segunda-feira, junho 03, 2013

Novo filme do Superman resgata paralelos com Jesus Cristo

“Quando você tem dois deuses batalhando, é como se seu mundo fosse feito de papel”, disse Zack Snyder, o diretor de O Homem de Aço. “Deuses não são cuidadosos. Um deles é, pelo menos, mas isso não importa muito no calor da batalha”, comentou em coletiva de imprensa na tarde de sexta em Los Angeles, referindo-se aos antagonistas do filme, Superman (Henry Cavill) e o General Zod (Michael Shannon). O exagero na ação e destruição desses encontros é um contraponto interessante no filme com os temas e simbolismos. “Nosso objetivo foi pegar um quadrinho e levá-lo às telas da melhor maneira possível, sem preocupações com realismo e fatos do mundo real. É uma obra de ficção, mas com preocupações verdadeiras sobre o que ela representa. Superman é uma metáfora sobre encontrar seu lugar no mundo, para essa jornada. Todo mundo é incompreendido quando jovem, quando criança. Esse é um sentimento universal”, segue Snyder.

Segundo o roteirista David Goyer, “todos conseguem se identificar com não ser compreendido e buscar seu lugar no mundo. Mas a grande diferença é que Kal-El tem a responsabilidade de escolher entre mudar o planeta ou não. Ele conta com os ensinamentos de seus pais para escolher, mas ao final é a voz de seu pai biológico, Jor-El, que o guia na decisão definitiva. Kryptonianos não escolhem seus destinos – essa é a diferença fundamental entre os humanos e eles”.

Uma das grandes preocupações sobre o papel do Superman nos dias de hoje, quando há super-heróis muito mais “malandros” nas telas, é como torná-lo “bacana” outra vez. “Superman é legal? É legal fazer o certo. Ele é um trabalhador voluntário em escala global, alguém que não busca glórias pelo que faz. Superman é legal, sim”, garante Snyder.

O simbolismo religioso é outro elemento que O Homem de Aço resgata. “A relação entre Jesus Cristo e Superman não foi inventada por nós. Existe desde a criação do personagem. Mas é uma dessas coisas que desapareceram nas últimas décadas... Eu achei que deveríamos voltar a falar dessa mitologia e da importância desse personagem e sua relevância para o momento”, explica Snyder. “A mitologia da história estabelece um paralelo interessante com a história de Cristo, dando uma camada de interesse extra ao filme. Filosofia, religião, respeito aos quadrinhos, tudo isso nos interessou.”

Goyer também exalta outras referências mitológicas: “O mito de Moisés é outra influência. Superman tem raízes no Novo e também no Velho Testamento. Ele é um personagem messiânico e ao mesmo tempo meio Beowulf, meio Gilgamesh, entre outros heróis clássicos que representam a conciliação entre os deuses e nós.”


Nota: Não é de agora que os “deuses dos quadrinhos” vêm ganhando as telas do cinema e invadindo as locadoras. X-Men, Wolverine, Thor, Lanterna Verde, Batman, Os Vingadores, Homem-Aranha e outros já tiveram sua vez. E é claro que o maior de todos os super-heróis e o pioneiro da DC Comics não poderia ficar fora dessa nova onda. Superman é claramente uma paródia de Jesus Cristo: ele vem de fora da Terra, é adotado por uma família humana, inicia seu “ministério” em favor da humanidade já na vida adulta, morre numa história em quadrinhos que vendeu milhões e, posteriormente, é ressuscitado. Nesse novo filme de Zack Snyder, o personagem se aproxima ainda mais da história sagrada, fazendo-a parecer tão mitológica quanto o filme. Note que para o roteirista de O Homem de Aço, até a história de Moisés é mito. E assim esses filmes vão cumprindo uma “agenda” que parece ser a mesma: substituir a crença nos antigos deuses pela idolatria dos novos “deuses”, mitologizando a ideia de que existe um verdadeiro Filho de Deus que efetivamente morreu pela humanidade e que prometeu voltar para levar consigo aqueles que aceitarem Sua proposta de vida eterna numa nova realidade sem pecado. Quanto mais distração e distorção houver no caminho dos filhos de Deus, melhor para aquele que já foi derrotado pelo Herói e que não quer ninguém do lado vencedor.[MB]