolutiva. Sabemos hoje que “atavismos” nada têm a ver com a evolução dos seres
vivos. As características – erroneamente associadas ao “atavismo” – que surgem
nada mais são que defeitos genéticos como, por exemplo, a espinha bífida. Ao
longo do tempo, cientistas sérios como o bioquímico Dr. Duane Gish (in memoriam) não aceitaram a conotação
dada a deformações humanas como sendo “atavismos”.[4] Logo, o que é
interpretado como atavismo, nada mais é que um exemplo de desenvolvimento
embrionário anormal, ou de uma doença rara.[5]
Portanto,
não se engane! Não é porque um resultado fenotípico (cauda e excesso de pelos
em humanos, galinhas com dentes, cavalos com dedos extras, entre outros)
apresente características morfológicas de primatas ou de outros mamíferos,
segundo a interpretação evolucionista, que isso realmente signifique que um
gene “oculto” em nosso genoma tenha sido “desreprimido” ou “ativado”.
Como
sabemos disso? Podemos citar como exemplo uma pesquisa realizada com pessoas
que possuem a doença hipertricose congênita generalizada, responsável pelo
surgimento do excesso de pelos em humanos.[6] Os autores do estudo, Sun e
colaboradores, dizem que essa doença foi considerada no passado um exemplo de
“atavismo” e uma “prova” do elo (macaco-homem) que seria necessário para
comprovar a teoria de Darwin.[6] Também não podemos nos esquecer de que os
europeus se utilizaram do conceito de “atavismo” para fins de discriminação
racial.[5] No entanto, as conclusões do estudo de Sun e colaborares
demonstraram que a origem da doença encontra-se em mutações genéticas
localizadas no cromossomo 17, a saber:
“Congenital
generalized hypertrichosis (CGH), a condition characterized by excessive hair
growth all over the body as compared to the normal of the same age, sex, and
race, has attracted a great attention from the scientific community and the
general public since the Middle Ages. It was considered an example of atavism
and at one time even thought to be the missing ape-human link required to prove
Darwin’s theory. It is now
believed that most people with CGH have an unknown genetic defect.”[6: p. 807]
Conclusão:
atavismo é uma desordem genética extremamente rara, ou seja, não é uma involução,
como os evolucionistas insistem em propagar nos livros didáticos. Portanto, a
ciência derruba por terra mais um boato evolucionista.
(Everton Alves)
Referências:
[1] Major T. Shadows of Evolution. Apologetics
Press, 1994 [link].
[2]
Standish TG. “Um golfinho mutante demonstra que a evolução é verdadeira... Ou
talvez não.” Ciência das Origens,
2006, n 12.
[3]
Lönnig WE, Stüber K, Saedler H, Kim JH. “Biodiversity and Dollo’s Law: To What Extent can the
Phenotypic Differences between Misopates orontium and Antirrhinum majus be
Bridged by Mutagenesis.” Biorem. Biodiv. Bioavail.
2007; 1(1):1-30 [link].
[4]
Gish DT. “Evolution and the
Human Tail.” Impact 1983; n 117.
[5] Bergman J. “Darwin’s
ape-men and the exploitation of deformed humans.” Journal of Creation 2002; 16(3):116-122 [link].
[6]
Sun M, et al. “Copy-Number Mutations on Chromosome 17q24.2-q24.3 in
Congenital Generalized Hypertrichosis Terminalis with or without Gingival
Hyperplasia. ” Am J Hum Genet. 2009
Jun 12; 84(6): 807-813 [link].