Tudo continua como antes |
Parecia, finalmente, a solução para que “casais”
masculinos pudessem ter filhos. Só que não. As coisas permanecerão do jeito que
Deus idealizou. Nada como um dia depois do outro para a gente sentir vergonha
alheia de alguns coleguinhas da imprensa.
Segundo matéria publicada no site da revista Science, tudo não passou de espetáculo. Os
cientistas não descobriram como fazer “bebês sem mãe”, nem chegaram perto de
criar um embrião sem o uso de um óvulo. Diz a matéria: “Um artigo publicado na Nature
Communications provocou uma enxurrada de manchetes sobre formas
futuristas de contornar a fórmula básica ‘espermatozoide + óvulo = embrião’.
Foram contadas histórias de pesquisadores que teriam usado uma célula da pele,
por exemplo, em vez de um óvulo, para fazer um bebê, o que, segundo eles,
poderia tornar possível para um casal gay ter um bebê por meio da fusão do
espermatozoide de um homem com a célula da pele do outro.”
Só que, segundo a Science, o que foi divulgado não tem nada a ver com a ideia de criar
um embrião sem o uso de um óvulo. Como a maioria dos livros de biologia
introdutória explica, o que faz com que espermatozoide e óvulo sejam capazes de
se fundir e dar origem a um novo organismo é que cada um deles contém apenas
metade dos cromossomos. O termo técnico para isso é uma célula haploide. As
células da pele são definitivamente não haploides, e ninguém chegou perto de
descobrir como torná-las assim.
Além disso, o
óvulo contém poderosos fatores ainda desconhecidos que lhe permitem dirigir os
primeiros passos do desenvolvimento embrionário. Resumindo, os óvulos ainda são
insubstituíveis e revelam tremendo design
inteligente e complexidade irredutível. Os mecanismos complexos que promovem a
fecundação, como a afinidade bioquímica entre as duas células germinativas
totalmente diferentes, e a capacidade do óvulo de dirigir o desenvolvimento do embrião
deveriam estar presentes desde a primeira vez em que um óvulo foi fecundado por
um espermatozoide, do contrário, não estaríamos aqui falando sobre isso.
A matéria da Science também dá as dicas de como
tornar uma pesquisa não conclusiva em um “fato” midiático. Anote aí:
1.
Crie um título cheio de jargão: “Ratos produzidos por reprogramação mitótica do
esperma injetado em partenogênese haploide.” Ou algo do gênero.
2.
Divulgue sua pesquisa em linguagem mais acessível e crie um título interessante:
“Esperma de rato gera descendência viável sem fertilização de um óvulo.”
3.
Organize uma conferência para a imprensa com os autores do paper.
4.
Consiga uma citação elogiosa de um cientista bem conhecido e respeitado. Tipo:
“[É] um tour de force técnico.”
E funciona. Veja a
manchete no Telegraph: “Bebês sem mãe
são possíveis: como os cientistas criaram descendência viva, sem necessidade de
um óvulo feminino”; e no The Guardian:
“Células da pele podem ser usadas em lugar de óvulos para fazer embriões, dizem
cientistas.”
Por enquanto, para
continuar existindo, a espécie humana continua dependendo da maravilhosa união
entre as células germinativas de um homem e uma mulher. E fica a grande lição:
não confie em tudo o que lê e vê por aí. [MB]