quinta-feira, janeiro 29, 2015

Minha experiência com o vestibular

Mariane decidiu confiar em Deus
“Não passei, e agora?” Depois de ver o resultado não desejado, várias dúvidas vêm à mente, e um sentimento de inferioridade pode tomar conta do coração. Comigo foi assim, mas hoje sei que Deus tem uma mensagem muito confortante a todos os que estão vivendo essa experiência. Para que o amor de Deus por nós fique claro nesse momento de sombras, “pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, fez para comigo” (palavras de Nabucodonosor no capitulo 4, verso 2, do livro de Daniel). No ano em que concluí o ensino médio, tentei entrar no curso de Biomedicina em três faculdades. Parecia que Deus estava me abençoando, pois tinha passado para a segunda fase da Unesp e da UFPR. Mas os resultados seguintes não foram tão animadores... Continuei com esperança de ver meu nome em alguma das listas de chamadas posteriores, mas isso não aconteceu. Então, junto com meus pais, avaliei as possibilidades dali em diante.

Mesmo não havendo muitas alternativas, essa escolha merece muito mais atenção do que qualquer questão de vestibular! Fazer cursinho, tentar outro curso, começar a trabalhar, dedicar um ano para a pregação da mensagem como missionário, viajar... Avalie cuidadosamente cada opção que você tem, ouça o conselho de seus pais, e peça para Deus instrução quanto ao que fazer. “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor” (Provérbios 16:1). “Eu é que sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jeremias 29:11).

Decidi passar três meses na casa de uma família de amigos. Na época, não sabia, mas mesmo sem o contato direto com as matérias, estava me preparando para as provas que viriam. O trabalho da casa e o cuidado da terra descansaram minha mente e proporcionaram mais vigor para estudar as lições espirituais.

Uma dica importante para ter sucesso em qualquer estudo: não fique só estudando! Praticar alguma atividade física ao ar livre, passar tempo admirando e cuidando da natureza, ler um bom livro, ajudar em casa cozinhando, limpando... Todas as atividades que promovem o crescimento aumentam a capacidade de aprender. Gosto da seguinte definição de educação: “É o desenvolvimento harmônico das faculdades físicas, intelectuais e espirituais” (Ellen G. White, Educação, p. 13). O foco exclusivo em apenas uma das áreas pode ser muito maléfico, inclusive estudar somente um assunto. Peça a Deus equilíbrio e use o tempo para melhorar sua amizade com o Criador e cuidar da saúde.

Mas ainda permaneciam algumas incertezas quanto ao curso. Orava pedindo a Deus que confirmasse Sua vontade, mas, ao invés de me mostrar uma profissão, tive a forte impressão que deveria agradecer-Lhe pelo que ainda iria acontecer. 

Quando voltei para minha casa, decidi não fazer cursinho. Gastaria bastante tempo me deslocando até outra cidade, pois na minha não era oferecido esse tipo de preparação, e havia escolhido prestar química, uma área menos concorrida. Ganhei os livros de um vizinho que havia passado no vestibular e comecei a estudar sozinha. Comparando com os programas de cursos preparatórios para vestibular, eu avançava pouquíssimo por dia, mas fui descobrindo como aproveitar ao máximo o tempo de estudo.

Mesmo que não seja possível frequentar uma escola de preparação pré-vestibular, não desanime nem desista de prestar a prova! Se prepare para que Deus possa cumprir em você os planos dEle. As aulas com professores podem ser substituídas por estudo perseverante, em casa mesmo. Não é necessária grande quantidade de recursos para aprender. Muito mais essencial é a presença do Mestre! Ore antes de cada estudo e peça a Deus sabedoria para entender e gravar o conteúdo em sua mente (Tiago 1:2-6).

Pedindo sabedoria, Deus me mostrou alguns tipos de alimentos que prejudicariam o preparo. Durante os últimos seis meses, deixei o açúcar, que afeta diretamente a clareza da mente (“Açúcar não é bom para o estômago. Causa fermentação, e isto obscurece o cérebro e ocasiona mau humor” [Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 327). O uso da carne também está relacionado à capacidade mental: “Constituímo-nos daquilo que comemos, e comer muita carne diminui a atividade intelectual. Os estudantes efetuariam muito mais em seus estudos se nunca provassem carne. Quando a parte animal do instrumento humano é fortalecida pelo uso da carne, as capacidades intelectuais enfraquecem proporcionalmente” (Mente, Caráter e Personalidade, v. 2, p. 390).

Leia sobre os conselhos alimentares deixados por Deus nesses livros, e se programe para cumpri-los. Peça a Deus que abençoe sua experiência. Ao ver as bênçãos, será mais prazeroso e menos difícil negar o apetite.

Outra questão representou uma prova de fé. Conhecia o conselho de Deus quanto aos livros obrigatórios dos vestibulares. No livro A Ciência do Bom Viver, página 447, está escrito: “Nunca deveriam ser colocados nas mãos da infância e da juventude livros que contenham uma perversão da verdade. Não permitamos que nossos filhos, no próprio processo de adquirir educação, recebam ideias que se demonstrarão sementes de pecado.” Minha mãe já havia lido algumas dessas obras literárias e me contou que muitos princípios ali apresentados são totalmente contrários aos ensinos de Cristo. Baseando-me nessa luz, e devido à falta de tempo para cobrir os demais conteúdos, combinei com o Senhor que não teria contato com esses livros.

Pode ser que você já tenha lido alguns durante o ensino médio; talvez, ao entrar na faculdade, se depare com textos que apresentam ideias falsas; ou pense que as leituras fictícias imorais são inocentes e um gostoso passatempo. Em cada caso, não tenha medo de saber o que Deus disse sobre esse assunto (sugiro os capítulos “O falso e o verdadeiro na educação”, e “A importância de buscar o verdadeiro conhecimento”, do livro A Ciência do Bom Viver; e o capítulo “Educação e caráter”, do livro Educação). Ele quer proteger você, por isso peça compreensão para lidar com o problema.
   
Quanto à escolha do curso, não estava totalmente certa. Tinha desejo de prestar para Medicina. Então, mesmo sabendo que a minha chance era mínima, me inscrevi para concorrer a uma vaga na Unesp e na UFRGS.

As provas chegaram. E depois de um tempo, os resultados também... Para Medicina não passei. Para Farmácia, na Unicamp, não fui selecionada nem para a segunda fase. Para minha surpresa, o único resultado positivo foi ter passado para a segunda fase da USP, onde havia prestado Química (lembro-me de que, na primeira fase da Fuvest, deixei as questões de literatura para o final e acabei marcando alternativas aleatórias no gabarito). Mas, ao sair a lista dos aprovados, meu nome não estava lá.

Pela nota do Enem, consegui uma vaga para química na UTFPR, uma universidade em Pato Branco. Mesmo não conhecendo ninguém, decidi ir para lá, sabendo que Deus estava guiando tudo. Mas esse também não era o plano dEle.

Quando vi que estava na oitava posição da lista de espera da USP, voltou a esperança. Mas pedi a Deus que me mostrasse um texto que me ajudasse a tomar a decisão certa, caso passasse, pois sabia que encontraria muitos problemas em uma cidade como São Paulo. Na mesma semana, li o texto: “Achar-Lhe-emos os vestígios dos passos ao lado do leito do enfermo, nas choças da pobreza, nas regurgitantes avenidas das grandes cidades, e em todo lugar em que há corações humanos necessitados de consolação” (A Ciência do Bom Viver, p. 106).

Agradecida, mas com a fé vacilante, pedi ainda outro sinal: que eu fosse chamada na segunda lista na USP. E assim foi! Deus me deu um dos maiores presentes que já recebi: colocou-me no curso de Química da USP e me deu a certeza de que estaria comigo ali.

Neste ano, vou começar o quinto semestre. Quanto mais aprendo, mais certeza tenho de que é nessa área que devo estar. Realizo-me com as oportunidades que me fazem crescer, e vejo que os meus planos não eram melhores. Por morar em São Paulo, sofro os problemas das cidades grandes, e vejo quão graves são as consequências quando o povo se afasta dos planos de Deus. Mas em muitas ocasiões pude contar do carinho e cuidado divinos para um desconhecido na rua, no trem, ou no ônibus. As amizades feitas na faculdade já se mostraram grandes bênçãos. Por várias vezes agradeci por Deus intervir para ajudar a mim e aos meus colegas.

Na USP, já enfrentei algumas situações que provaram minha fé, mas, com a ajuda dEle, elas se tornaram milagres! Também sou grata por Deus manter ali um grupo muitíssimo especial: o GEA. O Grupo de Estudantes Adventistas se reúne uma vez por semana, e cada encontro é como um bálsamo para nós. Agradeço por poder encontrar pessoas queridas que confiam no amor de Deus e me ajudam muito no preparo para entrar na melhor de todas as universidades: o Céu!

Coloque-se nas mãos dEle. Como Pai, Ele sempre tem um propósito excelente para cada um. Se você não entrou na faculdade neste ano, tente ver como isso pode ser uma grande bênção. E, desde já, agradeça,

“Quão grandes são os Seus sinais, e quão poderosas as Suas maravilhas! O Seu reino é um reino sempiterno, e o Seu domínio é de geração em geração” (Daniel 4:3).

(Mariane Schulz é estudante de Química na USP e mantém o blog Química e Salvação)