O que você faz com um presente? |
Em
Apocalipse 12:17, Satanás é apresentado na forma de um dragão que persegue a
mulher, símbolo da igreja verdadeira. O motivo da perseguição é bastante claro:
porque a igreja guarda os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus. E de
acordo com o próprio Apocalipse (19:10), o testemunho de Jesus é o “espírito de
profecia”. Satanás perseguiu, persegue e continuará perseguindo a igreja,
especialmente por causa desses dois pilares fundamentais. Ele tenta convencer
as pessoas de que a lei de Deus é inadequada aos dias de hoje, que ela foi
abolida, ou mesmo que a graça dispensa a lei. Mas se permanecemos firmes aos
princípios da santa lei, Satanás intensifica seus ataques em outra direção:
contra o testemunho de Jesus.
Quando
não consegue destruir a fé na lei de Deus, o inimigo tenta com todas as forças
e formas destruir a fé no espírito de profecia, nos escritos de Ellen G. White.
Isso funciona mais ou menos assim: o inimigo ajuda alguns a terem uma
interpretação diferente da igreja. Faz com que eles tenham certeza de que estão
certos. Quando ele acha que atingiu o objetivo, faz o arremate: mostra à pessoa
uma citação do espírito de profecia que diga exatamente o oposto do que ela
está pensando. Nesse momento, ou a pessoa se humilha diante de Deus e estuda a
Bíblia em oração, ou mantém seu posicionamento, desacreditando o espírito de
profecia. Esse é um processo gradual que leva a pessoa a não querer nem mesmo
ouvir alguém pregar ou falar sobre Ellen White. Cria-se uma aversão infundada.
Levar
as pessoas a extremos também é uma tática amplamente utilizada por Satanás. Se
há os que esposam ideias legalistas e radicais a respeito dos escritos do
espírito de profecia, há também os que os ignoram por completo. Os segundos às
vezes até fazem isso em função dos primeiros. Mas uma leitura cuidadosa e sem
preconceitos mostra que Ellen White foi uma mulher equilibrada em tudo o que
escreveu. Portanto, os que usam seus escritos de forma inadequada e sem a
devida consideração para com o contexto e a época da profetisa apenas lançam
sombras sobre seu ministério. Para “ajustar o foco” a respeito da vida e obra
dessa mulher singular, vale a pena ler o livro Mensageira do Senhor, de Herbert E. Douglass, e mesmo o livreto Histórias de Minha Avó, de Ella M.
Robinson, neta da Sra. White (ambos da CPB).
Embora
saibamos que a Bíblia é nossa única regra de fé e prática, e que os escritos de
Ellen White são, como ela mesma diz, uma luz menor que conduz à luz maior, a
negação da inspiração de tais escritos é algo muito sério. No livro Mensagens
Escolhidas, volume 1, página 48, está escrito que “será ateado contra os
testemunhos um ódio satânico. [...] Satanás não pode achar caminho tão fácil
para introduzir seus enganos e prender almas em seus embustes se as
advertências e repreensões e conselhos do espírito de profecia forem
atendidos.”
No
mesmo livro, à página 84, é dito que “uma coisa é certa: os adventistas do
sétimo dia que tomarem sua posição sob o estandarte de Satanás, primeiramente
renunciarão à sua fé nas advertências e reprovações contidas nos testemunhos do
Espírito de Deus”.
É
curioso notar como há pessoas que vivem à caça de ideias especulativas que
invariavelmente tendem a desviar a atenção do que realmente é essencial.
Encontram as mais esdrúxulas “revelações”, tanto na Bíblia quanto no Espírito
de Profecia. Quanto a isso, também, a mensageira do Senhor é bem clara: “Não
devem ser promovidas ideias especulativas, pois há mentes singulares que gostam
de apegar-se a um ponto que outros não aceitam, e argumentar e atrair tudo para
aquele único ponto, insistindo nele, ampliando-o, quando ele na verdade não é
de importância vital e será entendido de maneira discordante. Duas vezes me foi
mostrado que se deve conservar em segundo plano tudo o que for de natureza a
levar nossos pastores a divergirem dos pontos que são agora essenciais para
este tempo” (Ellen G. White, Carta 37,
1887 [Manuscript Releases, v. 15, p.
20-22]).
É
de extrema importância, pois, que saibamos dar a “razão [de nossa] esperança”
(1Pd 3:15), alicerçada em profundo conhecimento bíblico, pois, “ao vir a
sacudidura, pela introdução de falsas teorias, esses leitores superficiais não
ancorados em parte alguma, são como areia movediça” (Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, p. 112).
Mais
ainda: não basta um conhecimento meramente racional da verdade. É preciso experiência.
A verdadeira religião desce da mente para o coração e impregna toda a vida,
pois está baseada numa relação de íntima comunhão com Jesus. Ellen White diz
que “estão rapidamente se aproximando dias quando haverá grande perplexidade e
confusão. Satanás, trajado com vestes angelicais, enganará, se possível, os
próprios escolhidos. [...] Soprará todo vento de doutrina. [...] Os que
confiaram no intelecto, no gênio ou talento, não permanecerão à testa das
fileiras e colunas. Eles não mantiveram seu passo com a luz” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 80).
A
Bíblia nos adverte a estarmos bem firmados na Rocha e a sermos cuidadosos em nossas
interpretações para não perdermos a coroa da vitória (Ef 4:14; Mt 7:24, 25; 2Pd
3:15-18; Ap 3:11). Devemos, acima de tudo, reconhecer o inestimável presente
que nos foi legado por Deus por meio dos escritos inspirados de Ellen White, e
utilizá-los em nossa edificação e na edificação do próximo. “Crede no Senhor,
vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis” (2Cr
20:20).
(Vanderlei Ricken é
bibliotecário do IACS, RS; Michelson Borges é jornalista, mestre em teologia e
editor na Casa Publicadora Brasileira)