Candidato adventista em evidência |
Quem
anda atento à campanha eleitoral nos Estados Unidos raramente encontra títulos
sem as palavras “sondagens”, “Trump”, “e-mails” e “Clinton”. Por vezes, a
atenção dos eleitores é desviada para outros candidatos do Partido Democrata e
do Partido Republicano, como Bernie Sanders e Ben Carson – um socialista que
empurra a campanha do seu partido para a esquerda e um neurocirurgião que
conquista os conservadores fartos de serem vistos como um grupo de fanáticos
ignorantes. Um e outro têm subido nas sondagens, e ainda que seja muito cedo
para perceber quem tem mais hipóteses de substituir Barack Obama na Casa
Branca, não deixa de ser curioso recordar os tempos em que a corrida estava
terminada ainda antes de ter começado – antes do verão, era certo que a Sala
Oval iria ser ocupada ou por Hillary Clinton, ou por Jeb Bush. Ainda que esse
cenário continue bem dentro do prazo de validade, já que a corrida pela
nomeação nos dois partidos é longa e cheia de armadilhas, o furacão Donald
Trump não é o único com hipóteses de estragar a refeição que os Bush e os
Clinton já tinham encomendado.
No
Partido Republicano, o neurocirurgião Ben
Carson é a nova estrela em ascensão – na média das sondagens analisadas
pelo site Real Clear Politics, Carson está a apenas seis pontos
de Donald Trump no primeiro estado a escolher os seus favoritos para a
Casa Branca, o Iowa. O caso muda de figura em New Hampshire, que vota uma
semana mais tarde, a 9 de fevereiro de 2016, e também em nível nacional. Em
ambos os casos, o magnata e estrela da televisão mantém vantagens muito mais
confortáveis, mas esse ímpeto da campanha de Carson já levou o antigo favorito
Jeb Bush para terceiro lugar, com um terço das juras de amor feitas a Donald
Trump.
[...]
Carson foi até à Califórnia na semana passada, para discursar no Centro de
Convenções de Anheim. Muitos dos que foram ouvi-lo estão desiludidas com os
políticos de Washington (um trunfo muito usado também por Trump), mas em alguns
casos a ligação parece ser mais profunda. Ao contrário do discurso negativo do
magnata, que pode deixar para trás os eleitores latinos e negros, tão
importantes nas eleições gerais, Carson
é uma dádiva para os conservadores que querem mudar não só os políticos, mas
também a imagem que os Democratas e muitos independentes têm deles. [...]
Como
resumiu Andrew Romano, se o Partido Republicano quisesse combater a ideia de
que está sendo dominado por um grupo de radicais intolerantes, que não
acreditam nas teorias da evolução e são privilegiados e racistas, dificilmente
encontrariam um candidato melhor do que Carson: “Um negro bem-educado, que
estudou nas melhores universidades, homem da ciência e de fé, que saiu da
miséria em que nasceu e tornou-se um Republicano ao longo dessa viagem.” [...]
(Público)