sexta-feira, setembro 11, 2015

Segredo das formas do favo de mel é revelado

Técnica e organização. Acaso?
A forma hexagonal perfeita das células do favo de mel – que se pensava ser uma façanha incrível dos insetos – agora foi explicada pela mecânica simples. Os cientistas sempre estiveram maravilhados com a perfeição angular do favo de mel, mas nenhum foi capaz de descrever claramente como ele se forma. Engenheiros do Reino Unido e da China deram um passo à frente, mostrando que as células na verdade começam como círculos, moldados pela forma do corpo de uma abelha, e então o fluxo segue para o padrão hexagonal alguns segundos depois. “As pessoas sempre especularam como as abelhas formam esses favos de mel”, disse Bhushan Karihaloo, engenheiro da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, e coautor do estudo, citando Galileu Galilei e Johannes Kepler como dois dos luminares mistificados pelo problema. “Houve algumas explicações incríveis, algumas até um pouco bizarras. Algumas pessoas acreditavam que as abelhas tinham uma incrível capacidade de medir ângulos, mas na verdade é muito mais simples.”

Usando um favo de mel cultivado em um centro de pesquisa em Pequim, os pesquisadores foram capazes de afastar cuidadosamente as abelhas e fotografar as colmeias vazias segundos após a formação dos favos, proporcionando a primeira evidência clara de que as células começam naturalmente como círculos. Eles então observaram as abelhas no aquecimento da cera após a formação inicial da célula – um fenômeno identificado em estudos anteriores, mas nunca analisado ​​em detalhes – e descobriram que esse é o passo fundamental na formação do hexágono para o favo de mel.

Ao aquecer as células, a cera se torna fundida e flui como lava. Depois disso, as paredes das células naturalmente entram em queda e assumem a forma de um hexágono, como bolhas adjacentes em um banho. Essa é fisicamente a maneira mais simples e estável para os cilindros se fundirem, explica Karihaloo.

A equipe ainda não sabe exatamente como funciona o aquecimento de cada célula, e explorou a mecânica de dois cenários plausíveis: um em que as abelhas concentram o calor só nos pontos em que as células se tocam (um total de seis pontos por célula), e outro em que as abelhas aquecem a célula inteira de uma vez. “Minha impressão é de que a natureza [!] tenta minimizar o gasto de energia e, a partir desse ponto de vista, eu acho que o primeiro cenário é o mais provável”, disse Karihaloo. “Mas, por outro lado, do ponto de vista das abelhas, elas podem apenas querer esquentar a célula toda.”

A equipe calculou a quantidade de tempo que cada cenário deve tomar, e descobriu que as células circulares devem transformar-se em hexágonos dentro de seis segundos se são aquecidas inteiramente, e dentro de 36 segundos se são apenas parcialmente aquecidas. Em seus trabalhos futuros, os pesquisadores esperam que essas limitações de tempo ajudem a avaliar qual o mecanismo que as abelhas usam.

Juergen Tautz, biólogo especialista em abelhas da Alemanha, que não estava envolvido no estudo, não acredita que as abelhas podem direcionar o calor em pontos específicos em uma célula, mas ainda considera esse estudo valioso. “Esse trabalho é muito importante no meu ponto de vista, porque não só nos dá um profundo conhecimento sobre os mecanismos por meio dos quais as abelhas conseguem construir células muito precisas, mas também a tecnologia que pode existir nisso”, conta Tautz.

A equipe espera que seus resultados possam permitir a criação de um favo de mel artificial tão forte quanto o material natural, o que seria útil no reforço de uma variedade de materiais de construção e estruturais.


Nota: E a simplicidade não é a marca da inteligência? Interessante a frase “a natureza tenta minimizar o gasto de energia”. Para fugir da ideia do design inteligente, alguns pesquisadores sempre apelam para a “entidade onisciente natureza”. É como que a deusa deles. O especialista Tautz admite que as abelhas se valem de “mecanismos por meio dos quais [...] conseguem construir células muito precisas”, e diz também que há uma “tecnologia” nisso tudo. Tanto é assim que a intenção dos pesquisadores é criar favos de mel artificiais imitando os originais que não foram criados! Como assim?! Para imitar é preciso criar, utilizando dinheiro, tempo e muita inteligência. Mas e o original, de onde veio? Como explicar a simplicidade técnica e a matemática das abelhas, que utilizam o mínimo de material para construir estruturas com padrões e organização evidentes? Se é só uma questão de aquecimento, algo simples assim, como as abelhas sempre sabem como fazer uma colmeia perfeita? (Aliás, já nascem sabendo como fazer.) Então tá, descobrimos que os favos de mel inicialmente não são hexagonais, são redondos. Depois de aquecidos é que eles se transformam em hexágonos. Pronto. Está explicado. Não tem nada de mais nisso. Essa pesquisa me fez lembrar da parábola do “Pianista cósmico” (confira aqui). [MB]