terça-feira, setembro 11, 2012

Partido neonazista ganha espaço na Grécia

O partido ultranacionalista Aurora Dourada, da Grécia, aumentou seu apoio entre os gregos e se tornaria a terceira maior legenda se as eleições fossem hoje, mostrou uma nova pesquisa nesta quinta-feira. De acordo com o jornal To Pontiki, o partido de extrema-direita ultrapassou o socialista Pasok, que comandava o país até as últimas eleições ao Parlamento, em maio. A agremiação chegou a 10,5% das preferências, o que representa uma alta de quatro pontos percentuais em relação ao número obtido no pleito de 17 de junho. O primeiro colocado é o conservador Nova Democracia, do premiê Antonis Samaras, com 25%, em queda de quase cinco pontos. Em seguida, vem o Syriza, de esquerda radical, com 24%. Os socialistas do Pasok, um parceiro minoritário na coalizão governista, caíram para o quarto lugar, com 8%, enquanto outro aliado do governo, a Esquerda Democrática, viu seu apoio encolher quase dois pontos percentuais, para 4,5%.

Conhecido por seus militantes de camisas pretas, o Aurora Dourada tem como uma de suas plataformas políticas livrar a Grécia de todos os estrangeiros e é acusado de ter associações com grupos neonazistas. A mensagem raivosa anti-imigrante ressoa em uma minoria significativa de gregos à medida que o país se preocupa com o aumento da criminalidade e enfrenta sua pior crise econômica do pós-guerra, que deixou quase um em cada quatro desempregados.

O partido é acusado de fazer ações violentas contra os estrangeiros e de ser associado a um grupo de extermínio que provocou a morte de dezenas de imigrantes ilegais.

O porta-voz do partido, Ilias Kasidiaris, que foi reeleito deputado, também está à espera de julgamento por cumplicidade em um assalto à mão armada contra um estudante grego em 2007. Seu julgamento foi adiado recentemente.

Em junho, Kasidiaris provocou um escândalo no país ao agredir com tapas na cara a deputada comunista Liana Kanelli durante um debate transmitido ao vivo pela televisão, o que desencadeou uma avalanche de críticas da classe política.


Nota 1: Isso mostra que, em tempos de crise, a população pode apoiar regimes (e propostas) absurdos, concordando com medidas que, em tempos “normais”, seriam rechaçadas. Logo a Grécia, o berço da democracia...[MB]

Nota 2: Comentário do jornalista Ruben Dargã Holdorf: “Quanto à ascensão do neonazismo na Grécia, a cientista política belga Chantal Mouffe tem uma resposta interessante que esclarece esse problema: ‘A ausência de uma fronteira política, longe de ser um sinal de maturidade política, é um sintoma de um vazio que pode pôr em perigo a democracia, porque esse vazio proporciona um terreno que pode ser ocupado pela extrema direita para articular novas identidades políticas antidemocráticas. Quando faltam as lutas democráticas, o seu lugar é tomado por outras formas de identificação, de natureza étnica, nacionalista ou religiosa’ (MOUFFE, Chantal. O regresso do político. Lisboa: Gradiva, 1996, p. 16-7). Como a democracia não mais oferece respostas, pois se tornou um significante vazio, outras forças hegemônicas ocupam o espaço político, totalizando o discurso.”