segunda-feira, setembro 17, 2012

Presença de água no passado de Marte é questionada

Descobertas em 2005, as argilas do hemisfério sul de Marte foram consideradas como provas da existência de água líquida no planeta em um período no passado muito distante, entre 4,5 e 4 bilhões de anos atrás [olha a cronologia evolucionista aplicada até mesmo em Marte!]. No entanto, um trabalho realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Poitiers, na França, coloca em dúvida essa interpretação. Analisando argilas de origem vulcânica coletadas no Atol de Mururoa, os cientistas mostraram que as argilas marcianas muito provavelmente tiveram origem magmática. O trabalho não questiona os sinais de água líquida na história mais recente de Marte.

As rochas mais antigas de Marte são encontradas em seu hemisfério sul: a crosta dessa região foi formada entre 4,5 e 4 bilhões de anos atrás [idem]. É lá que as argilas ricas em ferro e magnésio foram descobertas em 2005. A presença desse tipo de mineral, considerado como originário da decomposição de rochas sob a ação de água no estado líquido, foi interpretada como indicando que a água estava presente na superfície marciana nesse passado distante.

Para dar peso à sua nova hipótese - da origem magmática dessas argilas - os pesquisadores estudaram basaltos do Atol de Mururoa (Polinésia Francesa). Essas rochas são compostas de cristais bem formados, entre os quais existem pequenos espaços preenchidos com um material finamente cristalizado, chamado mesóstase. Esse material contém argilas ferro-magnesianas semelhantes às encontradas em Marte.

Os pesquisadores demonstraram que essas argilas se formaram a partir de líquidos magmáticos residuais ricos em água, líquidos estes retidos nos espaços vazios entre os cristais. Quando o magma finalmente esfriou, os constituintes desses fluidos residuais precipitaram-se, formando vários minerais, incluindo argilas. Neste caso, não ocorreu nenhuma alteração em meio aquoso.

Embora a presença de água líquida em Marte em torno de 3 bilhões de anos atrás seja atestada por traços de rios, lagos e leques aluviais, não há nada que sugira que tenha existido água líquida superfície marciana em períodos tão remotos quanto 4,5 a 4 bilhões de anos atrás, como se acreditava até agora, defendem os cientistas.

A decorrência mais significativa disso é que o período de tempo favorável para o surgimento [sic] de vida em Marte pode ter sido muito menor do que se calculava.

Outros estudos, baseados em rochas expostas por impactos de meteoritos, sinalizam a presença de água subterrânea no passado remoto de Marte.

O robô Curiosity, que vai explorar parte da cratera Gale em Marte, cujas formações sedimentares são evidências da presença de água líquida em um período muito mais recente, deve dar novas informações sobre o assunto.


Nota: Argila de origem magmática e impactos de meteoritos, com a consequente revisão da teoria dos “mares marcianos” é interessante no contexto da teoria do grande bombardeamento.[MB] 

Leia também: "Dilúvio em Marte. E na Terra, não?" e "Opalas em Marte – o que revelam?"