[Há
supostos 15 mil anos], uma velha fêmea de mamute lanudo, com idade entre 50 e
60 anos e pesando cerca de três toneladas, estava fugindo de predadores e
acabou caindo no gelo ou se atolando em um pântano. Seu cadáver foi encontrado
recentemente por cientistas russos, em um bloco de gelo na Ilha Lyakhovsky, uma
ilha do grupo mais ao sul do arquipélago Novosibirsk, na Sibéria. As partes mais
baixas do mamute, incluindo o estômago, ficaram encerradas no gelo nos últimos [supostos]
10 mil a 15 mil anos. A parte superior do torso e duas pernas foram preservadas
no solo e mostram sinais de terem sido mordidas por predadores pré-históricos e
modernos. Semyon Grigoriev, chefe do Museu de Mamutes do Instituto de Ecologia
Aplicada da Universidade Federal do Norte e Nordeste (Rússia) está chamando
este de o “mais bem preservado mamute da história da paleontologia”.
Mas
não é só o estado de preservação do mamute que chama a atenção. Durante a
escavação, conforme os pesquisadores retiravam blocos de gelo, eles notaram
manchas de sangue escuro nas cavidades abaixo da barriga do mamute. Quando
quebraram o gelo com uma sonda, o sangue começou a fluir. Só que isso não
deveria acontecer – a carcaça e o sangue estavam presos em um bloco de gelo a
-10°C.
“Podemos presumir que o sangue dos mamutes tenha alguma propriedade anticongelante”, apontou Grigoriev. Essa descoberta é consistente com o trabalho feito por geneticistas canadenses que, em 2010, mostraram que a hemoglobina dos mamutes liberava mais oxigênio a baixas temperaturas que a hemoglobina dos elefantes modernos.
Além
do sangue, os paleontólogos recuperaram tecido muscular, ossos e dentes.
Segundo eles, o tecido muscular recuperado tem a cor vermelha de carne fresca.
O sangue está passando por uma análise bacteriológica nos laboratórios da
universidade, em Yakutsk, e os resultados devem sair em breve.
A
descoberta de sangue líquido cria também a expectativa de que o mamute lanudo
possa vir a ser clonado a partir desse material. A universidade já firmou
parceria com o controverso cientista Hwang Woo-Suk (que já fraudou dados
envolvendo um procedimento para clonar células humanas).
Mas
não são só os cientistas envolvidos em clonagem que estão interessados na fêmea
de mamute lanudo – paleontólogos também esperam aprender mais sobre como viviam
os mamutes da espécie.