quinta-feira, setembro 17, 2015

Cinema: ambiente inofensivo?

Porta de entrada escancarada
Quem já assistiu a alguma palestra do jornalista Michelson Borges ou ao testemunho do advogado Luigi Braga, já teve contato com informações acerca da influência do cinema na mente humana. Caso você não tenha assistido às palestras ou ao testemunho, elas estão disponíveis no YouTube, e eu as recomendo. Quando se fala desse assunto, precisamos considerar dois pontos importantes: o ambiente e o conteúdo. O ambiente do cinema é inofensivo? Por que há tanto investimento e estudo para aprimorar os recursos de áudio e vídeo utilizados ali? Há quem defenda que o ambiente é inofensivo. Nem a indústria cinematográfica se atreveria a fazer tal declaração. Os vídeos que recomendei acima podem lhe dar uma boa ideia sobre isso. 

Se o ambiente não é inofensivo, se ele é projetado para que o conteúdo tenha uma influência maior em minha mente, ultrapassando as fronteiras do que é consciente, devo me expor a ele? É seguro me colocar voluntariamente diante de estímulos que sequer posso dimensionar? Estímulos que foram cuidadosamente estudados e propositalmente utilizados? Minha resposta pessoal é NÃO.

E quanto ao conteúdo? É muita ingenuidade pensar que o conteúdo se resume ao enredo do filme. O conteúdo de um filme inclui toda ideologia que está por trás dele, todo conceito contido e exposto nessa mídia, inclusive sem palavras. Toda obra revela caracteres do seu autor. Você acha seguro se expor ao conteúdo de filmes escritos por pessoas cuja mente não foi consagrada a Deus, e não está em conformidade com o que a Palavra do Senhor diz? Se você é um cristão, é coerente entregar por cerca de duas horas o que há de mais precioso, o canal de comunicação que o Céu usa para entrar em contato com você? “Os nervos do cérebro, que comunicam com todo o organismo, são o único meio pelo qual o Céu pode comunicar-se com o homem e afetar sua vida íntima. O que quer que perturbe a circulação das correntes elétricas do sistema nervoso, diminui a força dos poderes vitais, e o resultado é o amortecimento das sensibilidades da mente” (Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, v 1., p. 230).

E se for um filme “cristão”? Será que o fato de um filme falar de Cristo o torna cristão? Novelas baseadas em histórias bíblicas são novelas cristãs? Há muitos filmes chamados “cristãos” que não estão em conformidade com a Bíblia. Eles ensinam um conceito de amor que não é bíblico, um conceito de graça que não é bíblico, uma relação fé e obras que não é bíblica, a imortalidade da alma, que também não é bíblica, e uma série de outras coisas, ainda que estas não sejam suas temáticas principais. E se isso não é a temática principal, é muito mais difícil reconhecer que está presente ali, ainda que sua mente absorva muito bem esses conceitos errôneos. É sensato se expor a isso também?

E se o filme não contiver nenhum tipo de erro? Se ele for cem por cento fiel às escrituras? O fato de o cinema aumentar a influência do conteúdo não é uma coisa boa, então? Estou expondo aqui minha opinião pessoal com base no que já estudei no campo científico em que atuo e nos escritos que fundamentam a minha fé religiosa. E com base nisso minha resposta aqui também é NÃO. O evangelho de Cristo não carece de recursos que anulem ou minimizem o exercício da razão humana para que possa alcançar corações. O evangelho de Cristo é perfeito e é atrativo em si mesmo. Deus nos deu livre-arbítrio. Ele poderia ter criado formas de inconscientemente nos fazer aceitar a vontade dEle, mas não fez. Ele nos deu inteligência, consciência, e quer que as usemos inclusive para escolher servi-Lo ou não. Considero antiético e desrespeitoso com o ser humano por quem Jesus morreu que usemos recursos que firam seu livre-arbítrio para inculcar verdades bíblicas em sua mente, ou o sensibilizarmos excessivamente para uma decisão a favor do cristianismo. Satanás é o autor desses recursos que invadem nossa mente. Não o Senhor. Satanás é covarde e antiético, e procura nos influenciar sem que percebamos. Na obra de Deus, não podemos agir como o inimigo de Deus.

Obviamente, as questões que abordei acima não se restringem apenas ao cinema. E acredito que podemos ponderá-las para diversas outras coisas em nosso dia a dia. Com todo o conhecimento que possuo sobre o funcionamento da mente humana, eu não me atrevo a me expor voluntariamente àquilo que sei que tem o potencial de enfraquecer meu exercício da razão. Se posso dar alguma recomendação pessoal sobre o assunto, é que para com o cinema, e qualquer outro instrumento com semelhante potencial, você tenha essa postura também!

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2, NVI).

Um abraço e que o Deus Espírito Santo guie você.

(Karyne M. Lira Correia é psicóloga, mestre em Psicologia, consultora em Treinamento em Desenvolvimento Profissional, palestrante e editora de conteúdo para internet)