Achado surpreendente (e bíblico!) |
A
revista Science desta quinta feira publicou
um artigo sobre o fóssil de uma serpente de quatro patas (confira aqui), o que chamou a atenção de muita gente, especialmente dos que conhecem bem o
relato bíblico da criação e da queda do ser humano. O fóssil, encontrado na
Formação Crato, na Bacia do Araripe, interior do Ceará, está circundado por
fezes de peixes igualmente fossilizadas, o que sugere que o animal morreu
soterrado por água e lama. Segundo os pesquisadores, essa cobra de quatro patas
vivia no supercontinente Gondwana, integrante da parte sul da Pangea. É
bom lembrar que o livro do Gênesis descreve a serpente como um ser que, depois
do pecado, passou a rastejar. Portanto, antes disso, ela se locomovia de outra
forma. Não seria esse fóssil um remanescente daqueles seres primordiais
quadrúpedes que teria sido preservado sob uma grande inundação? Infelizmente,
muitos cientistas ainda consideram a história bíblica um mito. No
artigo abaixo, o colaborador Everton Alves detalha o assunto [MB]:
A
teoria da evolução explica que as cobras evoluíram dos lagartos. Ao longo de
milhões de anos, elas teriam perdido as patas porque estas começaram a crescer
de forma mais lenta ou por um período de tempo mais curto.[1] Segundo os
evolucionistas, ambos, cobras e lagartos, caminhavam em terra e nadavam no
oceano (origem marinha).
As
patas teriam se tornado cada vez menos úteis à medida que a cobra ia evoluindo.
Para fazer essa afirmação, pesquisadores analisaram o fóssil de uma cobra
designada Eupodophis descouensi.[1]
Esse réptil pré-histórico teria vivido durante o período Cretáceo (correspondente
ao período bíblico diluviano), no lugar que hoje é conhecido como Líbano.
Mas
ainda não há consenso. Muitas questões ainda deixam os pesquisadores confusos:
Por que as cobras atuais não têm patas? Em que fase da evolução elas teriam
perdido os membros? Alguns pesquisadores afirmaram que as cobras nunca perderam
seus membros. Ao invés disso, teriam sido os mamíferos e as aves que ganharam
os membros de forma independente.[2]
Em
2015, a descoberta do primeiro fóssil de uma cobra com quatro patas (origem
terrestre) já encontrada está forçando os cientistas a repensar a forma como as
cobras teriam evoluído de lagartos.[3] O fóssil de Tetrapodophis amplectus, nome científico da cobra, foi encontrado
décadas atrás no Nordeste do Brasil, mas demorou bastante tempo até que os
cientistas descobrissem as patas – até porque o material estava em uma coleção
particular. O fóssil foi datado da época do Cretáceo inferior (aptiano), de
supostos 113-125 milhões de anos atrás (correspondente ao período bíblico
diluviano).
Embora
os pesquisadores já o estejam considerando um elo de transição entre cobras e
lagartos, existe outra hipótese que sequer foi levantada. A Bíblia menciona que
no Jardim do Éden havia uma cobra com origem terrestre que possuía patas (ou
asas) e esta persuadiu Eva a comer do fruto proibido. Diante do que a cobra (na
verdade um médium utilizado pelo anjo caído) havia feito, Deus a amaldiçoou,
conforme mencionado em Gênesis 3:14: “Por causa do que você fez você será
castigada. Entre todos os animais só você receberá esta maldição: de hoje em
diante você vai andar se arrastando pelo chão e vai comer o pó da terra.”
A
Bíblia não fornece detalhes sobre a quantidade de espécies de cobras que tinham
patas nem o tempo que levou para que elas perdessem as patas e passassem a
rastejar. Todavia, os achados podem, sim, estar relacionados à descoberta de
espécies primitivas de cobras que possuíam patas e que perfaziam a fauna
original da criação.
(Everton Alves)
Referências:
[1] Houssaye A, Xu F, Helfen
L, Buffrénil V, Baumbach T, Tafforeau P. “Three-dimensional pelvis
and limb anatomy of the Cenomanian hind-limbed snakeEupodophis descouensi (Squamata,
Ophidia) revealed by synchrotron-radiation computed laminography.” Journal of Vertebrate Paleontology 2011;
31(1):2-7.
[2] Head JJ, Polly PD. “Evolution of the snake body form reveals homoplasy
in amniote Hox gene function.” Nature. 2015; 520(7545):86-9.
[3] Martill DM, Tischlinger H, Longrich NR. “A four-legged snake from the Early Cretaceous of
Gondwana”. Science. 2015;
349(6246):416-9.