Estaria em Gênesis a explicação? |
[Meus
comentários seguem entre colchetes. – MB] Transformar lagartos primitivos em
serpentes foi um truque complexo e lento operado pela seleção natural, mas uma
equipe internacional de cientistas descobriu um possível elemento crucial dessa
mágica: uma espécie de fechadura genética capaz de produzir vertebrados
terrestres sem patas. [Qual teria sido a vantagem evolutiva em selecionar
répteis sem patas que vivem na superfície?] Para ser mais exato, a tal
fechadura (na verdade um pequeno trecho de poucas letras químicas de DNA, nos
cafundós do genoma das cobras) foi parando de funcionar ao longo da evolução
desses répteis [note que, quando os evolucionistas mencionam exemplos reais de “evolução”,
o assunto sempre se refere à perda de funções, de órgãos e de informação
genética. Nunca há ganho macroevolutivo]. Com isso, um gene essencial para o
desenvolvimento dos membros deixou de ser “lido” pelo organismo, o que
contribuiu para o surgimento do corpo característico de jiboias, cascavéis e
jararacas ao longo de [supostos] milhões de anos. Os dados obtidos pelos
pesquisadores podem indicar ainda
que a mesma região do DNA esteve ligada a outras transições importantes na [suposta]
história evolutiva dos membros dos vertebrados.
“Golfinhos
e morcegos também apresentaram uma degeneração
maior e um padrão ligeiramente diferente de regulação da ZRS [sigla que designa
essa área do genoma]”, contou à Folha o
biólogo brasileiro Uirá Melo, coautor do novo estudo. Em tese, isso pode significar que os mecanismos que
transformaram patas “normais” nas asas dos morcegos e nas nadadeiras dos
golfinhos também envolveram modificações na maneira como a ZRS atua (ou, aliás,
deixa de atuar). [Note que degeneração e desligamento de funções previamente
existentes são um fato observável. Dizer que patas teriam se transformado em
asas, por exemplo, já se trata de especulação, o que fica claro com o uso da
palavra “pode”.]
Os
resultados obtidos pelo grupo reforçam a ideia de que nem só de genes vive o
genoma – muitos eventos cruciais da evolução e do desenvolvimento dos seres
vivos são controlados por áreas do DNA que nada têm a ver com os genes. Confuso?
A questão é que, segundo a definição, um gene é uma região do DNA que contém o
código [e de onde teria vindo esse código? Essa é a grande pergunta...] a
partir do qual o organismo é capaz de produzir uma proteína (grosso modo; na
prática, a situação é mais complexa). Como as proteínas são as grandes “carregadoras
de piano” das células, realizando todo tipo de serviço essencial [sim, são
verdadeiros robôs; máquinas moleculares ultraespecíficas e complexas, surgidas
do nada...], durante muito tempo os cientistas acreditaram que os genes eram, disparado, o que de mais importante
havia no DNA. Quase todo o resto poderia ser classificado como “DNA-lixo” – sobras moleculares da evolução [o fato é
que cientistas evolucionistas ainda acreditam
em muita coisa...]. Na verdade, áreas aparentemente inativas do genoma,
distantes de genes, podem ser cruciais para regular como, onde e quando eles
são ativados. Esse parece ser precisamente o caso da ZRS.
Quando
Melo e seus colegas compararam o genoma de uma boa variedade de vertebrados,
verificaram que quase sempre a ZRS estava altamente preservada. Faz sentido,
pois já se sabe que alterações de uma única letra química no DNA da ZRS levam a
problemas de má-formação de membros, como dedos a mais na mão humana [se
alterações mínimas em poucas letras do DNA podem geral malformações, por que
não encontramos milhões e milhões de seres aberrantes no registro fóssil? A
simetria é a regra. O que isso revela?].
O
intrigante, porém, era a quantidade relativamente grande de alterações na ZRS
do grupo das serpentes, em especial nas que não possuem nenhum vestígio de
membros, como as najas e cascavéis (enquanto as jiboias brasileiras, por
incrível que pareça, têm patinhas de trás muito rudimentares, conhecidas como
esporas pélvicas). A coisa ficou decididamente esquisita, no entanto, quando os
pesquisadores se puseram a usar uma técnica de edição do genoma para inserir em
embriões de camundongo versões da ZRS de diferentes vertebrados.
Ocorre
que quase todas elas desencadearam a formação de patinhas nos roedores, com
resultado aparentemente indistinguível da versão “natural” do DNA do bicho. Mas,
quando a ZRS de duas serpentes (píton e naja) foi inserida no genoma dos camundongos,
as patas desapareceram quase completamente, de forma tão marcante que o animal
ficou com aparência “serpentizada”.
O
passo final foi identificar quais as diferenças cruciais entre a ZRS das
serpentes e a dos demais bichos, chegando a uma pequena área de 17 letras de
DNA que foi “deletada” na linhagem das cobras. E se a região cortada fosse
reposta? Foi o que eles fizeram, e desta vez a ZRS de serpente “restaurada”
produziu patinhas normalmente nos camundongos.
A
lógica não ditaria que, se a mesma coisa fosse feita com um embrião de cobra, o
bichinho voltaria a ter patas? Mais ou menos, diz o biólogo brasileiro. “Seria
superinteressante fazer isso. Mas é importante deixar uma ressalva. A forma
como o DNA de diferentes espécies de vertebrados é expressa [ou seja, é
ativada] varia muito. Ou seja, não seria cuidadoso afirmar que, se mudássemos
apenas esse detalhe, as cobras nasceriam com patas”, explica Melo. Outras alterações genéticas que ainda não
são conhecidas poderiam estar ligadas à perda dos membros nas serpentes,
bem como a outras características dos bichos, como a distribuição peculiar de
suas vértebras.
O
estudo está publicado na revista científica Cell.
Do
ponto de vista do homem, pode parecer estranho que a perda de membros determine
o sucesso evolutivo de alguns bichos, mas foi isso o que aconteceu com a
maioria das serpentes [na verdade, a perda é regra na natureza]. Existem duas hipóteses que explicam o motivo de os
bichos serem assim [hipóteses explicam?]. No caso, a pressão seletiva (ou seja,
uma espécie de “empurrãozinho do ambiente”) seria na direção de perder os
membros – quanto menores, mais ágeis e versáteis se tornariam os bichos. A
outra hipótese é que os répteis que
acabaram gerando as serpentes tiveram uma fase fossória, ou seja, subterrânea.
“Embaixo
da terra, ter membro é um estorvo”, diz o herpetologista (especialista em
anfíbios e répteis) Carlos Jared, do Instituto Butantã. Outra característica de
bichos que vivem embaixo da terra é a perda gradual ou total da visão [sempre
perda]. “Como o homem é visualmente orientado e depende bastante de membros, é
difícil conceber que um bicho vá perder membros ou olhos e que isso vai ser
vantajoso”, diz Jared.
O
mesmo tipo de adaptação também acontece com anfíbios, como as cobras-cegas (que
de cobra só tem o nome e o jeitão do corpo). Depois de passar por um ambiente
aquático ou subterrâneo, os ancestrais das serpentes modernas acabariam
recolonizando o ambiente terrestre, com razoável eficácia, vale notar [e aí, se
convenceu com essas hipóteses mirabolantes?].
(Reinaldo José Lopes, Folha de S. Paulo)
Nota:
Gostaria de chamar a atenção para apenas mais um ponto na matéria acima: “Outras
alterações genéticas que ainda não são conhecidas poderiam estar ligadas à
perda dos membros nas serpentes.” Como as hipóteses levantadas para tentar
explicar o mistério da perda das patas das serpentes não parecem razoáveis,
permito-me pensar em outra. O livro de Gênesis descreve a forma como Satanás
utilizou uma serpente como médium a fim de enganar Eva e dar origem à escalada
de mal que assola este planeta há milênios. Para materializar claramente os
efeitos do pecado, Deus “amaldiçoou” a serpente e ela começou a rastejar,
exatamente como suas descendentes fazem hoje. Se antes as serpentes não rastejavam,
isso significa que voavam ou andavam, ou ambas as coisas. Deus poderia muito
bem ter desligado os genes responsáveis pela formação das patas das serpentes,
estando aí uma boa explicação para a “maldição” e para a ausência de patas e
presença de genes desativados nessas criaturas. Hipóteses por hipóteses, fico
com essa. [MB]