Depois
da repercussão causada pelas fotos no mínimo oportunistas (falem mal, mas falem
de mim) protagonizadas pela modelo Nana Gouvêa posando de maneira sensualizada
em meio aos escombros deixados pela passagem do furacão Sandy, nos Estados
Unidos (e da vergonha a que submeteu os brasileiros [veja algumas fotos abaixo]),
a moça vem a público, outra vez, para dizer algo no mínimo cômico (mas
novamente midiático). Está na seção “Veja essa” da revista Veja desta semana: “Star Wars é demais. Eu estou flutuando com o
Darwin... com o Darth Veja, o Darth Vader.” E o comentário da revista: “Nana
Gouvêa, confundindo o pai do evolucionismo com o vilão de Guerra nas Estrelas,
ao se referir à montagem feita por internautas na qual ela aparece em cena do
filme, em poses como as que fez diante dos estragos provocados pela tempestade
Sandy, nos Estados Unidos.”
Darwin
e Vader... Nunca havia pensado nessa associação insana. Mas, de certa forma,
Gouvêa acabou criando um paralelo interessante. Vader, incialmente chamado
Anakin Skywalker, se deixou levar pelo tal lado negro da força, tornando-se um
dos vilões mais famosos de todos os tempos, no cinema. Com seus poderes
mentais, ele subjugava os inimigos, até que, por fim, se arrependeu de tudo o
que fez. Darwin não usava sabres de luz nem tampouco se arrependeu de ter
publicado sua teoria (como reza a lenda urbana), mas deixou de lado os
ensinamentos que tivera na faculdade de teologia (sim, Darwin estudou teologia
em Cambridge) para defender uma teoria que, aplicada às últimas consequências,
acabou afastando muita gente de Deus e da doutrina bíblica da criação. Embora,
como se diz por aí, a preocupação do teólogo-naturalista não fosse exatamente
com a origem da vida, ao sustentar a hipótese da macroevolução, Darwin deu
munição para os que tentavam defender o surgimento da vida em detrimento de sua
criação. Era como se, com sua teoria, Darwin tornasse Deus desnecessário, ou,
no mínimo, o relato de Gênesis obsoleto.
Ocorre
que, solapando a historicidade do primeiro livro da Bíblia, tornam-se nulas
também importantes doutrinas como a da redenção e da nova Terra. Se a morte não
é consequência do pecado, logo, ela faz parte integrante da dinâmica da vida.
Se existe um Deus, Ele Se torna responsável pela morte, pelo predatismo e por
outros aspectos negativos da natureza. Se o pecado é um “conto da carochinha”,
qual o significado da morte de Jesus? E que sentido há em se falar de
ressurreição e recriação? Se a árvore da vida de Gênesis é lenda, a mesma
árvore citada no Apocalipse como uma das recompensas dos salvos passa a ser,
também ela, lendária.
A
negação da doutrina da criação traz também consequências mais diretas, na vida
cotidiana. Exemplo: graças justamente à reinterpretação do conceito de família
e de casamento é que vêm sendo aprovadas por referendos e legisladores uniões
que são tudo, menos casamento – afinal, o conceito bíblico de casamento tem que
ver com a união abençoada de um homem com uma mulher.
De
certa forma, Nana Gouvêa tem razão. Darwin abandonou sua formação teológica
(cujos ensinos falam de esperança, salvação, criação e recriação) para abraçar
uma teoria em última instância ateia, segundo a qual o sobrenatural é
dispensável, os mais aptos sobrevivem e o futuro é incerto, sujeito aos
meandros de uma evolução cega e sem direção. Quem dera Darwin Vader tivesse
voltado para o lado que acabou abandonando. Curiosamente, o famoso inglês foi
sepultado na Abadia de Westminster, mas ninguém sabe o que se passava em sua
cabeça pouco antes da morte e se ele concordaria em ser sepultado ao lado de um
cientista crente como Isaac Newton. À semelhança do Vader da ficção, ainda que
Darwin tivesse se arrependido, as consequências de suas ideias permaneceriam
até o fim.
Michelson Borges