terça-feira, dezembro 06, 2016

Tremendo desafio: pregar a uma sociedade que afunda

Enquanto em Portugal aborto pode ser matéria para alunos do 5º ano e educação sexual pode ser dada no pré-escolar (confira aqui), no Brasil, em Juazeiro do Norte, uma peça teatral apresentada no Sesc Cariri de Culturas, tem uma parte em que os atores andam nus no palco, em círculo, enquanto cada um deles enfia o dedo no ânus do outro (confira). Sim, é isso mesmo o que você leu. E tudo indica que essa “arte” tem financiamento do Governo Federal. Mas tem mais. Veja este relato de Leonardo Bruno:

“Passeava eu pela livraria da editora da UFPA, no campus da universidade, folheando livros, quando me deparei com um exemplar cujo título era, no mínimo, chamativo: ‘Abuso sexual’. Supus a princípio que fosse mais um trabalho acerca dos malefícios da pedofilia, dos transtornos psicológicos causados contra crianças abusadas ou violentadas sexualmente. Um simples detalhe não ficou despercebido: o livro coloca o abuso sexual entre aspas, como se o termo não fosse real. O autor, pesquisador da universidade, relativiza o abuso sexual como mero discurso moral, mais do que uma realidade. A partir dessas premissas e falsificando o próprio sentido das palavras, diz que a tentativa de proteger as crianças do sexo é apenas uma visão dentro de uma moralidade burguesa e cristã, e que, na prática, não corresponde aos anseios dos menores, já que, em outras épocas, a prática sexual entre adultos e crianças é tolerada. Aquilo me deixou espantando, embora não totalmente perplexo. Pois já sabia que a campanha ideológica a favor da pedofilia é outra mazela acadêmica que veio para nos aterrorizar” (confira).

E ele prossegue: “Que o movimento gay seja um grupo de sociopatas e dementes, isso já é bem sabido para quem o conhece. Todavia, o incentivo cada vez mais explícito da agenda gay de transferir a subcultura homossexual para o ambiente escolar já passou dos limites. Seria caso de polícia, se este país fosse decente.”

Leonardo destaca as palavras sintomáticas de certa professora universitária: “As ‘brincadeiras infantis’ também podem envolver outros: meninos buscando conhecer o corpo de outros meninos e meninas buscando conhecer os próprios corpos e de outras meninas e meninos. Então, quando meninos e meninas brincam sexualmente com seus corpos, com outros meninos e meninas, eles não estão sendo gays ou lésbicas, quando fazem isso com pares do mesmo sexo. Não é disso que se trata. Que deixem as crianças brincarem em paz, isso as tornará adolescentes e adultos mais inteligentes e potencialmente mais perspicazes no enfrentamento e na transformação do mundo que lhes deixamos.”

Dentro da lógica acima, as crianças mais velhas terão passe livre para abusar sexualmente das crianças mais frágeis. As meninas não escaparão disso, já que podem ser bolinadas, manipuladas ou seviciadas por meninos mais velhos e até adultos. A tal professora entende que isso é apenas uma “descoberta” e que vai transformá-las em indivíduos mais inteligentes e potencialmente perspicazes! “Poucas vezes se viu uma apologia tão descarada do estupro infantil e da corrupção de menores. Que mundo maravilhoso [a professora] deixa como herança, não é mesmo?”, pergunta Leonardo.

No outro lado do espectro da sexualidade, aqueles que procuram ter relações íntimas apenas com pessoas com as quais tenham afetividade, num contexto de romantismo, são tidos como “demissexualizados”, ou algo assim (confira). Ou seja, o sexo que deveria ser o mais próximo do ideal, segundo os valores cristãos, é considerado anômalo. Na sociedade em que vivemos, homossexualidade, aborto, sexo entre crianças e coisas afins são tidas como normais, ao passo que a sexualidade expressa em um contexto de amor, fidelidade e compromisso passa a ser encarada como algo ultrapassado e até anormal. Total inversão de valores!

E, para concluir, outro tipo de decadência que desencadeia uma série de males: Brasil cai em ranking mundial de educação em ciências, leitura e matemática. Os dados são do Pisa, prova feita em 70 países, e foram divulgados nesta terça-feira; Brasil ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática (confira).

Arranca-se da família (em franca desestruturação) o papel educador quanto ao caráter e à sexualidade e entrega-se essa missão ao sistema educacional com sua agenda. Nas áreas humanas, nas universidades, perde-se tempo considerável discutindo “questões de gênero” e sexualidade, concluindo, assim, a modelagem do “cidadão do futuro”, esse mesmo que mal sabe interpretar um texto, fazer um cálculo ou discutir temas ligados à ciência (no caso específico do Brasil e de outros países desafortunados).

Alguma dúvida sobre quem está há um bom tempo orquestrando tudo isso? Percebe o tamanho do desafio que se impõe àqueles que receberam a ordem de Cristo de ir e pregar o evangelho a todas as pessoas (Mc 16:15)? Cada vez mais a mensagem do evangelho (que pode, de fato, nos dar esperança e garantir a mudança de dentro para fora) torna-se contracultural. Cada vez mais os cristãos serão vistos como “intrusos” em um mundo que desejam abençoar e salvar. Cada vez será mais difícil falar de criacionismo para quem não sabe o que é ciência; falar de lógica e linguagem divina para quem não compreende matemática; e falar de profecias e estudo bíblico para quem não sabe ler. Mesmo assim, a despeito de tudo isso, o desafio evangelístico de Cristo permanece e a promessa de que Ele estará conosco até o fim, também.

Não foi fácil para Noé. Não foi fácil para os primeiros cristãos no Império Romana. E não será fácil para nós. Mas temos que prosseguir mesmo assim. [MB]