Robôs
que entrem pelo corpo humano para executar procedimentos médicos servem de
inspiração para o trabalho de inúmeros roboticistas ao redor do mundo. Por
enquanto, eles só são eficazes no reino da ficção científica. Uma equipe
europeia está tentando transformar esse sonho em realidade por meio de um microrrobô
“vivo”, chamado Ciberplasma. Mas foi outro grupo, da Universidade Politécnica
de Madri, na Espanha, que saiu na frente. Alberto Brunete e seus colegas
construíram robôs de 25 milímetros de comprimento, cada um pesando cerca de 10
gramas. Os
microrrobôs são igualmente inspirados em seres vivos - eles se movimentam como
vermes, comunicam-se uns com os outros e possuem uma arquitetura de controle
baseada em algoritmos genéticos. Há uma grande flexibilidade também na forma,
uma vez que os robôs são construídos a partir de módulos, formando uma cadeia
que pode incorporar os módulos adequados para cada tarefa. O mais importante,
contudo, é a forma como os módulos interagem para trabalhar em conjunto.
“A
arquitetura de controle total é baseada em comportamentos e cada comportamento
dirige uma característica do microrrobô. A camada de comunicação é necessária
para assegurar que tanto os módulos, quanto os diferentes comportamentos
trabalhem em objetivos comuns”, explicou o professor Ernesto Gambao,
coordenador da equipe.
Para
que os módulos básicos se comuniquem uns com os outros, a fim de criar um robô
cuja funcionalidade total seja mais complexa do que a simples soma das
capacidades de cada segmento, foi necessário dotar cada módulo de um sistema de
controle e de uma interface de comunicação, que são comuns a todos. Essa
interface permite a conexão dos diferentes elementos de forma mecânica e elétrica
- a conexão elétrica inclui o sistema de comunicação.
O
resultado final é que o sistema de controle central do microrrobô recebe
informações de cada módulo e envia instruções a cada um deles, formando um
conjunto heterogêneo, mas interligado.
Embora
tenham as aplicações médicas como objetivo de longo prazo, os pesquisadores
afirmam que, no estágio em que estão, seus microrrobôs são adequados para
realizar limpeza ou monitoramento no interior de equipamentos e tubos de
pequenos diâmetros.
No
futuro, quem sabe, poderão também limpar veias e artérias entupidas.
Nota:
Mais uma vez fica claro que apenas para imitar (de longe) a complexidade dos
seres vivos os cientistas têm usado muita inteligência, muita tecnologia, muito
design e muito dinheiro – mas muitos
deles querem que acreditemos que os sistemas biológicos que os inspiram são
fruto do “acaso cego”! Eu faria apenas uma correção no primeiro parágrafo do
texto acima: microrrobôs que realizam “procedimentos médicos” não são coisa de
ficção científica. Eles já existem desde que a vida foi criada neste planeta.
São as nanomáquinas moleculares que habitam as
células e sem as quais a vida seria impossível. Elas realizam atividades fantásticas
e são tremendamente mais eficientes que qualquer coisa que o ser humano já
tenha inventado.[MB]