segunda-feira, setembro 05, 2016

Três das DSTs mais comuns estão ficando intratáveis

Isso é suficiente?
A coisa está ficando séria: segundo a Organização Mundial da Saúde, sífilis, clamídia e gonorreia - doenças bacterianas - estão ficando resistentes aos antibióticos mais usados contra elas. E infectam cada vez mais pessoas. As infecções são três das doenças sexualmente transmissíveis (DST) mais frequentes: juntas, elas contagiam 200 milhões de pessoas por ano - todo ano, são 131 milhões infectadas pela clamídia, 78 milhões pela gonorreia e 5,6 milhões pela sífilis. Com tanta gente ficando doente, os antibióticos estavam sendo administrados sem cuidado nenhum – e, muitas vezes, por tempo demais ou em doses desnecessariamente altas. Esse uso exagerado de antibióticos é justamente o que tem feito as bactérias se tornarem mais resistentes. O caso da gonorreia é o pior: a OMS afirma que já existem cepas da bacteria N. gonorrhoeae, causadora da doença, que não respondem a nenhum dos medicamentos que existem.

O cenário para a sífilis e a clamídia não é tão extremo, mas seus agentes causadores já se mostram bem mais resistentes à medicamentos também, o que preocupa a organização. Por isso, na terça (30), a OMS aconselhou uma mudança nos tratamentos padrão para essas doenças. Para começar, a organização recomenda o uso do antibiótico certo para cada caso, em doses mais controladas do que se tem usado até agora - cada serviço de saúde em cada país deve ficar responsável por definir o medicamento.

Outra recomendação, mais específica, é não usar a quinolona, um tipo de antibiótico comum nos casos de infecções bacterianas como a sífilis, a gonorreia e a clamídia. Para fechar, a OMS pediu que os governos prestem atenção no aumento da resistência dessas bactérias, ano a ano. Tudo isso deve aumentar os custos de tratamento, já que os antibióticos específicos são, geralmente, os mais novos - e mais caros. Fora que estudar os tipos de cepa que cada pessoa infectada tem antes de receitar um medicamento também vai dar um baita trabalho.

A sífilis é transmitida por meio do contato com feridas de pessoas infectadas - elas podem aparecer nos genitais, no ânus, na boca ou em outras partes do corpo. A doença também pode ser transmitida de mãe para filho durante a gestação ou no parto (por ano, a transmissão desse tipo provoca cerca de 143 mil mortes fetais e nascimento de natimortos, além de 62 mil mortes neonatais, segundo a OMS). Quem tem sífilis pode desenvolver essas feridas em um estágio inicial, mas elas saram logo e se tornam erupções com pus. Aí, esses sintomas desaparecem, até que um tempo depois (às vezes até anos), a doença volta à atividade e causa danos ao cérebro, aos olhos e ao coração.

Já a clamídia, a mais comum das DSTs causadas por bactérias, causa um ardor forte ao urinar ou corrimentos genitais - embora a maioria das pessoas não apresente sintomas.

A gonorreia pode provocar, além de dores nos genitais, infecções e muita dor no reto e na garganta.

As três doenças, caso não sejam diagnosticadas e tratadas a tempo, podem causar problemas graves a longo prazo - mesmo que não apresentem sintomas por um tempo. As mulheres, por exemplo, podem desenvolver gravidez ectópica (fora do útero), inflamações na região pélvica e abortos espontâneos. Nos dois sexos, a sífilis, a gonorreia e a clamídia podem causar infertilidade, além de aumentarem o risco de a pessoa ser infectada pelo HIV.


Nota: A culpa é do não uso da camisinha. A culpa é do uso indiscriminado de antibióticos. A culpa é do governo... Quando é que vão colocar a culpa no verdadeiro culpado? É claro que a OMS nunca vai recomendar isto, mas a única forma realmente segura de não contrair uma DST (e eles esqueceram de falar do drama do HPV) é praticar o sexo realmente seguro: monogâmico, heterossexual, pós-matrimônio. Podem considerar esse discurso antiquado, mas os fatos falam mais alto. O tal “sexo seguro” que depende apenas de uma fina camada de látex não tem se mostrado realmente seguro. Pergunte em um congresso médico se eles aprovariam que seus filhos tivessem relação sexual com alguém sabidamente infectado pelo HIV ou pelo HPV, usando apenas a camisinha como proteção. Qual seria a resposta? Não se trata de discurso conservador, moralista ou discriminatório. Trata-se de analisar os fatos e perceber a relação de causa e efeito. Só isso. Enquanto a sociedade, as autoridades e a mídia promoverem o sexo sem compromisso e a sensualidade, as pessoas continuarão colhendo os frutos amargos desse comportamento. Isso que nem vou falar aqui das consequências emocionais do sexo sem compromisso nem amor. Acredite, elas existem. [MB]