quarta-feira, janeiro 28, 2009

O homem pós-moderno

A sociedade ocidental nos últimos séculos tem mudado radicalmente seu conceito de mundo. Na Idade Média, a religião era o centro de tudo; ela regulava a moral e oferecia parâmetros para o homem de sua época. No decorrer dos séculos, vieram o existencialismo e o iluminismo, período em que o foco foi tirado da Divindade e colocado no próprio ser humano, em seu conhecimento, em sua razão. Mas o homem moderno, frustrado com a ineficácia de suas ideologias radicais e com a ausência de respostas científicas para os seus anseios, adere ao relativismo. Agora não existe mais o centro de tudo. Cada indivíduo tem o seu. O ser humano vê-se então numa crise existencial. Busca referenciais, modelos, paradigmas. Não os encontra, pois “tudo é relativo”. O homem pós-moderno entregou-se a duas vertentes: o prazer e o consumo, e apesar de não ser feliz, continua.

A grande questão é que o homem pós-moderno se vê numa grande encruzilhada. A máxima de que tudo é relativo é ilógica, pois ao universalizar o relativo acaba o transformando num absoluto. Nessa situação de grande desespero, o homem vive uma grande desesperança em relação ao futuro. Prova disso é nossa juventude menos idealista e politizada. Não encontra bandeiras pelas quais lutar. No entanto, no campo da religião, percebe-se um fenômeno interessante. Em pleno século 21, o homem nunca se mostrou tão espiritualizado. É verdade que essa religiosidade contemporânea se mostra muito light e relativa, mas aponta para um anseio humano que jamais pôde ser sufocado.

Isso me faz lembrar o texto de Eclesiastes 3:11. Ali o sábio Salomão, ao olhar para sua experiência de fracasso longe de Deus, resume a busca humana por felicidade como o vazio que Deus plantou em nosso coração. A melhor tradução para o texto seria infinito, e por isso Deus é o único que pode satisfazê-lo. Tudo que é finito, por maior e mais valioso que seja, diante do infinito não faz diferença. Somente Aquele que é infinito pode preencher essa angústia existencial. E o cristianismo, como nenhuma outra religião, pode atender a essa necessidade.

Mas você pode perguntar se qualquer manifestação religiosa resolveria. Não! Somente o cristianismo provê três características essenciais na relação do homem com o sobrenatural: superioridade (Deus está acima de nós, Se mostrando eterno, imortal, onisciente, onipotente e onipresente). Esses atributos divinos nos dão segurança, pois mostram que Ele está acima de nós, nos protege. Mas também Deus é imanente, ou seja, está próximo, pode ser acessível, Se importa; logo, podemos nos relacionar com Ele, temos a questão da intimidade preenchida. Por fim, o cristianismo apresenta a divindade que Se identificou com Seus adoradores, por meio de Jesus. Em Cristo, Deus vestiu a pele humana. Nele há perfeita identificação. Sendo assim, temos a quem imitar, pois Ele Se fez um de nós. Por fim, o cristianismo é aquela religião que se autoproclama exclusiva, absoluta.

Em tempos de pós-modernidade, é esta grande certeza que o homem precisa: de um porto. Num tempo em que o Estado rui com as privatizações e a globalização; a família, com os divórcios e a libertinagem; a escola, com a mercantilização do ensino e a subserviência ao vestibular e ao mercado; a Justiça se rende à corrupção e inoperância; a igreja com a concorrência religiosa. A fé encontrada na Bíblia se mostra a única rocha segura.

(Wendel Thomaz Lima, pastor e jornalista)