Pesquisadores descobriram que o Arih2, um gene envolvido no processo de manter um embrião vivo, também tem importante papel na atuação do sistema imunológico. Segundo esses especialistas, quando esse gene é desativado, a resposta imune do corpo aumenta. Isso pode, por um lado, ajudar a combater doenças que atacam o sistema imunológico, como a aids, mas também desencadear condições autoimunes (quando o sistema de defesa ataca o próprio corpo), como a artrite reumatoide. Os achados, publicados nesta segunda-feira na revista Nature Immunology, portanto, podem fazer com que esse gene se torne alvo para tratamentos contra esses dois tipos de doença.
O estudo, desenvolvido no Instituto de Pesquisa Médica Walter and Eliza Hall, na Austrália, foi feito com camundongos. Os pesquisadores, que já desconfiavam do papel do Arih2 sobre o sistema imunológico, primeiro retiraram esse gene dos embriões dos animais e observaram que eles morreram em seguida. Isso confirmou que uma deficiência nesse gene resulta na morte embrionária. “Nós não compreendemos completamente o motivo pelo qual a deficiência no gene Arih2 provoca a morte embrionária. Acreditamos que a causa mais provável seja a morte de um grande número de células do fígado do embrião que ocorre com a resposta inflamatória gerada por essa deficiência”, disse Marc Pellegrini, coordenador do estudo, ao site de Veja.
Depois, a equipe removeu o mesmo gene de camundongos adultos. Sem o gene, o sistema imunológico desses animais foi impulsionado por um curto período de tempo (seis semanas), mas depois passou a ser tão ativo que começou a atacar células saudáveis dos roedores – o que acontece quando existe uma doença autoimune. “É como um acelerador. Nas doenças infecciosas, você quer frear esse gene e, no caso de doenças autoimunes, você quer acelerar a sua ação com o objetivo de parar a resposta imune”, diz Pellegrini.
Embora a pesquisa tenha sido feita com camundongos, os autores acreditam que o gene Arih2 tem potencial para se tornar alvo para tratar e, eventualmente, combater doenças em humanos que, hoje, são incuráveis.
(Veja)
Nota: Se apenas um gene tem a capacidade de evitar a morte de embriões e, na vida adulta, regular a resposta imune, fica no ar outra pergunta de complexidade irredutível: Até que esse gene “evoluísse”, como “se viravam” os seres vivos que dele dependem? Sem esse gene, o primeiro embrião teria morrido. E agora?[MB]