sexta-feira, janeiro 02, 2009

A melhoria contínua na vida cristã

O avanço da economia japonesa nos anos 80 deveu-se, principalmente, às novas maneiras de encarar o Sistema de Produção. Os japoneses, com o auxílio de alguns norte-americanos, conceberam as filosofias JIT (Just-in-Time) e TQC (Controle da Qualidade Total). Mas o que são essas filosofias e como aplicá-las à vida cristã? Primeiramente, deve-se verificar o significado do termo filosofia. Erdmann afirma que “o termo filosofia é aqui entendido como um conjunto de ideias bem gerais acerca de um assunto, que podem ser resumidas a alguns princípios”. Verifica-se então que filosofia (nesse sentido) pode ser uma nova maneira de interpretar certo assunto, operacionalizando-a através de ações práticas.

As filosofias JIT e TQC surgiram após a 2ª Guerra Mundial, com o Japão destruído e, por esse motivo, necessitando ser reerguido. Ambas as filosofias, apesar de buscarem incrementos na empresa, têm conceitos diferentes. O JIT estaria mais voltado para a otimização da produção, enquanto o TQC objetiva a identificação, análise e solução de problemas (considerando que qualquer problema é perda de qualidade). Contudo, muitos autores afirmam que o ideal é encará-las conjuntamente, como filosofias diferentes que, quando aplicadas unidas, podem trazer excelentes resultados.

Na operacionalização das várias técnicas que dão suporte a essas filosofias, uma delas se destaca por criar um ambiente de aperfeiçoamento, de busca de melhores resultados. Ela se chama Kaizen, a já conhecida melhoria contínua. A idéia básica é criar um ambiente onde as pessoas não se satisfaçam com os resultados atuais. É evidente que os resultados até então obtidos têm de ser reconhecidos e, inclusive, premiados. Todavia, o Kaizen pressupõe que a competitividade do mercado não permite estagnação, com o risco de rápida superação pelos concorrentes.

E nesse ponto cabe uma reflexão. Por vezes, em nossa vida, buscamos incansavelmente satisfazer a Deus e atingimos um elevado grau espiritual. Contudo, o inimigo (concorrente) tenta nos iludir, fazendo-nos ter a impressão de que o que fizemos, ou estamos fazendo, é o suficiente; sem perceber, nos envolvemos com as “coisas do mundo” e nos afastamos dos princípios que havíamos lutado tanto por alcançar.

Pior que isso, a satisfação com o estado atual das coisas não somente cria estagnação, mas leva à tendência de vagarosa (mas constante) decadência. Isso pode ser comparado à história de várias empresas que chegam ao topo e logo desaparecem.

Na história da igreja, verifica-se a veracidade desse fato (basta conferir os relatos de Ellen White, em O Grande Conflito, a respeito da união do cristianismo com o paganismo, na época do imperador Constantino). Muitos professos cristãos, cansados de tantas perseguições e satisfeitos com a suposta conversão do imperador romano, aceitaram a união do bem com o mal. E os resultados podem ser vistos hoje.

Por inspiração divina, alguns verdadeiros cristãos não se satisfizeram com aquela situação, e dispuseram-se a lutar para manter intocados os sagrados princípios e melhorar continuamente a sua fé em Deus. É isso o que devemos fazer também. Não nos contentar com as nossas vitórias (cristãs) de hoje. Reconhecer a sua importância, sim, contudo, compreender que, neste mundo, temos de refinar continuamente nossa fé em Deus, para estar preparados para as novas batalhas que virão.

A melhoria contínua é considerada, por alguns autores, como a mais marcante diferença entre os conceitos japonês e ocidental de administração. Hoje podemos também adotar esse conceito, e fazer o diferencial entre o professo e o verdadeiro cristão. Com essa atitude, mesmo sabendo que este mundo não será reerguido pelo homem, podemos ao menos fazer o nosso trabalho: “E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim” (Mateus 24:14).

Em Isaías 40:31 está escrito: “Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águias, correrão e não se cansarão, caminharão e não se fatigarão.” Todavia, só estaremos preparados para “subir com asas como águias” se melhorarmos continuamente nossa vida cristã, através da busca incessante da satisfação divina e da comunhão com Cristo.

Que neste início de ano possamos refletir sobre esse conceito e, ao adotá-lo em nossa vida, mostrar ao mundo que a solução que ele busca são, na verdade, os princípios estabelecidos por Deus, desde a criação do Universo.

(Luís Daniel Pittini Strumiello é coordenador do curso de Administração do Instituto Adventista Paranaense - IAP)