Força
da tempestade Sandy mata mais de [90] pessoas na Costa Leste americana, deixa
oito milhões de pessoas sem luz, inunda Nova York, fecha pela primeira vez o
metrô da cidade e traz prejuízos de US$ 50 bilhões à combalida economia dos EUA.
[Matéria interessante que ajuda a dimensionar os efeitos da tragédia ocasionada
pelo furacão/tempestade Sandy, o que também contribui para piorar a já grave
crise financeira que o país atravessa. Esse cenário ajuda a corroborar o que
tenho pregado nesta palestra. – MB]
Cena
1: ruas de Manhattan totalmente vazias. Cena 2: ventos fortes, chuva, uma
violenta tempestade começa a varrer Nova York. Cena 3: carros amontoados uns
sobre os outros, estações de metrô inundadas, semáforos quebrados, fachadas de
prédio caídas, incêndios, explosões. Somente a linguagem cinematográfica, que
tanto usou Nova York como cenário de filmes-catástrofes, consegue traduzir bem
o que a cidade viveu na semana passada. Vítimas de uma violenta tempestade pós-tropical
na qual o furacão Sandy se transformou, os americanos enfrentaram situações
hollywoodianas quando o fenômeno atingiu a Costa Leste do País, na
segunda-feira 29, com ventos de até 190 quilômetros por hora. Sem luz e sem
comunicação, a cidade que não dorme apagou. Em vários outros municípios, a
devastação também foi enorme. O número de mortos, 70 até o fechamento desta
edição [já passa de 90], só não foi maior graças ao alarme antecipado e ao
deslocamento da população para áreas mais seguras. Foi um filme de terror – ao
vivo.
O
prejuízo pode chegar a US$ 50 bilhões, levando em conta a paralisação nos
aeroportos, comércio, indústria, setor de serviços. A Bolsa de Valores de Nova
York, a mais importante do planeta, que movimenta US$ 117,4 bilhões por dia,
fechou pela primeira vez desde o atentado terrorista ao World Trade Center, em
11 de setembro de 2001. Por motivos climáticos, o último fechamento da bolsa
foi em 1888. “Ainda que os edifícios de Nova York sejam muito sólidos, o
estrago era esperado em razão da violência”, afirma Tania Sausem, pesquisadora
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Avisada com antecedência,
a população se refugiou, estocou comida e água, se protegeu. O transporte
público foi fechado. Com as inundações, túneis e garagens ficaram bloqueados, a
água afetou estruturas. Algumas das 468 estações de metrô, paralisado pela
primeira vez em 108 anos, ficaram inundadas até o nível dos acessos.
O
furacão Sandy uniu condições raramente conjugadas. “Quase tudo o que podia
contribuir para torná-lo mais devastador aconteceu”, sintetiza José Henrique
Alves, oceanógrafo brasileiro que trabalha no serviço de previsão do tempo
americano. Alves explicou que o vento muito forte elevou o nível da água, na
chamada maré meteorológica. O efeito foi reforçado pela lua cheia e a maré
alta, que tem efeito parecido. Quando a tempestade chegou ao continente, em
Atlantic City, no Estado de Nova Jersey, a média dos ventos estava em 145 km/h,
com rajadas de até 230 km/h. Em vez de enfraquecer, como era esperado, Sandy
esbarrou de frente com uma tempestade de neve vinda do interior do país. “Em um
furacão menor, o aumento do nível do mar é mais localizado e escoa. Mas como o Sandy nunca se viu, pelo menos nos
últimos 100 anos”, avalia Alves. Em geral, os furacões apenas margeiam a
Costa Leste dos EUA.
Os
estragos foram piores no sul da ilha de Manhattan, que ficou sem luz e sem
internet. A previsão era de retorno da eletricidade somente no fim de semana.
“O pior é à noite. Temos que ligar lanternas para mostrar que estamos em casa.
Se acontecer algum problema de segurança, não temos comunicação para pedir
ajuda”, disse Leonardo Alvim Botelho, 31 anos, contador brasileiro morador do
Gramercy. O silêncio noturno tomou conta
da região, que é considerada o epicentro da badalação da cidade, com seus bares
e restaurantes da moda. “Os carros particulares foram proibidos
temporariamente de circular com menos de três pessoas a bordo. As ruas já estão
cheias de lixo porque a coleta não foi regularizada e a comida começa a
estragar sem eletricidade”, conta ele. Moradora do Brooklyn e estudante da
School of Visual Arts, em Manhattan, a carioca Laura Lannes, 20 anos, não sabe
ainda como voltará às aulas. “Os túneis de metrô Brooklyn-Manhattan estão sem
previsão de conserto. A faculdade suspendeu as atividades esta semana, mas e
depois?”, questiona ela.
A preocupação da estudante é a mesma de especialistas: até quando a cidade ficará parcialmente parada? “As pessoas não estão indo trabalhar. As lojas, fechadas. Até 0,6 ponto percentual do crescimento do Produto Interno Bruto pode ficar comprometido”, analisa Fernando Roberto de Almeida, professor de economia política internacional do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest). Até a campanha eleitoral sofreu um apagão após a passagem de Sandy. O presidente Barack Obama se postou como comandante da reconstrução, acelerou a transferência de recursos e deve sair com crédito da situação. Já Mitt Romney, candidato a presidente pela oposição, que queria reduzir os recursos destinados ao sistema de emergências, saiu atingido pelo furacão.
(IstoÉ)
Nota:
Leia está postagem e esta entrevista para perceber como o Sandy poderá
intensificar os esforços em favor do ECOmenismo.
Além disso, dá para se ter uma ideia do estrago que uma situação pior (pelo
menos do ponto de vista do suprimento de energia) poderá causar aos EUA. Clique aqui para saber que situação seria essa.[MB]