Kappelman e sua imaginação fértil |
Há
situações em que médicos legistas e investigadores não conseguem determinar a
causa da morte de alguém, mesmo tendo o cadáver sobre a mesa do necrotério. Há
situações em que não se consegue determinar a idade de uma pessoa centenária,
quando ela não mais tem em mãos seus documentos originais. Os cientistas desconhecem
muitos detalhes sobre a origem e mesmo sobre o funcionamento de criaturas
vivas, que podem muito bem ser pesquisadas, investigadas e até dissecadas em
laboratório. Mas, quando o assunto é a origem da vida e dos ancestrais dos
seres humanos, ainda que isso tenha supostamente acontecido há milhões ou até
bilhões de anos, aí, sim, os cientistas evolucionistas sabem tudo! Sabem como
surgiram, como se comportavam e até como morreram. Não é impressionante?!
Até
parece que há uma “agenda secreta” que determina a publicação de uma notícia
evolucionista de quando em quando, para manter a doutrinação das pessoas. A
última notícia desse tipo dá conta de que a vida na Terra teria se originado 220
milhões de anos antes do que se pensava até agora. Cientistas australianos revelaram
a existência de fósseis que datam de supostos 3,7 bilhões de anos (segundo a
cronologia evolucionista, evidentemente). As pequenas estruturas, chamadas de
estromatólitos, foram encontradas na Groenlândia e vieram à
superfície após o degelo de uma placa no maciço de Isuea, no sudoeste dessa
grande ilha.
Segundo
o pesquisador Allen Nutman, da Universidade de Wollongong, esses estromatólitos
– estruturas fossilizadas “de origem biológica”, de 1 a 4 centímetros –
demonstram que a vida emergiu pouco depois da formação da Terra, há supostos 4,5
bilhões de anos. E ele especula que isso permite abrigar a esperança de que uma
forma muito básica de vida [sic] pode, em algum momento, existir no Planeta
Marte.
Agora
note como, com base em evidências mínimas, as especulações vão aumentando. Diz
o pesquisador: “Se a vida se desenvolveu tão rapidamente na Terra [ele já assume
como fato o que era hipótese], permitindo a formação de coisas como esses
estromatólitos, seria mais fácil detectar sinais de vida em Marte.”
Só
para lembrar, estromatólitos são formados por cianobactérias, e bactérias, por
mais que alguns as chamem de “simples forma de vida”, dispõem de DNA e têm a
capacidade de duplicar essa informação genética a fim de se multiplicar. Se
elas têm DNA, isso pressupõe complexidade e design
inteligente, afinal, informação complexa e específica não surge do nada. É essa
informação que garante a vida da bactéria, coordenando suas funções. A bactéria
precisava ter desde sempre uma membrana complexa e seletiva, a fim de que seu
conteúdo não se dispersasse no meio aquoso, mas que permitisse a entrada de
nutrientes. Essa membrana é formada por proteínas bem específicas. Perguntas: O
que surgiu primeiro: o DNA que sintetiza as proteínas? As proteínas que formam
o DNA? A membrana que mantém as organelas protegidas? As organelas das quais a
bactéria e sua membrana dependem para existir?
Segundo
o físico e engenheiro de software Eduardo
Lütz, “as informações que guardamos em um computador, incluindo o sistema
operacional, programas e dados, são armazenadas em uma peça que chamamos de
disco rígido (ou ssd em alguns mais recentes e caros). Isso corresponde ao DNA.
A membrana da bactéria corresponde à carcaça do computador. Mas a parte mais
complexa do computador nem é o disco rígido nem a carcaça, mas, sim, o
processador, que precisa de mecanismos auxiliares, como a memória de trabalho e
circuitos para acessar dispositivos como disco rígido, teclado, tela, usb, etc.
O mesmo se aplica à bactéria. Ela tem DNA e membrana. Existem realmente
programas altamente complexos armazenados no DNA, mas a parte mais complexa é a
que acessa, interpreta e executa esses programas. O DNA sozinho não faz coisa alguma. Depende de muitas organelas e nanomáquinas (enzimas) para que as instruções nele armazenadas possam ser lidas e executadas.”
Mas,
para piorar o cenário, o tal “surgimento” da vida vem recuando cada vez mais no
tempo. Como explicar que vida com tal complexidade tenha “surgido” em um
passado tão remoto quanto quase a idade estimada para a origem da própria Terra?
Se continuar recuando assim, daqui a pouco não haverá mais tempo para o
surgimento e a “evolução” da vida.
Pior
mesmo foi o título publicado pelo jornal Extra:
“Fósseis do tempo em que a Terra
lembrava Marte são descobertos na Groenlândia.” Aqui a
especulação chega ao nível hard. Note
que o editor do título já parte do pressuposto de que a Terra foi parecida com
Marte, algo não provado nem demonstrável, e faz isso com a clara intenção de,
depois, afirmar que a vida poderia ter surgido também no planeta vermelho.
A outra notícia, igualmente veiculada nesta
semana, tem que ver com a famosa Lucy, a australophitecus
que viveu na África há supostos 3,18 milhões de anos. Uma
equipe de pesquisadores norte-americanos analisou fissuras nos ossos
fossilizados de Lucy, também conhecida como a “avó da humanidade”, e, com base
nessa análise, concluiu: Lucy sofreu uma queda de 15 metros. Os ossos foram encontrados
em 1974, na Etiópia, e compõem quase 40% de um esqueleto.
John
Kappelman, antropólogo da Universidade do Texas, em Austin, chegou a especular
o seguinte: “Acho que as lesões são tão graves, que, provavelmente, ela morreu
logo após a queda.” Mas tem mais. O pessoal do CSI paleontológico trabalhou pra
valer! Também foi encontrada uma lesão no ombro direito de Lucy. Kappelman
explicou que “ela esticou os braços no momento do impacto, numa tentativa de
amparar a queda”. Não disse? Sabem tudo sobre o ocorrido. Contam com menos de
40% de um esqueleto fossilizado, mas sabem até que a moça pré-histórica esticou
o braço para se proteger de uma queda de 15 metros. Sim, 15. Não 10 nem 20.
Como
era de se esperar, a “descoberta”, publicada na revista Nature, está sendo criticada por outros cientistas, que dizem que
muita coisa pode acontecer a um esqueleto com supostos 3,2 milhões de anos. Na verdade,
muita coisa poderia acontecer com o esqueleto, ainda que tivesse “apenas” mil
anos. O corpo de Lucy pode ter sido esmagado, antes de ser coberto por camadas
de sedimentos, ou ela pode até ter sido soterrada em vida.
Donald
Johanson, pesquisador que descobriu Lucy há mais de 40 anos em Afar, na
Etiópia, diz que “há uma infinidade de explicações para o osso quebrar”. Ele acrescenta
ainda que “a sugestão de que ela caiu de uma árvore não é verificável, nem
falseável, e é, portanto, improvável”.
Mas o assunto ganha as páginas de uma revista científica que fecha as portas para artigos de cunho criacionista, e a mídia concede amplo espaço para tantas especulações, negando-se a sequer considerar as evidências favoráveis ao criacionismo.
Quem
disse que o mundo é justo?
Michelson Borges