quinta-feira, março 13, 2014

O incêndio subterrâneo que perdura por milhares de anos

Fogo debaixo da terra
Quando assunto é fogo de minas de carvão subterrâneas, é difícil não citar o caso da cidade abandonada de Centralia, na Pensilvânia (EUA). O município norte-americano queima desde 1962 e ganhou notoriedade por ter inspirado a série de jogos de videogame e o filme “Terror em Silent Hill”. Cinquenta e dois anos queimando significa muito tempo e um monte de carvão, mas isso não chega nem perto da Burning Mountain, na Austrália, que está acesa há [supostos] seis mil anos. Incêndios em minas de carvão são incrivelmente comuns e milhares deles estão agora queimando nos subterrâneos do mundo todo. Cerca de um mês atrás, uma dessas minas pegou fogo a cerca de 1,1 mil quilômetro ao sul da Burning Mountain. Desde então, vem expelindo gases venenosos e resistindo aos intensos esforços dos bombeiros. Uma vez que se perde o controle, como em Centralia e na Burning Mountain, é quase impossível de apagar o fogo.

Também conhecida como Monte Wingen, a fumaça com odor de enxofre expelida pela Burning Mountain é o único indício do enorme monte de carvão queimando a pouco mais de 20 metros abaixo da superfície. Calor e gases tóxicos provenientes do fogo deixaram o terreno rochoso, irregular e, em algumas partes, a terra cedeu.

Como a montanha pegou fogo pela primeira vez é um mistério. A faísca inicial poderia ter vindo de um raio, um incêndio florestal, combustão espontânea, ou mesmo práticas aborígenes de queimadas.

Foi com a intervenção humana, no século passado, que esse tipo de incêndio se tornou algo mais corriqueiro. A mineração do carvão o expõe ao oxigênio, e o carvão, como sabemos, entra em combustão muito, muito facilmente. Com a abundância de combustível e oxigênio, uma pequena faísca pode acender uma chama que cresce até atingir diversos metros de diâmetro.

A China, com seus milhares de minas de pequena escala, e a Índia, com suas minas antigas e grandes, têm problemas mais graves com incêndios subterrâneos. A queimada do carvão libera no ar elementos potencialmente tóxicos, como arsênico, flúor e selênio.

O oeste norte-americano também está ardendo com fogos subterrâneos em minas de carvão abandonadas. Eles derretem a neve no inverno, produzem incêndios na grama no verão e regurgitam elementos venenosos durante todo o ano. Uma empresa de energia, na verdade, quer incendiar mais minas, fazendo a “mineração” ao capturar o gás emitido a partir da queima desse carvão.

Ainda mais notavelmente, fogos subterrâneos antigos moldaram a própria paisagem dos EUA. “Grande parte da paisagem do oeste norte-americano – com seus planaltos e escarpas – é o resultado de vastos e antigos incêndios de carvão”, explica Kevin Krajick. Tais fenômenos formaram grandes massas de pedras fundidas, extremamente resistentes à erosão, nas quais se baseia o relevo da região.

Muito antes de nós começarmos a escavar o carvão para alimentar as fornalhas de nossas fábricas, veios de carvão estavam escondidos em rios subterrâneos de chamas – normalmente dormentes, mas ocasionalmente destrutivos. Abrir buracos no chão para a construção das minas só tem despertado o potencial incinerante do carvão.


Nota: Essa notícia me fez pensar nas declarações de Ellen White sobre combustão espontânea... Sugiro que você leia este estudo (aqui) e este comentário de E. Kennedy (aqui). Outro comentário interessante produzido pelo Centro de Pesquisas Ellen G. White pode ser lido aqui. [MB]