Descobertas
em 2005, as argilas do hemisfério sul de Marte foram consideradas como provas
da existência de água líquida no planeta em um período no passado muito
distante, entre 4,5 e 4 bilhões de anos atrás [olha a cronologia evolucionista
aplicada até mesmo em Marte!]. No entanto, um trabalho realizado por uma equipe
de pesquisadores da Universidade de Poitiers, na França, coloca em dúvida essa
interpretação. Analisando argilas de origem vulcânica coletadas no Atol de
Mururoa, os cientistas mostraram que as argilas marcianas muito provavelmente
tiveram origem magmática. O trabalho não questiona os sinais de água líquida na
história mais recente de Marte.
As
rochas mais antigas de Marte são encontradas em seu hemisfério sul: a crosta
dessa região foi formada entre 4,5 e 4 bilhões de anos atrás [idem]. É lá que
as argilas ricas em ferro e magnésio foram descobertas em 2005. A presença desse
tipo de mineral, considerado como originário da decomposição de rochas sob a
ação de água no estado líquido, foi interpretada como indicando que a água
estava presente na superfície marciana nesse passado distante.
Para
dar peso à sua nova hipótese - da origem magmática dessas argilas - os
pesquisadores estudaram basaltos do Atol de Mururoa (Polinésia Francesa). Essas
rochas são compostas de cristais bem formados, entre os quais existem pequenos
espaços preenchidos com um material finamente cristalizado, chamado mesóstase. Esse
material contém argilas ferro-magnesianas semelhantes às encontradas em Marte.
Os
pesquisadores demonstraram que essas argilas se formaram a partir de líquidos
magmáticos residuais ricos em água, líquidos estes retidos nos espaços vazios
entre os cristais. Quando o magma finalmente esfriou, os constituintes desses
fluidos residuais precipitaram-se, formando vários minerais, incluindo argilas.
Neste caso, não ocorreu nenhuma alteração em meio aquoso.
Embora
a presença de água líquida em Marte em torno de 3 bilhões
de anos atrás seja atestada por traços de rios, lagos e leques aluviais, não há
nada que sugira que tenha existido água líquida superfície marciana em períodos
tão remotos quanto 4,5 a 4 bilhões de anos atrás, como se acreditava até agora,
defendem os cientistas.
A
decorrência mais significativa disso é que o período de tempo favorável para o
surgimento [sic] de vida em Marte pode ter sido muito menor do que se
calculava.
Outros
estudos, baseados em rochas expostas por impactos de meteoritos, sinalizam a presença de água subterrânea no passado remoto de
Marte.
O
robô Curiosity, que vai
explorar parte da cratera Gale em Marte, cujas formações sedimentares são
evidências da presença de água líquida em um período muito mais recente, deve
dar novas informações sobre o assunto.
Nota:
Argila de origem magmática e impactos de meteoritos, com a consequente revisão
da teoria dos “mares marcianos” é interessante no contexto da teoria do grande bombardeamento.[MB]
Leia também: "Dilúvio em Marte. E na Terra, não?" e "Opalas em Marte – o que revelam?"
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