Era tudo mentira |
A historiadora que anunciou a existência de um manuscrito que
diz que Jesus foi casado com Maria Madalena confessou nesta sexta-feira (17)
que o documento é falso [eu já havia postado sobre isso aqui e aqui]. Karen King,
professora de história eclesiástica na Universidade de Harvard, fez seu anúncio
depois que a identidade da pessoa que entregou o manuscrito a ela foi revelada:
Walter Fritz, um norte-americano envolvido nos estudos de egiptologia, no ramo
de peças de automóveis e na pornografia. Até agora, Fritz era a peça que
faltava para esclarecer o enigma que vinha confundindo o mundo acadêmico havia
quatro anos - a autenticidade do pequeno pedaço de papiro de 1.500 anos,
escrito na antiga língua copta. O segredo foi revelado por Fritz em uma carta
direcionada à revista The Atlantic,
na qual ele assumiu ser o proprietário do manuscrito. “Eu, Walter Fritz,
certifico que sou o único proprietário do fragmento de papiro que foi chamado
de ‘Evangelho da esposa de Jesus’”, inicia o homem. “Garanto que nem eu, nem
quaisquer terceiros forjaram, alteraram ou manipularam o fragmento e/ou sua inscrição,
desde que foi adquirido por mim. O proprietário anterior não deu indicações de
que o fragmento tenha sido adulterado”, alegou.
King obteve o papiro em 2011. De acordo com o registro, seu
antigo proprietário havia comprado o fragmento de um homem chamado Hans-Ulrich
Laukamp, em 12 de novembro de 1999. Uma nota manuscrita no contrato registra
ainda que Laukamp adquiriu o papiro em 1963, em Postdam, na Alemanha Oriental.
Agora se sabe que Fritz adquiriu o papiro de Laukamp em Berlim, em 1990, quando
se conheceram em uma palestra do autor Erich von Daniken - famoso por suas teorias alienígenas.
Anos mais tarde, durante uma viagem de negócios para Londres,
Fritz conheceu um negociante de artes que se ofereceu para comprar o manuscrito
por cerca de US$ 50 mil (equivalente a R$ 174.520). Antes de fechar
acordo, Fritz entrou em contato com a professora King para entender por que o
comerciante estava oferecendo um valor tão alto. No entanto, o negociante
interrompeu as negociações ao descobrir que Fritz conversou com a historiadora.
Foi nesse momento que King ganhou o papiro.
Desde que King surgiu com as alegações baseadas no papiro, alguns
estudiosos passaram a questionar a autenticidade do documento. O jornal da
Universidade de Cambridge dedicou uma edição para esclarecer a controvérsia,
contando com a contribuição dos principais estudiosos de teologia, incluindo o
Dr. Christian
Askeland.
“Não podemos saber ao certo por que o falsificador criou esse
manuscrito, se ele queria ganhar algum dinheiro por meio do engano. Alguns
especulam que a falsificação é uma jogada para a narrativa O Código Da Vinci, que inclui um Jesus casado e um professor de Harvard”, disse
Askeland ao site Christian Today.
Os indícios de
falsificação também foram apoiados por outros acadêmicos que apontaram
a má formação das letras, a gramática incomum e o ponto de sintaxe formados
para uma falsificação moderna.
(Guiame)
Nota: Nada como um dia depois do outro... Como
ficam agora os milhares de céticos que apontavam para esse “manuscrito” como
evidência de que o relato bíblico estava equivocado? Será que a descoberta da
fraude ganhará a mesma repercussão da “descoberta” original? Será que o assunto
estampará a capa de revistas como National
Geographic, Superinteressante, Galileu e Veja? Ou, como é comum nesses casos, será publicada (se for) como
apenas uma nota? Será que o agora milionário Dan Brown terá coragem de escrever
outro romance polêmico com base na descoberta da fraude? Ele pelo menos poderia
vir a público para dizer que enriqueceu disseminando mentiras sobre Jesus e Sua
discípula Maria Madalena. [MB]
Leia também: “Conheça a bizarra história do suposto ‘evangelho da mulher de Jesus’”
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