Com
mais uma capa apelativamente calculada para atrair a atenção, Veja acaba exemplificando aquilo que
condena no texto: na economia de mercado, o que mais importa é vender. Diz a
matéria: “É evidentemente doentia uma sociedade em que seja natural vender o
filho recém-nascido, anunciar o próprio rim nos classificados dos jornais,
leiloar a virgindade ou comprar votos ou a cumplicidade de partidos políticos e
parlamentares.” Também é indicador de doença o fato de as pautas das revistas
(e dos telejornais, etc.) privilegiarem um estilo de vida, uma ideologia em
detrimento de outros/outras. Conforme tenho escrito aqui inúmeras vezes, quando
o assunto é cristianismo e/ou criacionismo, o enfoque quase sempre é negativo.
Cientistas e pensadores que defendem visão contrária ao darwinismo naturalista
reinante são simplesmente ignorados – haja vista as recentes passagens pelo
Brasil dos famosos e polêmicos Michael Behe (bioquímico autor de A Caixa Preta de Darwin) e Willian Lane Craig (filósofo e teólogo autor de Em Guarda).
Silêncio absoluto da grande imprensa; e não foi por falta de sugestão de pauta.
O
que a Veja desta semana queria, na
verdade, era bater um pouco mais nos condenados no processo do mensalão,
especialmente a gangue do PT, alvo predileto da revista. Não que esse pessoal
não mereça o escárnio, mas a associação de assuntos (venda da virgindade com
compra de votos) foi um tanto “forçada”, pelo menos no meu entender. A virgindade da catarinense (que vergonha!) já deu o que
falar e, convenhamos, encheu a paciência. Mas Veja desconsidera temas muito mais importantes (como a situação em Gaza, por exemplo) para estampar o corpo
seminu da moça, numa clara intenção de disputar o mercado com as outras
semanais e atrair olhares e interesses ávidos por fofocas; para saber o que
mais essa vendedora da honra teria aprontado por aí.
É
lógico que comprar votos e vender a primeira vez são coisas deploráveis. Mas a
imprensa (Veja incluída) e as
produções televisivas/cinematográficas não saem ilesas nesse negócio. Elas
ajudam a incentivar (vender) um estilo de vida libertino que prega a
desvalorização da virgindade e do sexo. A moçada não vende, mas entrega de
qualquer jeito, em troca de momentos irresponsáveis de prazer fugaz. “Detona” o
futuro pelo prazer imediato, de graça.
A
imprensa também ajuda a “vender” ideologias para uma massa
desinformada e carente de visão crítica, que compra o pacote ideológico sem se
dar conta da orquestração e dos interesses por trás de tudo.
“Será
que estamos virando uma sociedade em que tudo se compra?”, pergunta a capa de Veja. Sim, porque tudo está à venda e o
ganho é o principal objetivo. Na contramão disso tudo, Ellen White escreveu: “A
maior necessidade do mundo é a de homens; homens que não se comprem nem se
vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que
não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens
cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que
permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus” (Educação, p. 57).
Michelson Borges