quarta-feira, janeiro 14, 2009

“Penas primitivas” surgiram depois das “modernas”?

Deu no G1: “Dinossauros penosos já viraram item fácil no mercado paleontológico, mas o que acaba de ser encontrado por paleontólogos chineses ainda deve ser capaz de deixar os cientistas boquiabertos. Ou melhor, aliviados: ele carrega as penas mais primitivas já encontradas no registro fóssil, formadas por meros filamentos compridos. E isso parece comprovar os vários estágios de evolução das penas previstos pelos cientistas, de estruturas simples às plumas sofisticadas que as aves voadoras de hoje ainda carregam.

“A descoberta está descrita na edição desta semana da revista científica PNAS, num artigo assinado por Xing Xu, da Academia Chinesa de Ciências, e dois colegas. Os pesquisadores encontraram as estruturas num exemplar de Beipiaosaurus, criatura de 125 milhões de anos [sic] pertencente a um dos mais estranhos grupos entre os dinos, o dos terizinossauros. Esses bichos bípedes e grandalhões eram herbívoros cujas patas da frente tinham enormes garras parecidas com foices.

“As penas estão preservadas na cabeça, no pescoço, no tronco e na cauda do animal. Até hoje, os cientistas só tinham encontrado penas formadas por múltiplos filamentos em dinossauros. No entanto, faltava a ‘primeira fase’ do desenvolvimento dessas estruturas - era como se os bichos tivessem ‘pulado etapas’ na formação das penas que legariam a seus descendentes [sic], as aves.

“Estudos com embriões de aves tinham previsto, no entanto, que essa primeira fase seria representada por filamentos únicos. É o que se vê no novo fóssil, cujas penas, com comprimento entre 10 e 15 mm, são relativamente grossas e duras, sendo provavelmente ocas em vida. É claro que elas não serviam para voar: os chineses especulam que sua função original pode ter sido a de demonstrações sociais, mais ou menos como as penas da cauda de um pavão atual.

“Embora seja um primo relativamente próximo das aves, o Beipiaosaurus não é ancestral direto delas, já que a ave mais antiga encontrada até hoje, o Archaeopteryx, é um pouco mais ‘idosa’, com cerca de 140 milhões de anos.”

Nota: Perguntar não ofende: O que garante que essas “penas” não se tratam apenas de algum tipo de pelo? Enganos já ocorreram no passado. Além do mais, o abismo entre essas hastes e as sofisticadas penas das aves ainda permanece tão gigantesco quanto o salto das escamas reptilianas para as penas. Mesmo assim, não deixa de ser interessante ver cientistas “aliviados”. Ué, a teoria da ancestralidade comum não um “fato”?! Mas o mais surpreendente é a admissão de que esse suposto ancestral das aves é mais recente que o Archaeopteryx, que já tinha penas. O ancestral veio depois de seu descendente?! Ah, ta. É fácil resolver o dilema. É só dizer que eles são de “famílias” diferentes. Quanta ficção... Finalmente, fica aqui um aviso: cuidado com esses fósseis vindos da China (clique aqui e saiba por quê).[MB]

Leia também: “Novo fóssil de possível elo réptil-ave” e “Archaeopteryx – ave extinta ou forma intermediária?”